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Ender's Game - O Jogo do Exterminador | Harrison Ford comenta seu retorno à ficção científica

Ator está na Comic-Con 2013 ao lado do diretor e elenco para promover o filme

19.07.2013, às 04H34.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H35

Apesar das ameaças de boicote a O Jogo do Exterminador (Ender's Game) devido à posição sobre o casamento gay de Orson Scott Card, autor do livro que deu origem ao filme, tanto o painel da ficção científica na Comic-Con 2013 como a coletiva de imprensa e o estande interativo fora do centro de convenções aconteceram sem problemas. Harrison Ford falou brevemente sobre o caso, mas o foco foi mesmo na adaptação.

O famoso ator, de discurso pausado e mal-humorado - até piadas ele faz sisudo -, é enfático nos elogios aos seus colegas de elenco. "Foi ótimo trabalhar com Ben Kingsley. Eu adorei conhecê-lo e foi uma prazer atuar ao lado dele. Mas foi igualmente prazeroso trabalhar com os jovens nessa história, que foram tão dedicados ao trabalho e, apesar da idade deles, têm um talento tão grande e um entendimento já tão vasto dessa arte. Mérito ao diretor pela seleção de elenco", comentou.

Enders Game 05Dez2012

Sobre seu aguardado retorno à ficção científica, algo que ele não fazia desde os Star Wars e Blade Runner, Ford compara: "Han Solo e Graff não têm nada em comum. Meu personagem aqui, Graff, é um personagem muito mais complexo que Han - o que não significa que eu não aprecie Han Solo. Ele é um militar com enorme responsabilidade, encarregado de recrutar e treinar o jovem Ender. Na construção dessa história ele enfrenta inúmeros dilemas morais decorrentes da opção de usar jovens para a guerra. A complexidade desses dilemas morais é parte do meu interesse do filme. Ender não entende a dimensão desses dilemas até o final do filme, mas Graph está ciente do que está fazendo desde o início. O livro lida com elementos muito complexos de responsabilidade social e moral. Fiquei muito satisfeito de estar envolvido em um projeto assim, tão ambicioso e com pessoas tão talentosas".

Asa Butterfield, o intérprete de Ender, concorda com o veterano, afirmando ser "um grande fã de ficção científica, mas para mim há muito mais no filme do que isso. Há temas muito complexos ali, especialmente a constante luta interna do personagem. Foi ótimo experimentar isso". Para o jovem ator, "ter um romance como base é algo muito positivo, que agrega muito à atuação. Há muito mais informação ali do que no roteiro e recorrer a isso é fantástico".

"Este romance foi muito inteligente em prever algo que hoje é uma realidade em nossas vidas, que é a habilidade de fazer guerras à distância. Ele também antecipou o fato de que hoje o negócio que a guerra se tornou é quase desconectado do lado emocional", segue Ford. "A guerra interplanetária é um aspecto fantástico do filme, mas seu tom que o torna relevante para a realidade são as preocupações de nosso dia-a-dia. A capacidade de que temos tecnologicamente de causar danos longínquos é um aspecto dessa equação. O uso de jovem no negócio da guerra é outro. Isso historicamente sempre aconteceu - colocarmos os mais jovens e capazes na linha de batalha - mas a questão de usar pessoas ainda mais novas e manipulá-las é o tema aqui. Mas o personagem foi envelhecido um pouco. No livro Ender tem 7 anos. No filme tem 12, o que foi uma escolha inteligente. O personagem que eu interpreto é um manipulador de jovens, o que é algo que vemos hoje diariamente. Os temas que o filme levanta merecem atenção", garante.

O Jogo do Exterminador Hailee Steinfeld Asa Butterfield

Eclipsado pela presença de Ford, o diretor Gavin Hood, falou pouco, mas também exaltou os dilemas morais do filme. E aproveitou para compará-lo ao seu trabalho vencedor do Oscar de melhor filmes estrangeiro, Tsotsi. "Ambos os personagens são muito parecidos - o de Tsotsi e Enders Game - são crianças inseridas em um mundo complexo e cheio de questões morais". O diretor também acredita que, apesar do orçamento milionário - muito superior ao que teve no drama que o colocou no mapa -, a ficção científica, no final, não é assim tão distinta do trabalho anterior. "Claro que tive muitas ferramentas novas pra brincar, como a computação gráfica e tudo o que torna um filme épico, mas na verdade, ele não passa de um filme que conta com um elenco brilhante, que fez um trabalho sensível e cheio de nuances".

O Jogo do Exterminador tem previsão de lançamento para 1º de novembro, mesmo dia em que o longa chega ao Brasil.

Leia a crítica do livro O Jogo do Exterminador

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Acompanhe a cobertura do Omelete da Comic-Con 2013

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