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Batgirl - 50 Anos | A trajetória da maior heroína teen da DC

Resistente ao tempo e às pancadas, Barbara Gordon faz aniversário

16.01.2017, às 17H33.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H35

Barbara Gordon, a mais famosa das Batgirls, estreou nos quadrinhos em Detective Comics #359, de janeiro de 1967. A capa era para causar: "A Estreia Milionária da Batgirl!". Nestes 50 anos, a durabilidade da personagem provavelmente garantiu alguns milhões de dólares à DC Comics; das apostas da editora com a Bat-família, Barbara Gordon talvez seja a que mais deu certo depois de Robin, e hoje entende-se que ela é a heroína teen mais popular da casa.

Mesmo aleijada - em uma das HQs mais debatidas da história dos super-heróis, A Piada Mortal - a filho do Comissário Gordon seguiu na ativa graças à força dos fãs. Dos quadrinhos para a TV, para o cinema e para os games, Batgirl também é símbolo do girl power desde sua concepção e costuma ter sucesso quando segue esta linha do seu DNA. Confira um pouco desta trajetória abaixo:

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Entendendo o fenômeno Batgirl

OS 50 ANOS DE BATGIRL

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Há 66 anos

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Antes de Barbara Gordon, tivemos Kathy Kane, a Bat-Girl (com hífen). Sobrinha de Kathy Kane, a Batwoman (criação dos anos 50), a adolescente resolveu combater o crime após descobrir a identidade secreta da tia. Acabou virando pretendente do Robin. A personagem durou pouco: em 1964, o editor Julius Schwartz resolveu apagar grande parte da Batfamília para que as histórias do Batman parassem de cair na comédia. Mal sabia o que estava para acontecer com o mito de Batman...

Batmania

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O que aconteceu foi Batman, a série de TV que estreou em 1966. Embora com interpretações sérias e roteiros sérios - às vezes baseados em HQs igualmente sérias -, a maioria da portentosa audiência assistia ao seriado se não para rir. A Batmania irônica foi febre na época e, tal como febre, passou rápido. Depois de duas temporadas e quase 100 episódios, a audiência que ria e a que não ria começou a ir embora. O produtor William Dozier (1908-1991) achou que faltavam personagens femininas...

Encomenda

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William Dozier procurou Julius Schwartz, o Bat-editor na DC, para tentar impulsionar a audiência da série de TV. O papo foi mais ou menos o seguinte: "Quem sabe uma Batmoça? Melhor ainda: que seja filha do Comissário Gordon!". Schwartz já tinha novas personagens femininas em mente, e incumbiu o desenhista Carmine Infantino (1925-2013) de concebê-la no papel. Os produtores de TV viram os esboços de Infantino e garfaram na hora para montar elenco e figurino. Batgirl estreou antes nas HQs - em janeiro de 67 -, mas em setembro do mesmo ano já estava na TV.

Yvonne Craig

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Bailarina, motoqueira, 30 anos de idade, Yvonne Craig entrou como Batgirl em Batman, o seriado de TV, para salvar os homens. Tal como nas HQs, ela combatia o crime apesar de Batman ser contra - desafiando o morcegão, ela segue no combate ao crime até hoje. A moça-morcego esteve em todos os episódios daquele que seria, infelizmente, o terceiro e último ano da série. Símbolo do girl power na época do seriado (e nas décadas de reprises que se seguiram), Craig faleceu em 2015, aos 78 anos.

Bibliotecária feminista

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Tanto nas HQs quanto no seriado de TV, Batgirl foi pensada como reflexo do movimento feminista dos anos 1960: solteira, doutora em biblioteconomia, combatente do crime independente, que desafia Batman e Robin. Batgirl (interpretada pela atriz Yvonne Craig do seriado) até estrelou um vídeo que defendia a igualdade salarial entre gêneros no início dos anos 1970 (assista aqui: https://www.youtube.com/watch?v=0e1wo8f8mT4). Na mesma época, nos quadrinhos, ela deixou a carreira de bibliotecária e concorreu a deputada federal.

Dupla romântica

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Batgirl pode ter demorado para ter uma série com seu nome nos quadrinhos, mas teve histórias solo quase desde sua estreia. Primeiro ela ficou com a vaga de histórias secundárias na Bat-revista Detective Comics. Mais tarde, virou a figura principal da revista Batman Family. Foi nesta última que começou uma relação platônica com o Robin Dick Grayson - que já saiu e voltou ao platônico várias vezes. Entre rompimentos, reatadas e shippadas dos fãs, uma das relações amorosas mais complexas dos super-heróis já tem mais de 40 anos.

