Uma versão de O Exorcista para a TV. O que inicialmente soa como uma má ideia se revela um argumento interessante em seu episódio-piloto, exibido na San Diego Comic-Con 2016. O segredo é ter a consciência que não há como competir com o material original. O caminho é seguir em frente.
Com breves referências ao filme de 1973, a proposta da série não é explorar o ato do exorcismo, mas descobrir qual é o objetivo das forças do mal que se apoderam de corpos frágeis. A forma como o padre Tomas (Alfonso Herrera) é manipulado em direção aos problemas da família Rance é um intrigante jogo de sonhos e aparições que pode criar um bom arco para sustentar a primeira temporada.
Com atuações competentes - destaque para o padre Marcus (Ben Daniels) e uma propositalmente engessada Angela Rance (Geena Davis) -, o piloto situa os seus diversos núcleos dramáticos: o padre incerto da sua vocação, a família desestruturada (e "endemoniada") e o anti-herói traumatizado por um erro do passado. A personalidade de cada personagem é pontualmente apresentada, posicionando as peças necessárias para criar uma relação com o espectador. Os arquétipos são similares ao filme, mas há espaço para que sejam desenvolvidos de forma diferente.
Dirigido por Rupert Wyatt (Planeta dos Macacos: A Origem), o primeiro episódio não reproduz o esmero técnico do filme de William Friedkin, mas tem aura própria. Embora deslize em algumas cenas mais elaboradas, com efeitos visuais que levam a risadas, não a sustos, há a preocupação em estabelecer um estilo para a série. O timing de alguns momentos tensos ainda precisa ser ajustado, mas a soma dos 45 minutos resulta no desejo de continuar nessa história.
O Exorcista estreia em 23 de setembro nos EUA pelo canal Fox. Ainda não há previsão de chegada ao Brasil.
A San Diego Comic-Con 2016 acontece entre 21 e 24 de julho nos Estados Unidos. Acompanhe a cobertura completa do Omelete no youtube.com/omeleteve, facebook.com/siteomelete, twitter.com/omelete e Snapchat siteomelete para não perder nada da convenção.