Batman Vs Superman: A Origem de Justiça é o melhor filme de todos os tempos do mundo e do universo. E se você discorda você é um bobo com cara de melão.
E sua mãe é gorda, também.
Zack Snyder abre a película com algo que todos desejávamos desde Homem de Aço: mais tempo em tela da batalha entre Superman e Zod. Através dos olhos de Bruce Wayne (um líder tão respeitado a ponto de ter funcionários incapazes de deixar o prédio em ruínas antes que o patrão lhes dê permissão), compreendemos que a destruição causada pelos kryptonianos foi a chama necessária para que o medo no coração do Homem-Morcego forjasse uma missão: assassinar o Superman com uma lança de kriptonita.
Ben Afleck (Demolidor, 2003) surpreende os críticos e interpreta um Batman sexy e mais interessante que os antecessores, deixando de lado as artes marciais (desnecessárias ao personagem, convenhamos) para se tornar um homem-tanque à prova de balas. Os diálogos com seu mecânico pessoal Alfred, (Jeremy Irons, de Dungeons & Dragons: A Aventura Começa Agora, 2000) exploram o passado conturbado de um justiceiro atormentado por pesadelos (um, em particular, homenageando a série Metal Gear Solid) e determinado a eliminar um a um os criminosos de Gotham City com suas armas de fogo.
Mas é Jesse Eisenberg (a arara azul de Rio, 2011) que rouba o filme com seu Lex Luthor original e repleto de maneirismos, deixando para o cinéfilo a tarefa divertida de concluir como alguém tão desequilibrado seria capaz de gerir uma empresa do escopo da LexCorp. O vilão, inclusive, é a amarra que reúne os heróis pela primeira vez, em uma cena inteligente onde Batman investiga a cozinha de Luthor em busca da matéria prima para sua lança (ver primeiro parágrafo). É aqui que conhecemos finalmente a Mulher-Maravilha (Gal Gadot, de Velozes e Furiosos 4, 5, 6 e 7), uma amazona imortal que passou tanto tempo entre os humanos que emagreceu.
E por falar nas personagens femininas, vale ressaltar a bela homenagem que Amy Adams (de Horror na Praia Psicodélica, 2000) faz as scream queens clássicas do cinema, com uma Louis Lane que se resume a uma donzela em perigo durante todo filme. A repórter, inclusive, é crucial para a resolução do esperado confronto entre os heróis do título - embate este que poderia ser evitado com uma única frase dita por Superman, mas evitada graças às mãos hábeis dos roteiristas.
O terceiro ato de A Origem da Justiça é uma ode aos fãs de quadrinhos cansados da ditadura da fidelidade ao material original - a reinvenção inteligente do vilão Apocalipse (um modelo 3D emprestado da saga Senhor dos Anéis) é a manifestação perfeita da genialidade de Lex Luthor, um empresário com um plano tão perfeito que somente sua mente é capaz de compreendê-lo. Ainda que satisfatória, a conclusão da história deixa o expectador com aquele gostinho de quero mais (em breve saciado pelo Blu-ray com mais 40 minutos de cenas deletadas, imprescindíveis para a compreensão total do plot).
Evidentemente que BvS: A Origem da Justiça não é um filme para todos. Seus aparentes Deus Ex Machinas e resoluções pífias de roteiro são, em realidade, como um bom vinho misturado com água: é preciso dedicação para se identificar suas sutilezas. E se você discorda... bem; você é Hitler.
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*Affonso Solano é cocriador do Matando Robôs Gigantes, escritor do livro O Espadachim de Carvão e tem um canal no YouTube chamado Hora Super.