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Uma Cilada Para Roger Rabbit - 30 anos | Conheça o filme que uniu Disney e Warner nos cinemas

Misto de animação e live-action envelhece, mas não perde o vigor

22.06.2018, às 11H29.
Atualizada em 22.06.2018, ÀS 12H13

Traições, conspirações, assassinatos e desenhos animados. Uma Cilada para Roger Rabbit (Who Framed Roger Rabbit) une a era de ouro da animação ao cinema noir e chega aos 30 anos com o mesmo vigor da época do seu lançamento.

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Fruto de uma longa gestação, um orçamento estourado, do carisma do produtor Steven Spielberg e do esmero do diretor Robert Zemeckis e do animador Richard Williams, a mistura de animação e live-action continua impressionante. Ainda mais quando se leva em conta que a interação entre desenhos e o mundo real foi feita de forma quase artesanal, em uma época onde o chroma key era novidade e os efeitos em computação gráfica ainda engatinhavam.

Além do visual, a longevidade de Uma Cilada para Roger Rabbit também se deve ao roteiro. Apesar do verniz de "filme para a família", o texto primoroso de Jeffrey Price e Peter S. Seaman (baseado em Who Censored Roger Rabbit?, de Gary K. Wolf), foi concebido para o público adulto. O resultado são dois filmes: um visto na infância, cheio de piadas físicas e de personagens fofos (prontos para se tornarem bonecos e produtos), e outro visto na maturidade, com pequenos detalhes sórdidos que mostram a complexidade da narrativa e sua qualidade enquanto "comédia noir".

Para celebrar (e entender) a importância de Uma Cilada para Roger Rabbit, separamos algumas curiosidades sobre o longa:

1 - Spielberg não conseguiu liberar em tempo Popeye, Tom e Jerry, Luluzinha, Gasparzinho e os personagens do estúdio Terrytoons (com exceção do Super Mouse). Porém, o produtor foi fundamental na hora de convencer a Warner Bros. a liberar suas criações para a Disney. Além dos US$ 5 mil pagos por cada personagem, o filme precisava atender algumas exigências, como dar o mesmo tempo em cena para personagens icônicos da Warner e da Disney. É por isso que Pernalonga e Patolino dividem a tela com Mickey e Pato Donald, garantindo que os personagens tivessem o mesmo número de frames.

2 - Muitos dos personagens usados no filme não tinham sido criados até 1947, ano em que o filme é situado. Os personagens da Disney que aparecem são: Mickey (1928), Minnie (1928), Pluto (1930), Pato Donald (1934), Pateta (1932), Bafo de Onça (1925), Horácio (1929), Clarabela (1929), Merry Dwarfs (1929), Huguinho, Zezinho e Luisinho (1937), Clara (1934), as flores e árvores de Flores e Árvores (1932), Lobo Mau e os Três Porquinhos (1933), Peter Porco de A Galinha Esperta (1934), Toby Tortoise, Max Hare e as coelhinhas de A Tartaruga e a Lebre (1935), os órfãos de Em Benefício dos Órfãos (1934), Chapeuzinho Vermelho de O Super Lobo Mau (1934), Jenny Wren de A Flecha do Amor (1935), Elefante Elmer (1936), Branca de Neve, os sete anões e a bruxa de Branca de Neve e os Sete Anões (1937), Wynken, Blynken & Nod (1938), Ferdinando, o Touro (1938), Pinóquio e o Grilo Falante de Pinóquio (1940), as vassouras, os cupidos, o bebê pégaso, a avestruz e a hipopótamo de Fantasia (1940), Sir Giles e o Dragão Relutante (1941), Dumbo, a Sra. Jumbo, Casey Jr. e os corvos de Dumbo (1941), Bambi (1942), Chicken Little (1943), Zé Carioca (1942), o pelicano de The Pelican and the Snipe (1944), Pedro de Música, Maestro! (1946), Br'er Bear, as marmotas e o bebê de piche de Canção do Sul (1946), a arpa cantante de Como é Bom de Divertir (1947), os animais de Johnny Semente-de-Maçã (1948), a ovelha Danny de Tão Perto do Coração, Sr. Toad e seu cavalo Cyril de Dois Sujeitos Fabulosos (1949), Sininho de As Aventuras de Peter Pan (1953), Malévola de A Bela Adormecida (1959) e os pinguins de Mary Poppins (1964).

Os personagens da Warner que fazem aparições no filme são: Pernalonga (1940), Patolino (1937), Gaguinho (1935), Piu-piu (1942), Frajola (1945), Eufrazino (1945), Frangolino (1946), Marvin, o Marciano (1948), Papa-Léguas (1949), Coiote (1949), o buldogue Marco Antônio (1952), Sam Sheepdog (1953) e Ligeirinho (1955). Da Paramount aparecem Koko, o palhaço (1919) e Betty Boop (1930). Walter Lantz emprestou Pica-Pau (1940) e a MGM liberou Droopy (1943).

