Supergirl: A Mulher do Amanhã/Corporação Batman/Comando das Criaturas

Créditos da imagem: DC Comics/Divulgação

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Anúncios do DCU mostram que Gunn e Safran querem explorar selo a fundo

Unindo “pesos-pesado” como Superman, Batman, Robin e Lanternas Verdes a heróis como Authority e Gladiador Dourado, nova franquia deve ter histórias para todes

Omelete
5 min de leitura
Nico
31.01.2023, às 16H36.
Atualizada em 28.02.2024, ÀS 00H46

O aguardado anúncio dos novos filmes e séries do DC Studios finalmente está entre nós. Nesta terça (31), James Gunn e Peter Safran, presidentes do selo, revelaram dez títulos para TV e cinema que marcarão os próximos anos da nova franquia. E, enquanto esses anúncios contam com nomes do primeiríssimo escalão da DC Comics, incluindo Superman, Batman, Robin e os Lanternas Verdes, alguns nomes menores da editora também deram o ar da graça. Authority, Gladiador Dourado e até o Comando das Criaturas foram lembrados pela dupla e ganharão produções próprias nos próximos anos. Enquanto não é possível analisar o sucesso dessa escalação antes de ela estrear em telinhas e telonas, uma coisa é certa: o novo DCU terá histórias para todes.

A própria forma como Gunn anunciou as produções para o grande público em seu Twitter já permite que criemos esperanças em relação ao uso de diferentes gêneros ao longo da franquia. Ao ressaltar fases e arcos específicos dos quadrinhos ao falar dos filmes The Brave and The Bold e Supergirl: Woman of Tomorrow, o cineasta mostrou um comprometimento do DC Studios de trazer narrativas diferentes em tons, temas e abordagens, ao mesmo tempo em que prometeu explorar cada canto do universo DC - das ruas de Gotham a galáxias anos-luz de distância.

Gunn e Safran também parecem decididos a apresentar novas histórias ao público. Ao invés de dar novas versões das histórias de origens repetidas à exaustão de Superman, Batman e outros membros da “elite” da DC, os presidentes trazem tramas que melhor desenvolvam seus personagens para os anos seguintes, deixando a era de recomeços para trás. A estratégia é chave para que o DCU funcione, uma vez que o público agora terá a chance de ver arcos ainda inéditos do cinema e não mais uma “reinvenção moderna” do nascimento desses heróis.

Ao mesmo tempo, a dupla convida os fãs mais casuais a conhecerem personagens que, embora menos presentes no imaginário popular, seguem sendo grandes atrativos da DC. O Gladiador Dourado, um dos heróis mais cômicos, mas não menos profundos do selo, enfim será destaque de uma grande produção e, caso faça sucesso, pode atrair novos leitores para a icônica e amada Liga da Justiça Internacional, de Keith Griffin e JM DeMatteis - que, aliás, conta com mais nomes “desconhecidos”. O mesmo pode ser dito do Comando das Criaturas, a bizarra e, até esta tarde, esquecida equipe de monstros liderada por Frankenstein e que pode ser o primeiro flerte da nova franquia com o terror.

Isso não quer dizer que apenas os nomes “menores” (com muitas aspas, tá?) servirão como meio para que os cineastas do DCU explorem narrativas diferentes do que estamos acostumados a ver no gênero de heróis. Falando de Lanterns, série com os Lanternas Verdes Hal Jordan e John Stewart, Saffran afirmou que vê a produção como uma espécie de True Detective da DC, dando a entender que o programa focará muito mais nas origens como “policiais espaciais” dos personagens que em uma ópera espacial a la Guardiões da Galáxia.

Um reinício plural

Sim, hoje o público geral está muito mais aberto a histórias de super-herói do que estava em 2008, quando o MCU dava seus primeiros passos. Na época, investir em um universo compartilhado de filmes e séries parecia muito mais perigoso do que é hoje e, talvez por isso, o DCU já comece com uma característica que demorou a ser trabalhada nos blockbusters de herói: a representatividade.

Entre 2008 e 2018, primeiros 10 anos do MCU, tanto Marvel Studios quanto a divisão da DC na Warner Bros. lançaram apenas três filmes não protagonizados por heróis homens brancos e heterossexuais: Esquadrão Suicida, de 2016, Mulher-Maravilha, em 2017, e Pantera Negra, em 2018. É justo dizer que, por desinformação ou até preconceito, os estúdios ainda temiam “sair do padrão” e testar a recepção de um público que, embora existente e numeroso, é constantemente silenciado interna e externamente pelos fandoms. Os sucessos dos filmes de Patty Jenkins e Ryan Coogler e, em 2019, de Capitã Marvel, provaram que não só histórias com protagonistas de menor representatividade são bem-vindas, mas também necessárias.

Essa perspectiva permitiu que o DC Studios anunciasse, de cara, ao menos cinco produções protagonizadas por mulheres, pessoas não-brancas e LGBTQIA+ (Waller, Lanterns, The Authority, Paradise Lost e Supergirl: Woman of Tomorrow), firmando compromisso com um público que até hoje precisa lutar muito para se sentir bem-vindo na comunidade nerd. Ao contrário do que aconteceu nos anos 2000, Gunn e Safran reconhecem a existência destes heróis e a importância que eles têm para os fãs, que poderão se ver refletidos em grandes produções com maior frequência.

É claro, o passado recente da DC não carece de representatividade no live-action. Apesar de todos os seus defeitos narrativos, o Arrowverse soube encaixar personagens de todas as origens, gêneros e orientações sexuais possíveis, com Supergirl, Raio Negro e Legends of Tomorrow frequentemente dando palco a personagens de populações marginalizadas. A própria Arlequina de Margot Robbie é abertamente bissexual no agora falecido DCEU, assim como a Mulher-Gato de Zoë Kravitz em Batman (2022). Isso sem falar que, ainda em 2023, veremos o lançamento de Besouro Azul, primeiro grande filme de herói protagonizado por um personagem latino-americano.

A questão não é que o DC Studios vai começar a trazer essas histórias para um lugar de destaque, mas sim reforçar suas posições dentro de sua principal franquia daqui para frente. Ao contrário do que foi com o DCEU e o MCU, o novo DCU já nasce firmando um claro compromisso com a diversidade, se mostrando uma franquia convidativa para artistas e espectadores de todas as origens e histórias.

De novo, ainda é extremamente cedo para fazer qualquer suposição ou avaliação sobre a possibilidade de sucesso do DCU. Mas, considerando a quantidade e a variedade de projetos anunciados, está mais que claro que Gunn e Safran sabem, pelo menos neste primeiro momento, o que estão fazendo na chefia do DC Studios. E, ainda que falte bastante tempo para podermos conferir as produções anunciadas nesta terça, não é nenhum exagero dizer que os DCnautas, e fãs de heróis no geral, podem ficar bem otimistas com o futuro.

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