O primeiro reboot

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No início dos anos 1980, a fã Barbara Kesel escreveu uma carta de 10 páginas ao editor-chefe da DC, Dick Giordano, reclamando de como a editora tratava as personagens femininas. Giordano contratou Kesel como roteirista e lhe passou as histórias de Batgirl. Kesel, que depois virou editora na DC, ficaria anos envolvido com a personagem. Ela inclusive reescreveu a origem de Barbara após Crise nas Infinitas Terras - ela é sobrinha e filha adotiva do Comissário Gordon, que a adotou após a morte do irmão dele.

Aposentadoria

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A primeira revista com Batgirl no título? Batgirl Special, de 1988, 21 anos depois da criação da personagem. E, por ironia, uma edição inteira dedicada à decisão de Barbara Gordon de pendurar a capa e virar uma pessoa comum. A edição foi feita especificamente para os autores - Barbara Kesel e Barry Kitson - gerarem mais simpatia dos leitores pela personagem, preparando-os para a grande virada que Barbara passaria em seguida...

Piada?

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Barbara Gordon conversa com o pai em seu apartamento, alguém toca a campainha e... é o Coringa - que lhe dá um tiro na barriga e a deixa paraplégica. É uma das cenas mais apavorantes de A Piada Mortal, clássica história de Alan Moore e Brian Bolland. O Coringa ainda tira fotos de Barbara baleada e nua, sugerindo até a possibilidade de estupro. A violência, o clichê e o fato de Barbara virar apenas uma alavanca da história - que envolve o rapto do Comissário Gordon, resolvido por Batman - são criticados até hoje por leitores. Nem o próprio Alan Moore gosta da HQ.

Oráculo

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Entre os fãs que não gostaram de A Piada Mortal, John Ostrander e Kim Yale (1953-1997), o casal roteirista de Esquadrão Suicida, perguntaram se podiam adotar Barbara Gordon na sua série. A DC topou. A heroína paraplégica volta como Oráculo, uma hacker que consegue todo tipo de informação secreta que possa ajudar heróis - colaborando no combate ao crime direto de seu computador e de sua cadeira de rodas.

A série animada

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Batgirl está presente em praticamente todos os desenhos animados de Batman desde fins dos anos 1960. Mas rouba a cena em Batman: A Série Animada e As Novas Aventuras do Batman, as duas produções que marcaram a Bat-família na TV nos anos 1990. Os produtores Bruce Timm e Paul Dini conseguiram captar tudo que a personagem tinha de girl power no seriado de TV sessentista e nos quadrinhos. A carreira animada de Barbara Gordon teve até uma versão futurista e grisalha como Comissária de Polícia de Gotham City em Batman do Futuro.

Aves de Rapina

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Como Oráculo, Barbara Gordon passa a colaborar com várias equipes e heróis do Universo DC. A parceria com Canário Negro é uma das que dá mais certo, o que leva as duas a fundar as Aves de Rapina. A dupla acabou virando um grupo, que envolveu um grande número de heroínas e já tem 20 anos nos quadrinhos. Além disso, Aves de Rapina virou um seriado de TV de uma temporada só, produzido pela Warner em 2002.

No cinema

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Batgirl chegou às telonas em 1997, no execrado filme Batman & Robin. Interpretada por Alicia Silverstone, recém-saída de Patricinhas de Beverly Hills, ela é mais lembrada pelos Bat-mamilos protuberantes no uniforme - nada sexista, pois os uniformes de Batman e Robin também eram mamilados - do que por qualquer outra coisa. Ah, e não é Barbara Gordon. No filme, ela é Barbara Wilson, sobrinha do mordomo Alfred.

Muitas Batmoças

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Enquanto Barbara Gordon atuou como Oráculo, muitas Batgirls pularam por Gotham City e além. Helena Bertinelli, a Caçadora, assumiu a identidade por um breve período na saga "Terra de Ninguém". A complexa Cassandra Cain - muda, assassina de altíssima perícia, analfabeta - assumiu o nome logo depois, usando um uniforme que tapava completamente o corpo. Houve até uma Batgirl que assumiu a identidade para homenagear Barbara Gordon, Chalotte Gage-Radcliffe, uma adolescente com superpoderes que posteriormente viraria a Marginal em Aves de Rapina.

As primeiras séries

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Batgirl só ganhou série mensal em 2000. E não era com Barbara Gordon, mas sim Cassandra Cain, a pequena assassina asiática que não fala. Para surpresa até da DC Comics, a revista durou mais de 70 edições. Em 2009, o segundo volume de Batgirl estreou com a quarta heroína a assumir a alcunha: Stephanie Brown, que anteriormente atendia por Salteadora (e namorada de um dos Robins). A série com Brown foi interrompida pelos Novos 52, mas deixou muitos fãs fazendo petições para ela voltar.

