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Cultura Pop no Brasil | 2016 é o ano de Marcos Veras na telona, seja pelo riso ou pela dor

E mais: pacotão Hassum, apostas de Gramado e Vende-se uma Moto

16.06.2016, às 18H27.
Atualizada em 16.06.2016, ÀS 18H43

Prepare o riso – e também umas gotinhas de lágrimas – porque 2016 será o ano de Marcos Veras nos cinemas. Recém-saído de um projeto encarado pelo mercado como garantia de salas lotadas – Festa da Firma, o novo trabalho de André Pellenz (Minha Mãe É Uma Peça) –, o ator carioca de 36 anos tem um pacote de longas para entrar em circuito até o fim deste ano – sobrando alguns, de peso, para o ano que vem. O primeiro, que entra em cartaz no dia 30 de junho, é o esperadíssimo Porta dos Fundos: Contrato Vitalício, de Ian SBF. 

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Para o segundo semestre, ele entra em uma bifurcação, com o humor de um lado e a dor do outro. Na trilha do riso está O Shaolim do Sertão, novo projeto de Halder Gomes, o realizador do fenômeno popular cearense Cine Holliúdy (2013), no qual Veras é o rival do mestre das artes sociais (ou quase isso) interpretado por Edmilson Filho. Também gravitam pela seara da gargalhada Um Namorado para Minha Mulherde Julia Rezende, e no caminho do humor aparece O Filho Eterno, drama baseado no romance homônimo de Cristóvão Tezza, sobre um pai às voltas com um filho com síndrome de Down, filmado por Paulo Machline, cineasta que disputou o Oscar de melhor curta-metragem em 2001 com Uma História de Futebol. 

De quebra, ele participa ainda de Desculpe o Transtornode Tomás Portella, e do musical Os Saltimbancos Trapalhões. É uma verdadeira Maratona Veras.

É uma sorte fazer um filme atrás do outro. A previsão é de sete filmes este ano. São personagens diferentes com diretores diferentes. Essa versatilidade de me mostrar em vários lugares me instiga bastante. O bacana da profissão é fazer coisas diferentes e poder ser o que você não é. E o cinema está vivendo um momento muito bacana, apesar da crise financeira do país: temos comédias de tudo o que é tipo, temos dramas variados, documentários, tivemos um filme em Cannes este ano. É uma variedade. É uma arte muito especial, que preserva um lado artesanal, de fazer sem pressa. Estou surfando nessa onda”, diz o ator, que em Festa da Firma encarna um funcionário de RH com a tarefa de organizar uma comemoração de fim de ano entre os funcionários de uma empresa, e o evento, ao contrário do esperado, suscita mil trapalhadas. “Esta é uma comédia corporativa na qual as pessoas que trabalham em empresas vão se identificar, porque todos os departamentos estão lá e  elas vão poder ser ver. Tem departamento jurídico, de marketing, de transporte, tem estagiária. E quem nunca foi ou tem uma história sobre uma festa assim...”.

Em cartaz nos palcos paulistanos com a peça Acorda Pra Cuspir (monólogo de Eric Bogosian encenado no Teatro Porto Seguro), Veras é considerado um dos maiores talentos da safra de humoristas revelados nas últimas duas décadas. É hora de o cinema – onde já esteve antes em produções como Entre Abelhas Copa de Elite – conferir em larga escala seu poder de improviso testado - não apenas em esquetes mas em programas de auditório como Encontro com Fátima Bernardes - e testar sua capacidade singular de emprestar tridimensionalidade a seus personagens, como se viu em sua participação na novela Babilônia, em 2015.

A TV tem um papel fundamental na carreira de qualquer ator e, na minha, eu tive a sorte de fazer coisas muitas diferentes, o que me deu muita habilidade de improviso. Comecei no Zorra Total e fui para o Encontro, onde fazia um papel de repórter: fiz de tudo, desde apresentar até fazer reportagem de rua. Ali, por ser um programa diário, tive uma oportunidade única de ser mais conhecido pelas pessoas. Mas estou também em um veículo que é mais jovem: a internet. Fiquei dois anos fixo no Porta dos Fundos, que abriu espaço para vários outros grupos. E foi bacana ver aquele lugar, a web, se tornar um canal importante, que não acabou com a TV, nem com o cinema, tampouco o teatro. Tudo se complementa, tanto que a internet se apropriou da forma de fazer da TV e a TV se apropriou muito da linguagem da internet”, diz Veras, que periga ser um fortíssimo candidato aos prêmios de atuação do cinema com O Filho Eterno.

