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Crítica

Vida Bandida | Crítica

A trama engenhosa tira o tema da mesmice

07.12.2001, às 01H00.
Atualizada em 09.11.2016, ÀS 23H07

Desde o lendário Ronald Biggs até o jovem Artemis Fowl, o mundo do crime costuma ser visto pelo showbiz com certo glamour, quase apologia, seja o criminoso real ou inventado. Biggs, o ladrão inglês que ajudou a assaltar o trem pagador Glasglow-Londres em 1963, fugiu para o Brasil e virou celebridade no Rio de Janeiro. Fowl, personagem de literatura infantil, anunciado como o "gênio-mirim do crime", foi criado recentemente para rivalizar com o ícone Harry Potter. Também no cinema, a ótica favorável aos foras-da-lei já marcou inúmeras produções. Vida Bandida (Bandits, 2001) repete o tema, mas se diferencia por detalhes bem específicos.

Assim que deixam a prisão, Joe (Bruce Willis) e Terry (Billy Bob Thornton) resolvem inovar na profissão de ladrões de banco. A técnica se resume no sequestro do gerente da agência. Na noite anterior ao crime, a dupla invade e toma a casa do sujeito. De manhãzinha, antes do expediente bancário, na companhia do refém, limpam os cofres. Com o tempo, o galã Joe e o hipocondríaco Terry ganham fama nos programas de televisão do tipo "Os Mais Procurados da América". A tática eficiente, sem violência, tiros ou imprevistos, transforma os ladrões em celebridades, com direito a legião de fãs. Nada pode alterar a rotina bem-sucedida da dupla. Até que aparece uma mulher. Kate Wheeler (Cate Blanchett), desesperada, ignorada pelo marido, acaba de fugir de casa. Por acidente, atropela Terry - e vira refém involuntária dos bandidos.

Vida Bandida

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Hóspedes assaltantes

Mas por que o filme é tão diferente assim? Primeiramente, ele se destaca pela sua equipe de produção. O comandante, Barry Levinson, vencedor do Oscar de diretor por Rain Man (1988) e do Urso de Prata em Berlim por Mera Coincidência (Wag The Dog, 1998), se destaca pelo tratamento dedicado à caracterização dos personagens e às relações entre eles. Da sua parte, consegue extrair momentos deliciosos de situações completamente costumeiras. Quanto ao elenco, Willis faz a mesma cara de John McClane, de David Dunn, do boxeador Butch... Mas não compromete, principalmente porque o hilário Thornton e a competente Cate Blanchett sustentam o humor e, literalmente, roubam a cena.

Para completar, a trama engenhosa tira o tema da mesmice. À maneira de Mera Coincidência, a crítica dos meios de comunicação é feita com inteligência. Alguns gerentes chegam a facilitar os roubos, dada a reverência diante dos "Hóspedes Assaltantes", apelido popularizado pela televisão. Paralelamente, a intromissão de Kate nos assuntos de Joe e Terry causa uma reviravolta nos planos dos larápios. Não demora muito até que ambos se apaixonem pela moça abandonada. Crime e amor se misturam, aliás, como no caso verídico de Clyde Barrow (1909-1934) e Bonnie Parker (1911-1934), o casal de assaltantes do anos 30 que também ganhou folclore e reverência nas telas.

Nota do Crítico
Ótimo
Vida Bandida
Bandits
Vida Bandida
Bandits

Ano: 2001

País: EUA

Classificação: 14 anos

Duração: 124 min

Direção: Barry Levinson

Elenco: Bruce Willis, Billy Bob Thornton, Cate Blanchett, Troy Garity, William Converse-Roberts, Brían F. O'Byrne, Stacey Travis, Azura Skye, Peggy Miley, January Jones

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