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Entrevista

Entourage | "Sumir foi a melhor coisa a ser feita", diz Haley Joel Osment, astro de O Sexto Sentido

Ator fala sobre o novo filme, sua vida em Nova York e os planos para o futuro

22.08.2015, às 13H38.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Haley Joel Osment, o garoto que via pessoas mortas em O Sexto Sentido, cresceu, foi para a faculdade e agora está de volta a Hollywood. Os olhos azuis continuam os mesmos, mas ficam escondidos, espremidos entre suas bochechas e o cabelo mais longo. Vestindo uma camisa azul, calça cinza e uma bota de fazer muito sertanejo se borrar de inveja, o ator conversou com o Omelete sobre Entourage: Fama e Amizade, sua experiência como astro mirim e os motivos que o levaram a se mudar para Nova York para ficar invisível.

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A crítica de Entourage: Fama e Amizade

Como é ser o novato, já que estes caras já se conhecem e trabalham juntos há oito anos. 

A equipe técnica toda e os atores estão trabalhando juntos há quase 10 anos. Se não me engano eles começaram em 2004. É um ambiente muito divertido que eles criaram aqui e acho que sou um cara de sorte porque era um personagem que não estava na série e chego com total liberdade de criar algo novo. É um personagem que está aqui para ser um espinho no pé do Ary (Jeremy Piven). Ele não entende muito bem como as coisas funcionam, mas mesmo assim eles têm de ouvi-lo porque ele tem o poder do dinheiro. Fazer o vilão é sempre mais divertido do que ser o bonzinho.

Você falou que era fã da série. Tinha alguém que você estava mais empolgado em conhecer? 

Eu meio que já conhecia os caras, mas o mais legal é que boa parte do meu papel é ao lado do Ari. Mas semana passada filmamos uma cena em uma puta festa e é muito engraçado ver esses caras juntos e ver que a química entre eles é algo real.

Você era um fã da série? 

Sim! Eu assisti enquanto passava na TV e vários amigos meus do colégio e faculdade também viam também. Eu acabei não contando para todos eles que eu ia participar, então imagino a cara deles quando descobrirem que estou aqui agora, fazendo parte de algo que víamos juntos.

O que aprendemos no set de Entourage: Fama e Amizade

Quantos anos você tinha quando a série começou? 

Uns 15 anos. [risos]

E viu todas as temporadas?

Sim! E o engraçado é que muitos atores e gente do meio do cinema participou da série sendo eles mesmos e é legal que não estou fazendo uma versão de mim mesmo. Nas primeiras fotos que apareceram online eu estava bem texano, com fivelão e tudo e algumas pessoas começaram a perguntar “quem é este cara?” Não sou eu que vai estragar a surpresa.

Mas sempre foi assim, com o personagem criado desta forma ou você gostaria de fazer a si mesmo? 

Eu meio que prefiro assim. Durante a série acho até que ia ser legal fazer um papel como eu mesmo, mas agora acho que está bom assim. É bom não se preocupar com a forma como está representando a si mesmo e ainda ter liberdade de ser tão maligno quanto quiser ser.

Mais malvado do que o Ari (Jeremy Piven)? 

É uma das coisas que mais queria ver, porque Jeremy manda muito bem neste papel e o que você mais vai ver aqui é a gente brigando feio. Vai ser muito divertido. O meu personagem não é do tipo que responderia para o Ari, o que às vezes é até pior para ele porque ele está mais acostumado a estas discussões ávidas e tenho este antídoto às armas de intimidação e persuasão do Ari. [risos]

E quanto de espaço há no set para improvisações? 

Temos uma certa liberdade. Muitas das cenas acontecem em festas, com mais de 40 pessoas, mas o roteiro é ótimo e temos ótimas falas ali. Acho que o Jeremy é quem mais se aproveita disso. Ele conhece muito bem o personagem e sabe usar aquelas frases de efeito como ninguém. 

Você está trabalhando bem próximo do Billy Bob Thornton aqui. Como é esta relação entre vocês e como é o seu sotaque no filme? 

Eu vi muitos vídeos dele no YouTube e queria deixar claro que não vou fazer uma imitação dele. Faço um sulista também, mas um cara que estudou naqueles colégios internos super caros. Billy Bob é um cara demais. A primeira cena que nós fizemos era Billy, Ari e eu olhando o vale da fazenda - uma coisa bem diferente do que víamos na série.

