Estava na cara que o flashback sobre a origem de Nina Mazursky (Zoë Chao) seria de partir o coração. Desde que nos foi dito que Nina, na verdade, era uma humana, e não um monstro, Comando das Criaturas criou uma alta expectativa para sua história, que vem no último episódio da temporada. É, de fato, de partir o coração, e é também o motor por trás do melhor capítulo da série.
O passado de Nina contém algumas das imagens mais fortes de toda a série, mas diferente de coisas como o flashback da Noiva (Indira Varma), o tratamento do material é mais cuidadoso. Ela nasceu com os pulmões do lado de fora (algo que a série faz questão de mostrar num momento genuinamente impactante), foi rejeitada pela mãe mas abraçada pelo pai, que criou máquinas para a ajudarem com a respiração. Um biólogo brilhante, ele tenta usar DNA de peixes para que os fluídos no pulmão não a incomodem, mas as coisas dão errado.
O flashback entram em clichês quando a garota vai pra escola, mas culminam numa enorme tragédia com a morte do pai de Nina, que é baleado pela polícia quando tenta salvar sua filha. Tragédia não é algo que falta em Comando das Criaturas, mas poucas vezes a situação teve tanto peso. Ver as brigas honestas dos pais de Nina, e a dedicação de Edward Mazursky (Gregg Henry) à menina dá à morte dele, por mais previsível que seja, o tipo de impacto ausente em outras origens de personagens que vimos na temporada.
Não satisfeito com isso, James Gunn também nos quebra com os acontecimentos do presente. Nina é escolhida pela equipe como a mais adequada para matar a princesa Ilana Rostovic (Maria Bakalova), já que a monarca está nadando no lago do castelo. O momento já nos deixa desconfortável pela forma como Doninha (Sean Gunn) está desesperado notando o perigo para alguém que lembra sua velha amiga, e é claro que Nina é responsável por acalmá-lo. De qualquer forma, ela vai em frente, motivada por Dr. Fósforo (aliás, uma das melhores piadas do episódio é o personagem de Alan Tudyk sendo chamado de Motoqueiro Fantasma) e pela Noiva.
As palavras da Noiva carregam mais importância, já que ao longo da série as duas desenvolveram um laço fortalecido no episódio passado, e é por isso que a conclusão dos eventos – com Nina morrendo nas mãos da princesa enquanto Amanda Waller (Viola Davis), enfim informada por Rick Flag Sr. (Frank Grillo) de suas descobertas, liga para ordenar que as Criaturas abandonem a missão – é tão dolorosa. Assim como G.I. Robot (Sean Gunn), Nina nos conquistou, e seu destino é cruel.
Mas tudo isso deixa a conclusão do episódio ainda mais satisfatória. Estou feliz em reportar que acertamos ao suspeitar que a Princesa Ilana era, de fato, uma vilã. Não tem Gorila Grodd ou outro conselheiro por trás de suas ações – ela mesma plantou Cara-de-Barro como uma forma de levantar suspeitas contra Circe, e a Noiva desvendou tudo.
Depois de dispensar com Eric Frankenstein (David Harbour) de forma hilária (e talvez rápida demais, dado o tempo que a série gastou para construir esse reencontro), a Noiva precisa acertar as contas com Ilana. O confronto entre as duas se desenrola como um duelo de faroeste, e funciona por conta das emoções que construímos ao longo da série e deste episódio. Pautar esse final como uma vingança da Noiva por conta da morte de sua amiga Nina, e não por um desejo heróico de salvar o mundo, é um daqueles grandes toques de James Gunn. Fale o que quiser, o cara entende a essência de seus personagens.
O feito parece confirmar a Noiva como a nova líder da equipe, que ganha uma nova formação no fim do episódio. Esta inclui o retorno do Tubarão-Rei de O Esquadrão Suicida (agora com a voz de Diedrich Bader) e, para a enorme alegria deste que vos escreve, um renovado G.I. Robot. Leitor, eu sorri imediatamente. Perdemos Nina, mas nosso homem-de-lata favorito está de volta. Assim, Comando das Criaturas chega ao fim com um episódio que captura o melhor da série – dos eventos devastadores à euforia dos monstros.