“10 Asas de morcego, 2 cascas de ferida, 5 aparas de unha de gato preto, veneno de cobra, sangue de dragão à vontade, 3 baratas e 2 minhocas, 1 chifre de bode…Coloque todos os ingredientes no caldeirão fervendo e sirva à meia-noite de uma noite de lua cheia”.
Com o domínio de receitas malditas como esta, as bruxas são retratadas no imaginário popular como figuras de índole ruim, experientes em magia negra e capazes de sequestrar criancinhas para seus rituais secretos. Sua existência é sempre relacionada à Idade Média, o período onde o medo do desconhecido, do não explicado, levava à crença de uma influência maligna no comportamento estranho de determinadas pessoas, como, por exemplo, questionar o clero. Durante a Inquisição, principalmente no século XVII, muitas mulheres – e homens - foram acusadas de bruxaria, linchadas e queimadas em público, restando à imaginação retratá-las como seriam vistas nos séculos seguintes nas histórias infantis: feias, narigudas, usando um longo chapéu, roupas pretas, tendo na vassoura seu acessório de locomoção pelas noites.
Na literatura e no cinema, a sua conotação negativa foi intensificada. Histórias como João e Maria, O Mágico de Oz, A Bela Adormecida desenvolveram nas crianças a crença em sua existência como ensinamentos para evitar que andem sozinhas, confiem em estranhos e aceitem balas e doces. Hoje em dia, ainda que o cinema continue trabalhando o velho tema, a liberdade religiosa permitiu os verdadeiros conceitos – vide wicca -, mostrando que elas não são adeptas da magia negra, mas favoráveis às energias da Natureza e todo seu misticismo.
“Quem é Bruxa?” -, um bordões da famosa “Bruxa do 71“, do seriado Chaves, considerada umas das primeiras góticas da televisão -, retrata bem a confusão gerada pela conotação negativa da personagem. Ainda que Harry Potter e seu Lorde Voldemort e As Brumas de Avalon, de Marion Zimmer Bradley, tentem abafar a trilogia sobre as bruxas “Mayfair”, de Anne Rice, e alguns filmes mais suaves sejam produzidos – Convenção das Bruxas, Jovens Bruxas, Abracadabra, As Bruxas de Salem, As Bruxas de Eastwick, O Pacto, O Domínio do Mal, Elvira – A Rainha das Trevas – elas sempre são vistas como pessoas maléficas e extremamente assustadoras. Ter medo de fantasma, zumbis, lobisomens ou monstros em geral necessita na crença no bizarro associado ao sobrenatural, mas de bruxas é muito pior pois elas existem, são pessoas comuns que praticam magia, ainda que você não acredite na sua eficácia.
O cinema de horror faz muito uso do tema. Desde o cinema colorido da Hammer, Bruxa – A Face do Demônio, O Caçador de Bruxas, até os filmes atuais, Lenda Maldita, Caça às Bruxas, Morte Negra e O Último Caçador de Bruxas, as bruxas sempre marcaram presença em produções interessantes, com seus feitiços perturbadores e sua aparência repugnante. Confira abaixo uma lista com as bruxas mais apavorantes do cinema e comemore seu Halloween ao lado de uma delas!
E para você? Que bruxa merecia estar aqui?
* Marcelo Milici é professor, com especialização em Horror Gótico, idealizador do Boca do Inferno, fã de rock´n roll e paçoca.