Como foi que você entrou neste projeto? 

Eu nem imaginava que ia rolar. Fui fazer o teste sem muita pretensão, achando que estava ali mais para cumprir tabela porque eles queriam ver atores dos mais variados estilos. Doug é um cara muito legal e criativo e deve ter visto o potencial de fazer algo diferente com este papel. É um personagem bem engraçado. Eu fiz este teste muitos meses atrás.

Como o Doug é também o roteirista, ele é do tipo de diretor que muda as coisas de um dia para o outro, escreve cenas e diálogos novos? 

Sim. Como Entourage é o tipo de programa que está sempre citando filmes de verdade e pessoas, eles sempre têm um plano B caso não consigam os direitos para falar alguma coisa. Ele sabe bem como fazer este tipo de coisa.

O que aprendemos no set de Entourage: Fama e Amizade

Como você surgiu muito cedo e estourou, como está sendo esta passagem de astro infantil para ator agora já adulto? 

Eu me afastei de tudo isso na época da faculdade e acho que foi a coisa certa a ser feita. Claro que é um pouco ruim sumir do mapa, mas do ponto de vista criativo foi a melhor coisa. E agora, recebendo convites para participar de projetos como este, é muito mais claro para mim o que quero para a minha carreira de ator. Acho que poder escolher papeis bem diferentes um do outro vai me ajudar a encarar entrevistas com pessoas com quem falei quando tinha 12 anos.

Tem alguma coisa que você sabe agora e gostaria de saber quando começou sua carreira lá na infância? 

A cada projeto novo você descobre novas formas de fazer as coisas. O processo vai se tornando mais natural. Não acho que eu gostaria de apressar as coisas. Creio que aprendi na velocidade certa. Se não tivesse feito filmes quando era mais novo talvez eu não teria ido para a faculdade de cinema, mas ao mesmo tempo cheguei lá já tendo uma boa base de como funciona um set.

Mas tem alguma dica que você gostaria de dar para o seu eu mais novo? 

Fui muito feliz de ter pais que cuidavam da parte dos negócios. E sempre seguimos uma filosofia de que “se não for algo divertido, você não precisa mais fazer”. Agora sigo um lema parecido “se não for divertido, você está fazendo errado.” [risos] Porque até no papel mais sombrio, naquele projeto mega complicado, existe uma diversão na hora que você está criando aquele cara.

Quando você era um astro infantil você tinha uma entourage, com outras crianças que ficavam trazendo chocolates para você? 

[risos] Não! Pô, isso ia ser legal! E para ser sincero esta foi justamente uma das coisas legais de ir para a faculdade porque quando eu era mais novo quase nunca ficava com outras crianças. O máximo que eu tinha era um irmão mais novo em uma sitcom. E na maioria dos filmes não havia outras crianças nos sets. Mas era legal isso porque a maioria dos diretores com quem trabalhei não ficava tentando me enganar com algum tipo de truque. Só trabalhei com diretores que me tratavam como um adulto, sem ficar me manipulando para conseguir o que eles queriam, o que foi ótimo. E daí quando cheguei na faculdade é que fui trabalhar com pessoas da minha idade pela primeira vez, o que abriu todo um leque de possibilidades.

Você trabalhou desde pequeno e ficou famoso quando ainda era uma criança. Isso chegou a te atrapalhar? 

A maioria dos trabalhos que eu fiz eram curtos, então eu acabei estudando em uma escola normal, como qualquer criança e depois fui para a faculdade. O que talvez seja um lado negativo era a falta de privacidade e o fator de que era meio difícil ficar “invisível" em um lugar público. Mas por outro lado sempre gostei muito de trabalhar e dos projetos que eu fiz. E quando estava na faculdade acho que tive um pouco deste anonimato. Em um lugar como Nova York é possível ir a lugares onde as pessoas não sabem ou não ligam para quem você é.

Qual faculdade você fez? 

Teatro Experimental na NYU.

A crítica de Entourage: Fama e Amizade

E agora você continua morando lá ou aqui em Los Angeles? 

Meio a meio. Eu tento ficar o máximo possível lá, mas por sorte tenho vindo bastante para cá a trabalho.

Além de atuar, você tem pretensões de dirigir também? 

Eu adoraria. Acho que ainda vai demorar um pouco, mas seria legal usar a experiência que eu acumulei até aqui e botar à prova, sabe?

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