Apesar de atuar em Hollywood desde 2008, com participações em séries como Homeland e Royal Pains, Timothée Chalamet tem uma carreira relativamente nova, impulsionada pelo sucesso independente Me Chame Pelo Seu Nome, de 2017. De lá para cá, o ator de 25 anos recebeu grande reconhecimento de crítica e público, além de duas indicações ao Globo de Ouro e uma ao Oscar. Apesar deste sucesso, Chalamet protagonizará seu primeiro blockbuster com Duna, que estreia em outubro de 2021. Embora a maior parte da sua carreira seja formada por contos de amadurecimento em um mundo realista, são justamente essas histórias que o tornam perfeito para interpretar Paul Atreides, protagonista do livro de Frank Herbert e do longa de Denis Villeneuve.
A atuação de Chalamet em Me Chame Pelo Seu Nome, que lhe rendeu uma indicação ao Oscar, toca em diferentes sentimentos da juventude também presentes na vida de Paul. No filme de 2017, o ator transmitiu ao público as dúvidas, os encantos e as desventuras do primeiro amor, assim como a conturbada relação de um adolescente com sua família. Em sua essência, a história de Paul é similar à de Elio, embora, no caso do futuro duque, o romance fique em segundo plano. Traçar esse paralelo entre os dois personagens é possível devido a luta de ambos contra seus impulsos antes da realização de seus destinos.
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Em outras histórias adolescentes, como Lady Bird, Chalamet introduz características que podem ser vistas também no Muad’dib. No longa de Greta Gerwig, o ator vive o encantador e, às vezes, manipulador Kyle. Enquanto sua aura jovial servirá de exemplo para estabelecer a relação de Paul com personagens como Duncan Idaho, Gurney Halleck e Thufir Hawat, sua faceta mais cínica é essencial para que ele surja como uma figura de liderança para os fremen e, eventualmente, para o Imperium.
A relação conturbada de Nic com os pais em Querido Menino também traz semelhanças com a maneira como Paul interage com Duque Leto e Lady Jessica no decorrer de Duna. Em ambas as tramas, o personagem de Chalamet lida com problemas de família atípicos e segredos que abalam a ligação com seus pais.
De rei a figura messiânica
Mesmo que seja sua estreia no mundo dos blockbusters, Duna não é necessariamente o primeiro épico de Chalamet. Em 2019, ele interpretou Henrique V em O Rei, da Netflix, talvez a maior prova até agora de que o ator mereceu ser escalado como um dos personagens mais importantes da ficção científica. Como Paul, o monarca inglês é elevado repentinamente a um cargo importante de liderança e precisa liderar a contragosto um exército em uma guerra que ele não começou.
Em uma interpretação cheia de nuances, Chalamet consegue apresentar o conflito interno entre o príncipe Hal e o rei Henrique V. Tão relutante e despreparado quanto Paul quando recebido pelos fremen, o monarca praticamente cai de paraquedas nos jogos políticos e nas intrigas governamentais que vêm com o cargo.
Embora o enredo de Duna traga mais alegorias religiosas que o de O Rei, a trajetória de Paul entre sua saída de Caladan e sua transformação em Muad’dib é tão complicada quanto as batalhas travadas por Hal. Assim como o rei britânico, o “duquezinho” lida com seus inimigos ao mesmo tempo em que descobre seu papel no mundo em que vive.
Mesmo que as produções que Chalamet tenha aparecido sejam diferentes entre si, com temas e abordagens variadas, cada um de seus papeis conta com pelo menos uma característica básica de Paul Atreides. Unindo a experiência – e a qualidade – nos personagens ao carisma natural que o ator mostra em entrevistas e interações com o público, é seguro dizer que Muad’dib está em boas mãos.