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Crítica

A Culpa é das Estrelas | Crítica

Drama adolescente emociona sem se perder em clichês

04.06.2014, às 20H33.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H35

Romeu e Julieta viveram um romance proibido, concluído em tragédia pelo ódio entre Montecchios e Capuletos. O mesmo desfecho funesto ronda o amor de Hazel Grace Lancaster e Augustus Waters, mas o único obstáculo à frente dos jovens amantes é a própria vida. Em A Culpa é das Estrelas, John Green recria o fascínio pelo amor shakesperiano sob o  peso de um dos grandes medos contemporâneos: o câncer.

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Lançado em janeiro de 2012, o livro de Green é um fenômeno certificado por números: traduzido para 46 idiomas; 10,7 milhões de cópias vendidas. É a publicação campeã de vendas do Brasil, com 17.944 exemplares (o segundo colocado, Ansiedade: Como Enfrentar o Mal do Século, vendeu 9112). Valores positivos acompanhados desde o início pela adaptação ao cinema. O primeiro trailer do filme teve 20 milhões de views no YouTube e foi "curtido" 307.537 vezes, a maior marca de um trailer na plataforma de compartilhamento de vídeos. Prodígio que se explica não apenas pela combinação da preferência pelo amor na literatura infanto-juvenil com a visão catastrófica que os adolescentes têm da vida - tudo é definitivo, absoluto, imutável. O segredo de Green está na desmitificação da doença, transformando vítima em heroína.

O filme, escrito por Scott Neustadter e Michael H. Weber (dupla de 500 Dias com Ela) e dirigido por Josh Boone (Ligados pelo Amor), assume essa essência, sem tropeçar no sentimentalismo anunciado da sua premissa: dois jovens se conhecem e se apaixonam em um grupo de apoio para pacientes com câncer. Ainda que leve constantemente às lágrimas, a adaptação nunca assume o peso de tragédia anunciada. É uma história conduzida com serenidade, pelos olhos de quem já se acostumou com a promessa da morte.

Além dos recursos visuais/narrativos à la 500 Dias com Ela - mensagens de texto que tomam a tela, trilha sonora bonitinha -, Shailene Woodley e Ansel Elgort contribuem para subverter o gênero do romance adolescente. A química e a capacidade de atuação dos dois - somada ao peso de nomes como Laura Dern e Willem Dafoe - impede que a trama caia no dramalhão romântico. Os diálogos eloquentes adaptados do livro beiram o teatral, mas seus personagens são verossímeis.

Não é o drama pelo drama que emociona em A Culpa é das Estrelas, mas a sua capacidade de gerar empatia. Hazel e Augustus são mais do que amantes com os dias contados. O filme tropeça quando sua fidelidade ao material original cria estranhamento - como na cena em que os amantes se beijam sob aplausos. Na maior parte do tempo, porém, mostra-se consciente de si, recriando o arquétipo do amor fulminante sem se levar pelo óbvio.

Nota do Crítico
Ótimo
A Culpa é das Estrelas
The Fault in our Stars
A Culpa é das Estrelas
The Fault in our Stars

Ano: 2014

País: EUA

Classificação: 12 anos

Duração: 125 min

Direção: Josh Boone

Elenco: Shailene Woodley, Ansel Elgort, Willem Dafoe, Nat Wolff, Laura Dern, Sam Trammell, Mike Birbiglia, Emily Peachey

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