Nobuhiro Watsuki vem ao Brasil e não consigo conter minha felicidade. O criador de Rurouni Kenshin estará na Fest Comix, em julho. É raro mangakás virem ao país, ainda mais criadores de títulos tão populares por aqui. Achei uma ótima notícia e me deu mais um motivo para falar da série.
Rurouni Kenshin, conhecido no Ocidente como Samurai X, foi uma das franquias de mangá/anime mais populares dos anos 90, com mais de 70 milhões de volumes distribuídos. E é uma das minhas preferidas também.
Para quem não conhece, a série de Watsuki conta a história de Himura Kenshin, um lendário assassino que decidiu se redimir do seu passado. Para isso, usa uma espada de lâmina invertida, a Sakabatou. Ela só tem corte na parte interna da lâmina, ou seja, Kenshin não luta mais para matar ou ferir. Seu compromisso é ajudar os necessitados. Ele conhece a professora de kendô Kamiya Kaoru e personagens memoráveis como Sanosuke, Yahiko, Misao e muitos outros.
A cada encontro com inimigos, o espadachim reafirma seu objetivo de não matar novamente - mesmo sendo claramente capaz disso na maioria das vezes. Rurouni Kenshin é uma história cheia de redenção e auto-controle. Tem muito a ensinar a alguns mangás shounen cujos protagonistas só querem mais e mais poder, sem nenhuma consequência aparente. Por mais que haja cenas de comédia, romance e momentos mais leves, em momento algum Kenshin deixa de carregar seus fantasmas.
Tanto anime quanto mangá são bons para quem se interessa pela história japonesa. Licença artística à parte, é um jeito legal de entender como foi a transição para a Era Meiji (também conhecida como "momento em que o Japão aparece pela primeira vez nas aulas de história no colégio"). Principalmente o fim dos samurai, que bem nessa época foram proibidos de portar espadas em público.
O problema é que Rurouni Kenshin se estende por várias mídias e o novo fã pode ficar confuso. São 95 episódios de anime, 28 volumes de mangá, dois OVAs e por aí vai. Ainda tem os filmes live-action recentes. O mais recente, Rurouni Kenshin: The Legend Ends, saiu no Japão no fim do ano passado. Para ninguém se perder, sugiro aqui uma ordem para ler/ver as principais histórias do Battousai.
Trilha sonora para ler o resto do post:
Anime até o episódio 62 e/ou mangá até o volume 17/capítulo 148
Neste ponto da história, você pode começar pelo anime, pelo mangá, ou lê-los ao mesmo tempo, já que a história contada é basicamente a mesma. Ambos têm um arco inicial em Tóquio, apresentando Kenshin e os outros protagonistas.
A segunda parte, em Kyoto, é o clímax da série animada e um dos pontos altos do mangá. Enquanto os primeiros episódios foram leves, cheios de momentos de comédia, na antiga capital o enredo se aprofunda e fica mais sombrio.
Filme Rurouni Kenshin - Ishin Shishi he no Chikonka (opcional)
Esse filme ganhou vários nomes, como Ishin Shishi no Requiem, Requiem for the Ishin Patriots ou simplesmente Samurai X: The Motion Picture (não encontrei informações sobre um título em português, me avisem se souberem!).
Indico como opcional porque não faz parte do cânone - assim como a maior parte dos filmes de anime. No longa, Kenshin precisa impedir um samurai que quer derrubar o governo Meiji. Como há referências a personagens do arco de Kyoto, o ideal é ver depois do episódio 62.
OVA 1 - Rurouni Kenshin: Tsuioku-hen
Acho que esse é o ponto alto da lista. É a história de origem de Kenshin, mostrando seu passado como Hitokiri Battousai e como a cicatriz em forma de X no seu rosto foi adquirida. Foi chamada de Rurouni Kenshin: Truth & Betrayal no Ocidente. O nome original pode ser traduzido como 'recordação' ou 'reminiscência'; gosto mais.
Por mais que seja um prelúdio, não acho que deva ser visto antes do resto por dois motivos. Primeiro, porque a história fica muito mais interessante de acompanhar os quatro episódios quando já conhecemos Kenshin e entendemos como estes acontecimentos o mudaram. Segundo, porque acho que, caso visto antes, o OVA estabeleceria uma expectativa diferente em relação ao anime. O espectador poderia esperar algo mais dramático e se decepcionar com o que a série animada oferece.
Anime a partir do episódio 63 (opcional)
Digo que essa terceira parte do anime é opcional porque não faz parte do cânone. Sim, são 33 episódios de puro filler. Isso não quer dizer que não tenha bons momentos, mas com certeza não brilha como os dois primeiros arcos. O arco com a perseguição ao cristianismo no Japão é interessante, mas a partir daí a série degringola. A resposta dos fãs foi a queda na audiência e o cancelamento do anime.
Mangá a partir do volume 18/capítulo 149
Os primeiros episódios se passam logo após o arco de Kyoto. Quem já viu o OVA vai perceber a história de Kenshin e Tomoe contada novamente nesta parte, mas acho que vale a pena ter a experiência da versão animada primeiro. A partir daí, o mangá toma um rumo completamente diferente do anime com o arco Jinchuu e o antagonista Enishi. Leia até o fim e xingue o Studio Deen por não ter feito uma adaptação animada decente desse trecho do mangá.
A Sakabatou de Yahiko
Esse especial de Rurouni Kenshin será relançado no Brasil pela JBC - o anúncio foi feito junto com o da vinda de Watsuki para o Brasil. É um epílogo em que cabe a um Yahiko já crescido a missão de salvar o dia.
OVA 2 - Rurouni Kenshin: Seisou-hen (opcional)
Se você assistiu aos últimos episódios do anime, pode assistir também a esse OVA. Ele condensa o arco Jinchuu mostrando um flashback da batalha de Kenshin com Enishi. Além disso, mostra como é o futuro dos personagens, inclusive o do filho de Kenshin (não vou contar mais para evitar spoilers).
Filmes live-action - Rurouni Kenshin, Rurouni Kenshin: Kyouto Taika-hen e Rurouni Kenshin: Densetsu no Saigo-hen
Depois de saber como é a história completa, nada melhor do que vê-la com atores de carne e osso, certo? Não necessariamente, depende muito do fã que vai assistir. Os filmes podem ser considerados opcionais, já que repetem boa parte do mangá, mas acho que valem a pena por serem a a versão mais recente de Samurai X na mídia. Como Rurouni Kenshin é uma história de época, gostei muito de ver a ambientação e o figurino. Também curto o Takeru Satoh no papel.
---
Tem fãs de Rurouni Kenshin aqui? Orô? Que mudanças vocês fariam na ordem que sugeri? E, se alguém seguir essa ordem pra ver tudo (vai demorar um pouco, claro), venha me contar como foi depois. Até a próxima!
*Míriam Castro é repórter do Estado de S. Paulo e, nas horas vagas, vê anime e fala besteira no Twitter, no mikan³ e agora também no YouTube.
Comentários (0)
Os comentários são moderados e caso viole nossos Termos e Condições de uso, o comentário será excluído. A persistência na violação acarretará em um banimento da sua conta.
Faça login no Omelete e participe dos comentários