Sin City - A Dama Fatal, nova adaptação ao cinema dos quadrinhos de Frank Miller, veio à San Diego apresentada pelos seus diretores, o próprio Miller e Robert Rodriguez.
Para o cineasta, os filmes de HQ estão melhorando porque a indústria enfim entendeu que quadrinhos não precisam ser "arrumados" para as telas. "Minha diretriz para o filme é ainda mais simples: agradar Frank Miller. Se ele gostou, eu sei que acertei".
Para Rodriguez, retornar a esse universo foi muito mais fácil, pois hoje todo mundo sabe o que é tela verde e como se comportar nela. "Então o desempenho e atuação do elenco são ainda melhores".
Miller explicou suas motivações para a série. "Quando comecei eu queria escrever HQs policiais. Mas as oportunidades que tive foram com super-heróis. Então resolvi misturar os dois gêneros e deu certo. Mas quando estava cansado dos caras de colante, criei algo super estilizado, que só poderia ser criado nos quadrinhos! Não é irônico que justamente essa minha HQ autoral tenha sido escolhida para ser adaptada?", pergunta.
Sobre isso, Rodriguez disse que convenceu Miller a ceder os direitos com a garantia que o autor não passaria pelos problemas que teve no passado, com o processo tradicional dos estúdios e interferência dos produtores. "Eu tenho certeza que ele não aceitaria nem por todo o dinheiro do mundo", diz.
Rosario Dawson, Josh Brolin e Jessica Alba juntaram-se então aos dois diretores no palco.
"Sou a garota mais sortuda de Hollywood em poder voltar à minha personagem. Nancy tem uma história inédita criada para o filme, que vai transformá-la em uma guerreira", revelou Alba.
"Vocês não vão acreditar na transformação dela. Da menininha sexy do primeiro a uma mulher segura e letal neste. Quisemos criar uma história nova para dar ao público algo que ele não pudesse comprar na livraria. E Jessica a abraçou como nunca, criando coreografia, dando sugestões...", exaltou Rodriguez.
"Eu desenhei Nancy nessa historia nova do jeito que desenho, de forma muito irreal. E a vi ensaiando, em uma pose ridiculamente impossível. E perguntei "por que você está fazendo isso? E ela me disse 'porque você desenhou assim'. Fim de conversa", lembra Miller.
Brolin disse que aceitou o filme pois conhece Rodriguez há 21 anos e adora trabalhar com ele. "Esses são dois caras que não seguem as regras de ninguém, que fazem suas próprias regras. É muito bom estar envolvido em algo assim. É curioso que os diálogos não são naturais e eu ficava com receio o tempo todo de parecer exagerado, mas Robert sabe o que está fazendo".
Brolin só lamenta não ter atuado com Mickey Rourke, pela técnica de Rodríguez, que pode filmar os atores separadamente e juntá-los depois.
"Eu lembro da cara de Frank quando ele me viu como a Gail pela primeira vez e disse 'eu desenhei você sozinho no meu quarto e agora você está aqui, na minha frente'", lembra Rosario. "É incrível impressioná-lo e Robert gosta de fazer tudo totalmente fiel aos quadrinhos".
A cena de abertura do filme, baseada na história "Just a Saturday Night", foi mostrada. Nela, reencontramos Marv (novamente vivido por Mickey Rourke), buscando lembrar-se de como foi parar em um acidente de carro. O estilo segue muito parecido com o do primeiro filme, mas tem algumas cenas mais desconstruídas, com dois acontecimentos simultâneos, por exemplo, como se desenhados um sobre o outro na mesma páginas. A cor também está mais presente. O filme continua em sua maioria em preto e branco e alto contraste, mas há mais do que uma simples colocação de cor em detalhes. Uma cena com neons revelou todo um espectro cromático e certos personagens têm até três tons sobre si.
Robert Rodríguez celebrou a tecnologia que permite que ele capture suas ideias e as manipule na hora. "Temos câmeras que parecem Ferraris, novos sistemas que nos permitem mais nuances na edição e pós-produção. Estamos fazendo um filme ainda melhor", concluiu.
Miller também revelou que está trabalhando em novas HQs da série e que ele e Rodríguez querem um terceiro filme (como já havia sido mencionado anteriormente).