HQ/Livros

Artigo

Comic-Con 2013 | Painel Breaking Into Comics the Marvel Way

Autores e editores voltam a afirmar que é preciso autopublicar-se para aparecer

19.07.2013, às 06H08.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H35

Meu primeiro painel de Comic-Con 2013 e um dos primeiros do evento este ano (10h de quinta-feira) foi este dedicado a quem quer trabalhar na Marvel Comics. Estavam presentes o editor-chefe Axel Alonso, o caça-talentos da editora C.B. Cebulski e dois frilas: o roteirista Sam Humphries (que começou em 2011) e o desenhista Mark Brooks (que tem mais de dez anos de casa).

comic-con

None

comic-con

None

Cebulski abriu o painel passando dados bem interessantes para quem espera trabalhar com a Marvel: a editora contrata mais de um talento novo por semana, sejam roteiristas, desenhistas, arte-finalistas, capistas, coloristas ou letreiristas/designers. Foram 54 novos nomes em 2011 (16 pra roteiro, 26 pra desenho) e 57 em 2012 (20 roteiristas, 27 desenhistas), segundo ele.

Alonso não estava lá só de editor-mor, mas também para contar como chegou à profissão. Disse que lia gibis quando criança, parou na adolescência e só foi redescobri-los na faculdade, quando conheceu o Monstro do Pântano de Alan Moore. Depois de um período como jornalista, ele viu o anúncio para vaga de editor na DC, foi para a Vertigo e, no final dos anos 90, foi contratado pela Marvel no início da fase Joe Quesada/Bill Jemas - mesmo avisando a eles que não lia Homem-Aranha desde os 13 anos.

Humphries, o roteirista, começou dizendo que estava exatamente neste mesmo painel em 2011, tentando conseguir sua oportunidade na indústria. Nesse meio tempo, descobriu a fórmula: manter contato com editores que tenham a ver com o que ele escreve e, ao invés de ficar esperando o telefone tocar, produzir quadrinhos e autopublicar-se. Humphries escreveu duas HQs - Our Love is Real e Sacrifice - que foram sua porta de entrada para a Marvel, onde atualmente escreve Uncanny X-Force e Avengers A.I.

Alonso e Cebulski aproveitaram o relato para dizer que, enquanto com desenhistas é relativamente mais fácil avaliar um portfólio, roteiristas têm que ter um trabalho já publicado. "Mostra que você sabe começar e terminar uma coisa", disse Alonso - e complementou que Humphries teve coragem de assumir riscos ao pagar para publicar sua própria HQ. "Ele podia ter gastado num PlayStation 3 ou num gibi de luxo, mas resolveu publicar uma HQ (...) Se você não sabe desenhar, use as mídias sociais pra achar alguém que desenhe pra você."

Cebulski também ressaltou a importância de achar o editor certo para o tipo de história que o aspirante costuma escrever, e conversar com eles. E outra dica: buscar o baixo escalão, os editores assistentes e editores associados, é melhor do que ir atrás dos editores famosões, que não têm tempo. Outra: mandar e-mails para todos os editores (e todas as editoras) ao mesmo tempo é furada.

O desenhista Mark Brooks falou da paixão de infância pelos quadrinhos, da faculdade de artes onde seus professores não viam HQ como arte (curso que ele largou) e de uma convenção onde encontrou Mark Bagley e pediu opinião ao artista veterano sobre seu portfólio. Bagley, conhecido por desenhar de Homem-Aranha a Liga da Justiça, disse: "Quer que eu seja legal ou quer que eu seja sincero?". Brooks passou seis meses sem desenhar depois de ouvir todas as críticas de Bagley, mas hoje reconhece que elas fizeram ele crescer como profissional. O artista trabalhou para editoras pequenas no final da década de 90, depois entrou no estúdio Udon e, com isso, está na Marvel há uma década.

Na hora das perguntas dos presentes, o primeiro participante a se manifestar foi ao microfone só para dizer: "Eu estava aqui no ano passado, ouvi as mesmas coisas e, olha aqui: fiz o que vocês disseram". Ele ergueu uma HQ independente, que prontamente deixou nas mãos de Cebulski, com apausos da plateia.

Em outra pergunta, um senhor com barba maior e mais branca do que a de Alan Moore quis saber dos autores que ficam "marcados" como caras de um gênero só. O exemplo era pessoal: ele escreve para a Bongo Comics, que publica HQs dos Simpsons, e diz que por isso só é visto como escritor de humor, mas queria poder escrever HQs de todos os gêneros, como policial, terror, super-heróis etc.

A resposta da mesa foi de candura excepcional: "Com todo respeito, se o senhor quer escrever, por exemplo, uma HQ do Justiceiro, vai ter que mostrar pra gente uma boa HQ, já publicada, desse gênero", disse Alonso. Cebulski e Humphries comentaram que se, como no exemplo, um autor só tem publicadas histórias de humor, vai realmente ser julgado apenas como escritor de humor. O que importa é o que já está publicado.

Fechando o papo, Alonso lembrou que todas as dicas dadas são importantes, mas o principal é que todos compartilhem a mesma motivação: "We fucking love comics".

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Ao continuar navegando, declaro que estou ciente e concordo com a nossa Política de Privacidade bem como manifesto o consentimento quanto ao fornecimento e tratamento dos dados e cookies para as finalidades ali constantes.