Quando Sadie Sink pega um violão e começa a cantar pela primeira vez em seu novo filme, O’Dessa, que chegou na última semana no Disney+, é muito difícil não associá-la a Taylor Swift. Especialmente porque a atriz de Stranger Things já interpretou uma versão da própria Taylor no short film de All Too Well, em 2021.
No entanto, Sadie revelou que nem chegou a conversar com Swift sobre interpretar uma cantora em seu novo trabalho. “Acho que ela não sabia que eu ia cantar no filme”, contou a atriz em entrevista ao Omelete.
Faz sentido, já que a semelhança com Swift acaba nas primeiras cenas. Dali em diante, a protagonista corta os cabelos e assume uma vibe mais próxima de David Bowie – em quem ela realmente se inspirou.
“Eu vi [também] muitos vídeos antigos de entrevistas com Bob Dylan e Tom Waits, e tirei alguns maneirismos deles. Olhei pra PJ Harvey também, no jeito que ela se apresenta, e aí montei esse exército de lendas musicais que compõem quem O’Dessa é”, explicou ela.
Confira nossa entrevista completa com Sadie Sink, Regina Hall e Kelvin Harrison sobre O’Dessa:
OMELETE: Parabéns pelo filme! Regina, que bom te ver, porque eu tenho que dizer que quase não te reconheci a princípio. Eu fiquei, tipo: "Espera aí, essa é ela?". Você pode falar um pouco sobre sua preparação para a personagem e quanto tempo levava para se arrumar todos os dias?
Regina Hall: Sim, obrigada. Acho que levava umas duas horas, um pouco mais de duas horas, para ficar pronta. Eles faziam bem rápido depois dos primeiros dias. Foi muito divertido. Nós ensaiamos juntos e acho que estava tudo no roteiro, sabe? Neon Dion era uma personagem tão sombria, mas em um mundo colorido. Então eu pensei que, se ela não tivesse sobrancelhas, ela teria um exterior mais difícil de ler. Foi bem divertido brincar com figurino e cabelo e maquiagem.
OMELETE: Imagino! Esse filme fala do poder da música e acho que isso é universal. Para vocês três, tem alguma música com a qual vocês tenham uma história ou ligação maior?
Sadie Sink: Heroes, David Bowie.
Kelvin Harrison: Nossa, ela me faz bem quando eu coloco ela no carro e abaixo a capota ou abro o teto solar. É ótimo.
Regina: Sometimes It Snows in April, do Prince. Me faz chorar. Eu amo Sometimes It Snows in April. Vocês gostam dessa música?
Sadie: Não conheço essa.
Regina: Você não conhece? Eu conheço todas as músicas do Prince.
Kelvin: Eu sempre falei que era muito fã do Prince, mas agora não me sinto digno.
Sadie: Você ganhou uma música nova, de presente, hoje!
Regina: Tem várias. Mas sim, Sometimes It Snows in April é realmente... Tem algo tão lindo nessa música para mim.
OMELETE: Sim, eu acho que música conecta, mesmo que seja em línguas diferentes. E Sadie, você mencionou Bowie. Com certeza tem inspiração em Bowie por trás de O’Dessa. Mas eu estava pensando se você teve mais inspirações para criar ela. E, tendo trabalhado com Taylor Swift, ela te deu algum conselho musical que foi útil?
Sadie: Acho que ela não sabia que eu ia cantar no filme! Mas, em termos de inspiração, eu via muitos vídeos antigos de entrevistas com Bob Dylan e Tom Waits, e tirei alguns maneirismos deles. E aí olhei pra PJ Harvey também, no jeito que ela se apresenta, e tipo, montei esse exército de lendas musicais que compõem quem O’Dessa é.
OMELETE: Sim, perfeito. E Kelvin, acho que o filme só funciona se nós nos apaixonamos por Euri tão rápido quanto O'Dessa. E acho que isso acontece. Ele é tão cativante. O que você acha que o público se identifica nele?
Kelvin: Acho que o espírito dele é livre. Talvez ele esteja preso com a Dion, mas o espírito dele é livre. Ele não tem medo de dizer o que quer. Ele não está interessado em se envolver a menos que alguém esteja sendo honesto sobre quem é. E acho que essa é a questão dele com O’Dessa. Quando ele a conhece, ele fala: "Você parece legal, mas, se não quer abraçar ser legal de verdade, pode ir embora". E acho que tem uma honestidade nele que ela respeita. Ele é o que é.
OMELETE: Geremy [Jasper, o diretor] descreveu o filme como: "Uma odisseia musical, conto de fadas de ficção científica, jornada cósmica de herança, ópera rock mítica". Tem muitas definições numa fantasia, mas também é algo muito mais simples para mim, que é um mundo sobre pessoas perdendo sua fé. Tem manipulação em massa, glorificação de horror e dor às vezes. Como vocês acham que isso se relaciona com nosso mundo?
Sadie: Acho que é, infelizmente, uma mensagem muito relevante e atemporal. E acho que ter uma heroína como O’Dessa, que é tão esperançosa, determinada e destemida... é o tipo de herói que todo mundo precisa e quer ver agora. Então acho que muita gente vai responder a ela.
OMELETE: Para mim, o filme se destaca muito pelo design do mundo e pela qualidade das músicas, com certeza. Mas isso talvez tenha surgido depois que vocês já estavam no projeto. Então o que atraiu cada um de vocês para o filme em primeiro lugar?
Kelvin: Acho que eu estava interessado no Geremy porque eu gostei de Patti Cake$. Esse foi um dos pontos altos. E aí ouvir sobre o elenco, Sadie e Regina, e Murray [Bartlett], me deixou animado. Eu queria trabalhar com eles. O personagem me chamou muito atenção. Como eu estava dizendo, Euri é tão bruto e empolgante. Tinha muitos elementos diferentes e eu gosto de trabalhar com a Searchlight.
Regina: Era diferente também. Achei a música linda. Ouvir Sadie cantando foi tão lindo. E eu amo que nossa heroína é uma menina, sabe? Eu amo a esperança disso e amo que, mesmo que talvez não tenha sido um final de conto de fadas, eu gosto que tenha tanta esperança e amor.