Roger Rabbit

3 - No cinema, quando Eddie Valiant (Bob Hoskins) revela a Roger o seu passado, o curta em exibição é Ginástica Patética, que seria lançado apenas em 1949 (dois anos depois do que se passa a história). A produção afirma ter escolhido o curta, apesar da imprecisão histórica, por se tratar da "coisa mais louca" encontrada no acervo da Disney.

4 - Durantes as filmagens, o dublador Charles Fleischer dizia as falas de Roger Rabbit fora das câmeras, mas completamente dentro do personagem. O figurino incluía orelhas de coelho, luvas amarelas e macacão laranja. Para ajudar os atores, modelos de borracha em tamanho real eram usados para que os atores humanos tivesse noção do tamanho e das formas do seu colega de cena imaginário. Durantes os intervalos na filmagem, alguns funcionários do estúdio faziam comentários sobre os pobres efeitos especiais do "filme do coelho".

5 - Durante as filmagens, um dos maiores desafios foi a interação dos personagens animados com os objetos e atores reais. O efeito final foi resultado de duas técnicas: alguns objetos, como o charuto do bebê Herman e os pratos que Roger quebra na própria cabeça, eram movimentados no set por meio de máquinas de movimento presas a um operador. Na pós-produção, o personagem era simplesmente desenhado sobre a máquina. A cena do clube Ink & Paint seguia na mesma linha, os copos movimentados pelo bartender polvo são controlados como marionetes e as bandejas dos pinguins garçons eram grudadas em bastões. Tanto os bastões como os fios foram removidos e os desenhos foram adicionados. Já na sequência que se passa em Toontown, o chroma key foi a técnica escolhida, com Bob Hoskins interagindo com o mundo que seria criado na pós-produção.

6 - A pós-produção levou 14 meses para ser concluída. Com 326 animadores contratados e 82.080 frames de animação desenhados, o filme tinha uma das maiores sequências de crédito da década de 80.

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7Uma Cilada Para Roger Rabbit foi uma das produções mais caras da década de 1980. Com um orçamento inicialmente previsto para US$ 29,9 milhões (um recorde para um filme de animação), o filme chegou a custar US$ 70 milhões e só não foi cancelado por conta dos esforços (e da simpatia) de Steven Spielberg. O investimento foi recompensado, conseguindo a segunda maior bilheteria de 1988 (atrás apenas de Rain Man) e arrecadando um total de US$ 329,8 milhões.

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8 - Quando Eddie leva Roger para a sala secreta do bar para cortar as algemas, o coelho bate na lâmpada e o lustre começa a balançar. Os animadores então precisaram dedicar muito trabalho extra para que as sombras do cômodo real fossem compatíveis com as sombras da animação. Hoje, "Bump the Lamp" (algo como Esbarrar na Lâmpada) é uma expressão usada por muitos animadores da Disney para descrever o esforço dedicado aos detalhes da animação, em coisas que a maior parte do público nem chega a notar.

9 - Jessica Rabbit reúne quatro femme fatales em uma. O escritor Gary K. Wolf baseou Jessica em Red, criada por Tex Avery, já o animador Richard Williams buscou inspiração na Rita Hayworth e Veronika Lake. Por sugestão do diretor Robert Zemeckis, Lauren Bacall também serviu de inspiração para o visual da personagem.

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10 - Com o lançamento do filme em DVD, duas sequências do filme se tornaram controversas, graças a possibilidade de visualização do filme frame a frame. A primeira mostraria a breve nudez de Jessica Rabbit (na cena do acidente com o Benny, o táxi) e a segunda envolveria o bebê Herman e seu olhar lascivo quando ele esbarra na saia de uma mulher no set de filmagem.

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11 - Sete anos se passaram até que Uma Cilada para Roger Rabbit saísse do papel. O mesmo processo lento acompanhou a sequência, planejada desde o sucesso do original nas bilheterias. Depois de muitas versões de scripts e testes de efeitos especiais rejeitados, a última notícia sobre o filme é de 2012 e com a morte de Hoskins o projeto parece ter sido deixado de lado - leia mais. Contudo, se depender da persistência de Zemeckis, a continuação tem chances de sair do papel. Em 1982, o diretor foi rejeitado pela Disney pois seus filmes anteriores, I Wanna Hold Your Hand e Carros Usados, foram fracassos de bilheteria. Em 1985, ele foi finalmente contratado para a direção de Roger Rabbit, apoiado pelo sucesso de Tudo Por Uma Esmeralda e De Volta Para O Futuro.

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