Ali, sob a direção de Machline (de Trinta), ele contracena com Débora Falabella, numa trama ambientada na Curitiba dos anos 1980, na qual encarna Roberto, um escritor às voltas com o nascimento de um filho. Aprender a lidar com o Down, em sua relação com o menino (vivido por Pedro Vinícius), será um desafio para ele, em meio à sua incursão na literatura e às dificuldades de administrar a vida em família.

Esse filme foi uma experiência única e avassaladora na minha vida”, diz o ator. “Esse pai ama esse filho de uma maneira torta, mas ama”.

Apesar do flerte com o drama, Veras ainda é um sinônimo de boas risadas. “Minha geração, que inclui Marcelo Adnet, Fábio Porchat, e toda a turma do Porta dos Fundos, reforçou uma cultura do stand-up que grandes atores americanos já faziam, como Seinfeld, Chris Rock. Nós, aqui, bebemos nas mesmas fontes: de Chico Anysio a Woody Allen, de Chaplin a Monty Phyton. Daqui a pouco aparece uma nova geração e eu já sou velha guarda, porque o humor é tão rico que se renova rápido”.

Hassum em dose quádrupla

Se o assunto é comédia, não há como deixar o nome de Leandro Hassum de fora, uma vez que ele é o campeão de público nº1 do gênero nesta década. Presente como coadjuvante no elenco da comédia rural Malasartes, que deve ser lançada no segundo semestre, ele tem mais três projetos para rodar este ano. Em agosto, Hassum estrela Amor Dá Trabalho, primeiro longa de ficção do animador paulista Ale McHaddo (de A Lasanha Assassina). O ator tem ainda a tarefa de viver o apresentador e compositor Carlos Imperial na cinebiografia do cantor Wilson Simonal. Fora isso, ele será Teodoro na nova versão de Dona Flor e Seus Dois Maridos, ao lado de Juliana Paes Marcelo Faria. No ano que vem, ele protagoniza a continuação de O Candidato Honesto(2014), que pega carona na atual balbúrdia nacional, falando de impeachment.

Apostas de Gramado

Dois títulos já são dados como certo na seleção do 44º Festival de Gramado, a ser realizado de 26 de agosto a 3 de setembro na Serra Gaúcha: Aquarius, de Kleber Mendonça Filho (que foi aclamado em Cannes), e Elisde Hugo Prata, com a beldade Andreia Horta como a Pimentinha. 

A grife Cavídeo

De 21 a 27 de julho, o Cine Joia, templo de resistência de cinéfila em Copacabana, no Rio de Janeiro, vai promover a mostra Semana Cavídeo, dedicada a uma das mais prolíficas produtoras do país, fundada pelo judoca e cineasta Cavi Borges. Serão exibidos longas como Casa 9, de Luiz Carlos Lacerda,Paraíso, Aqui Vou Eude Walter Daguerre, e Dois Casamentosde Luiz Rosemberg Filho.  

Dilemas de periferia

Falando em Cavi Borges, ele vai produzir agora um longa-metragem que espelha as transformações geopolíticas do Rio de Janeiro em função das Olimpíadas: Vende-se Esta Moto, primeiro filme de ficção do diretor teatral e documentarista Marcus Vinícius Faustini. Realizador de docs como Chão de Estrelas (2002) e Carnaval, Bexiga, Funk e Sombrinha (2006), Faustini narra neste novo projeto o périplo de um rapaz para arrumar o dinheiro necessário para custear sua festa de casamento. A saída será vender sua motocicleta. Mas, antes, ele vai fazer uma excursão Rio adentro para se despedir de seu veículo tão querido. O cineasta está à cata de elenco, testando jovens para o papel.

Embalos da Disco

Neste fim de semana, os cariocas vão curtir cinema nos embalos da Disco Music num evento que une a Cinemateca do Museu de Arte Moderna (MAM-RJ) e a rede Cine Joia com clássicos internacionais dos anos 1970. Organizado pelo crítico Mario Abbade, a Disco Weekend tira da gaveta pérolas como Até Que Enfim é Sexta-feira (1978), com a cantora Donna Summer, e Sábado Alucinante (1979), filmado por Claudio Cunha com base em um roteiro de Benedito Ruy Barbosa e Carlos Imperial.

CURTA ESSA

A Festa e os Cães, de Leonardo Mouramateus: Um dos destaques do Cine Ceará 2016, que começa neste fim de semana, é a presença deste documentário de altíssima voltagem sensorial no qual uma série de fotos demarca uma espécie de viagem nostálgica pela noite de Fortaleza.

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