Batgirl vermelha

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No início dos anos 2000, Alex Ross e Paul Dini apresentaram uma proposta à DC para revitalizar Barbara Gordon como Batgirl: ela entraria em um Poço de Lázaro, voltaria a andar e reassumiria a Bat-identidade com um uniforme em detalhes vermelhos. Denny O'Neil, bat-editor da época, derrubou a ideia porque, segundo ele, Barbara fazia mais sucesso como Oráculo - e não era nada mal a DC ter uma heroína cadeirante. Os esboços de Ross acabaram virando a nova Batwoman. Mas a ideia da heroína cadeirante como ponto positivo não durou...

Os Novos 52

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Batgirl entrou no rol das 52 novas séries que a DC lançou em 2011. E Dan DiDio, um dos editores-chefe, resolveu que Barbara Gordon era a personagem mais identificada com o título. Coube à roteirista Gail Simone inventar uma cirurgia experimental que restituiu a espinha da personagem e fazer ela voltar à ação - embora carregasse traumas com armas de fogo e com a paralisia passada.

Hipster

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A série com Barbara Gordon nos Novos 52 teve recepção morna dos leitores. Até que, com quase dois anos de publicação, ela foi totalmente remodelada pelo trio Brenden Fletcher, Cameron Stewart e Babs Tarr. Rejuvenescida e com uniforme remodelado, Barbara Gordon vai morar num bairro hipster de Gotham City, Burnside, e interage com um público jovem em histórias que envolvem mídias sociais, roupas descoladas e ativismo universitário. O sucesso desse período - embora curto - fez a DC repensar muitas de suas HQs na época.

#Changethecover

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No meio da nova fase hipster, uma capa alternativa provocou polêmica: Batgirl com cara de pavor ao lado do Coringa, em referência ao momento mais macabro de A Piada Mortal. Fãs e autores se manifestaram contra a capa, reclamando que ela ia contra a fase contemporânea da personagem e que ressuscitava uma história controversa. No fim, foi o autor da arte, o desenhista brasileiro Rafael Albuquerque, quem pediu que a arte (que originalmente era mais leve e ficara mais violenta e dramática a pedido da DC) não fosse utilizada.

Nos games

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Batgirl esteve presente em vários Batgames lançados nos últimos 15 anos - mas geralmente como coadjuvante. Embora ainda não tenha ganhado um jogo só seu, ela chegou bastante perto em 2015 com Batgirl: A Matter of Family, DLC do jogo Batman: Arkham Knight. No pacote, que tem sua própria história (prelúdio ao jogo principal) e próprias missões, o jogador encarna Barbara Gordon em uma trama que lembra A Piada Mortal - o Comissário Gordon é raptado por Coringa (e Arlequina), mas desta vez é a filha que vai salvá-lo.

A piada polêmica

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A adaptação de A Piada Mortal para longa-metragem animado chegou com uma surpresa inesperada: um longo prólogo focado na última aventura de Barbara Gordon como Batgirl... cujo clímax mostra ela e Batman transando em um telhado de Gotham City. Pelo teor da cena e pelo desvio de tudo que já se viu nas HQs, o longa-metragem gerou mais polêmica no ano passado, embora o prólogo desse mais peso para tudo o que acontece com Barbara em seguida no encontro com o Coringa.

A série atual

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Em mais uma reformulação de sua linha, a DC Comics lançou uma nova série de Batgirl no segundo semestre de 2016. Sob o comando de Hope Larson e do brasileiro Rafael Albuquerque, a nova revista tenta seguir o tom da Batgirl hipster. O primeiro arco, recém-concluído, envolveu uma viagem pela Ásia. Ao mesmo tempo, Barbara voltou a ser integrante das Aves de Rapina, numa nova série da equipe feminina, intitulada Batgirl and the Birds of Prey.

Bat-boca suja

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Como todo personagem DC, Batgirl e Barbara Gordon tiveram várias versões alternativas. A mais famosa - por motivos espúrios - provavelmente seja a da série Grandes Astros: Batman. Na edição 10, a versão teen de Barbara distribui sopapos e palavrões pelas ruas de Gotham City. Por um problema de impressão, a HQ acabou saindo com os palavrões à mostra e teve um recall da DC Comics (que a maioria das lojas não atendeu, criando um item de colecionador). Provavelmente será a única chance de você ver Barbara autointitulando-se "THE FUCKING BATGIRL".

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