James Gunn não é nada estranho a personagens obscuros. Desde que lançou o primeiro Guardiões da Galáxia em 2014, ficou claro que o cineasta se diverte com a liberdade proporcionada ao adaptar personagens de menor alcance ou relevância. Com O Esquadrão Suicida, ele pôde explorar e dar maior personalidade a membros relativamente obscuros do catálogo da DC, como Sanguinário (Idris Elba), Caça-Ratos (Daniela Melchior) e Bolinha (David Dastmalchian), e vem repetindo a dose em Pacificador. Na série, tanto o protagonista vivido por John Cena quanto o Vigilante de Freddie Stroma têm ganhado camadas profundas, que desenvolvem seus personagens para além dos assassinos implacáveis mostrados quando eles foram inicialmente apresentados.
Com a produção da HBO Max citando Bat-Mirim, Rapaz Come Tudo e Homem-Pipa, não custa nada sonhar com a introdução de outros membros obscuros (e levemente bizarros) do Universo DC. Por isso, separamos alguns personagens que, apesar de seus conceitos bizarros, merecem uma chance não só em produções live-action, mas que fazem parte do DCEU - confira:
Rei dos Condimentos
Criado para a série animada do Batman nos anos 1990, o Rei dos Condimentos é, nos quadrinhos, pouco mais do que um vilão cômico com um apreço pouco saudável por ketchup, mostarda e afins. Acontece que, entre ser ridicularizado dezenas de vezes por membros da Batfamília e ter sua mente reprogramada pelo Coringa, ele tem o potencial para ter esses acontecimentos trágicos explorados com maior cuidado no cinema e na HBO Max, especialmente em produções que envolvam Bruce Wayne e seus protegidos.
Codpiece
Só pelo design, já dá para entender o apelo cômico que o Codpiece teria. O vilão da Patrulha do Destino era um garoto colegial normal até tomar um fora de uma garota de sua turma por ser “pequeno demais”. Embora a menina se referisse à sua altura, o rapaz achou que ela estava falando de seu pênis. A resposta do rapaz foi transformar a própria virilha em uma arma. O canhão multiuso tem laser, dispara mísseis e tem até uma luva de boxe.
Seguindo a linha de Pacificador - e até um pouco de Patrulha do Destino -, Codpiece poderia se tornar a personificação da masculinidade frágil e do falocentrismo que há décadas comanda a cultura pop.
Garota Arco-Íris
Uma das personagens menos conhecidas da Legião dos Super-Heróis, a Garota Arco-Íris tem poderes que, à primeira vista, podem até parecer inúteis, afinal, ela muda de cor de acordo com a emoção que sente no momento. No entanto, ela tem uma aura de feromônios que faz com que qualquer ser se apaixone por ela instantaneamente, algo que pode ser muito bem explorado em narrativas no DCEU - seja ela uma heroína ou remodelada para ser uma vilã.
Por ser menos conhecida, roteiristas e diretores podem adaptá-la com certa liberdade, seja em produções cômicas como Pacificador ou com tramas mais dramáticas, como Mulher-Maravilha.
Sandman
Não, não estamos falando do Perpétuo criado por Neil Gaiman. O Sandman desta lista é Wesley Dodds, o primeiro personagem a usar esse manto nos quadrinhos da DC. Membro da Sociedade da Justiça, o veterano do exército norte-americano usou seus conhecimentos científicos para criar uma arma que colocava criminosos para dormir.
Ao contrário dos outros nomes desta lista, Dodds é uma figura realmente trágica, tendo sido assombrado por visões - consequência do aprisionamento de Morfeu em Sandman -, traído pelo governo americano, que pedia que a SJA se submetesse às suas ordens, e sacrificando a própria vida para não permitir que o lorde do caos Mordru encontrasse o próximo hospedeiro do Senhor Destino.
Outros donos do manto, como Sanderson Hawkins, Garrett Sandford e Hector Hall, têm histórias tão ricas quanto a de Dodds e que merecem ser exploradas a fundo no futuro do DCEU.
Quinteto Inferior
De volta aos personagens cômicos, o Quinteto Inferior é um grupo formado pelos descendentes da antiga Brigada da Liberdade (não confundir com os Combatentes da Liberdade). Diferente dos pais, heróis bem-quistos pela sociedade, o Quinteto nunca conquistou o status de seus predecessores. Ainda assim, a equipe conseguiu enfrentar - e derrotar - vilões como o Gorila Grodd e Gridlock.
Criados como uma sátira do Quarteto Fantástico, o Quinteto Inferior tinha histórias com um humor pastelão que já era propositalmente datado até nos anos 1960, quando foram criados. Uma abordagem autorreferente como a vista em Deadpool, Patrulha do Destino ou mesmo o primeiro Guardiões da Galáxia se encaixaria perfeitamente em uma adaptação live-action do grupo e ainda daria espaço para que o Bat-Mirim realmente aparecesse no DCEU.
Cavaleiro Atômico
Capaz de prever acontecimentos que podem resultar em um holocausto nuclear, Gardner Grayle usou justamente a energia nuclear para modificar uma armadura medieval e torna-la capaz de produzir raios de energia e dar ao usuário habilidades sobre-humanas, como superforça e voo. Como o Cavaleiro Atômico, Grayle chegou a enfrentar gigantes como a Mulher-Maravilha e lutou ao lado dos heróis do multiverso DC na Crise nas Infinitas Terras.
O conceito absurdo do Cavaleiro Atômico talvez limite as possibilidades para explorá-lo nas telas, mas há certa graça em imaginar o herói, que já integrou equipes como os Renegados, aparecendo de forma descartável como aconteceu com a Equipe A de O Esquadrão Suicida.
Moça Infecciosa
Outra personagem quase desconhecida da Legião dos Super-Heróis, a Moça Infecciosa vem de um planeta cujos habitantes são colônias ambulantes para milhares de espécies de microorganismos. Imune aos efeitos que esses seres podem ter em outros indivíduos, a heroína nunca chegou a aprender como controlar seus poderes ou a direcionar sua capacidade de infecção de forma útil, o que fez com que ela fosse colocada na equipe “reserva” da Legião.
Assim como a Garota Arco-Íris, a Moça Infecciosa pode ser trabalhada de forma livre por roteiristas e diretores, que podem tanto manter sua aura absurda quanto transformá-la em uma figura trágica em busca de redenção.
Homem-Pipa
Claro que é trapaça colocar o Homem-Pipa nesta lista, já que ele foi diretamente referenciado no quinto episódio do Pacificador. Mas qualquer pessoa que já tenha lido A Guerra das Piadas e Charadas ou assistido a animação da Arlequina sabe o potencial infinito que esse vilão assustadoramente relacionável tem. Por mais ridículo que seja, o personagem conquistou fãs no mundo inteiro nos últimos anos anos e é apenas uma questão de tempo para que ele seja abraçado pelo grande público, seja adaptando a história trágica da versão criada por Tom King, ou recriando a persona estúpida do desenho em live-action.