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Oliver Stone dirige filme semibiográfico sobre George W. Bush

23.04.2009, às 16H00.
Atualizada em 10.11.2016, ÀS 12H05

George W. Bush foi ao mesmo tempo o terror do mundo e o prato principal dos programas humorísticos. E sem fazer muito esforço, apenas sendo quem ele é. Texano de raiz e cinto com fivelão, cabeça-dura, gente do povo, língua maior do que o cérebro, ingênuo, direitista, religioso... a lista de palavras que poderíamos usar para descrever esse filho de um ex-presidente dos Estados Unidos, que também chegou à Casa Branca é enorme tamanho foi o impacto que ele causou durante os oito anos em que presidiu o país.

W. (2008), de Oliver Stone, é ao mesmo tempo um resumo biográfico, uma análise politica e um "melhores momentos" do que ele aprontou e falou. O filme é feito de idas e vindas no tempo, da reunião em que foi batizado de "eixo do mal" a trinca de países Irã, Iraque e Coreia do Norte à outra, em que George W. percebe que a invasão ao Iraque foi precipitada e tudo o que ele acreditava se esvai.

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Com closes nos rostos dos atores e muita câmera na mão, Stone dá um ar de documentário, incluindo na trama conversas fictícias do presidente com seus assessores, seu colega Tony Blair (Ioan Gruffudd) ou ao telefone com o premiê francês Jacques Chirac. O álcool tem papel importantíssimo na história. Aparece primeiro no trote da fraternidade que frequentou na época em que estudou em Yale, se mantém presente até a comemoração do dia em que foi aceito em Harvard. Depois de um dia em que não conseguiu correr as 3 milhas a que estava acostumado, ele viu que era hora de parar. Foi quase uma epifania. Tornou-se, então, um cristão fervoroso, algo que o acompanhou durante sua carreira política como governador do Texas e presidente dos Estados Unidos.

Outro ponto tratado como fundamental na vida do protagonista é a sua relação com o pai, George Bush. No primeiro ato, ele procura se afastar o máximo possível da sombra do pai, chegando até a negar que seguiria seu legado político, mas sempre recorrendo a ele quando se metia em encrencas. O segundo ato é marcado por uma leve trégua entre os dois. É o período que vai da candidatura do Bush pai à presidência até a derrota na campanha da reeleição para Clinton, que na cabeça de W. só aconteceu porque seu pai era fraco demais e não quis invadir o Iraque e destronar Sadam Hussein. Na parte final, já no comando da Casa Branca, W. continua sendo aterrorizado pelo fantasma de seu pai. Em uma das cenas mais emblemáticas do filme, os dois degladiam na sala oval, que termina com Bush pai dizendo que seu filho destruiu dois séculos de trabalho da família Bush.

Discursos e frases que ficaram famosas na administração George W. Bush são reencenados misturando imagens de arquivo com refilmagens usando os atores, o que só aumenta o espantoso trabalho do departamento de maquiagem, casting e do próprio elenco. O destaque, por razões mais do que óbvias, fica com Josh Brolin, que consegue mimetizar à perfeição os trejeitos de W., que vai mudando a cada fase de sua vida. Em diversos momentos, fica difícil distingui-los. Vale destacar também o trabalho da linda Thandie Newton, que se transforma na baranga Condoleezza Rice, e os ótimos trabalhos de edição e trilha-sonora, que dão passo e tom ao filme.

Quem acompanha o noticiário internacional deve se esbaldar com tantas referências aos oito anos que antecederam a administração Obama. O roteiro conseguiu ser o mais respeitoso possível ao ex-presidente, não mostrando as macaquices, como a dança africana, e o seu último ato, a "sapatada". Estão presentes alguns escorregões, que só servem para mostrar um lado humano do texano que só queria um time de beisebol para brincar e acabou em um dos cargos mais importantes do mundo e rodeado por pessoas tão ou mais despreparadas que ele - ou "apenas" muito mal intencionadas.

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