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Drive | Omelete Entrevista Nicolas Winding Refn

Diretor fala sobre o premiado filme

01.03.2012, às 18H16.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 17H16

Drive, novo filme do dinamarquês Nicolas Winding Refn, está fez sucesso no mercado internacinal depois de ganhar 39 prêmios e ter mais de 50 indicações nos maior festivais de cinema do mundo. Refn ganhou Melhor Diretor no Festival de Cannes.

Para a estreia do filme no circuito comercial Bill Graham, correspondente do Omelete em Los Angeles, entrevistou o diretor, que contou sobre filmar Ryan Gosling nas cenas dentro dos carros e sobre efeitos visuais, que foram pouco usados no filme por causa do orçamento apertado, dando lugar aos efeitos práticos - que são filmados na hora. Além disso o diretor comentou seus próximos projetos como o remake de Fuga no Século 23 e um filme sobre a Mulher-Maravilha.

Uma coisa que me chamou atenção enquanto eu olhava a sua biografia, entrevistas e coisas assim - você e a sua mulher fizeram alguns documentários. Você não dirige. Você não dirige, não tem carteira de motorista. Você já mencionou isso.

Eu não tenho uma carteira. Eu fui reprovado 8 vezes. Três vezes no exame escrito e eu só passei porque decorei os símbolos sem saber o que significavam. Na quinta vez eu estava fazendo o exame... prático? É assim que vocês chamam quando você dirige por aí?

Sim.

E eu fui reprovado de novo, claro.

Sério?!

Deus age de formas misteriosas e não era meu destino dirigir.

Essa foi uma experiência que fez você querer sair e dirigir? Ou você se contentou com as 8 vezes que foi reprovado? Tudo começou quando eu tinha 18 anos e estava tentando tirar a habilitação.

Você faz isso porque as pessoas falam que, se você quiser trabalhar com cinema tem que saber dirigir. Você tem que dirigir como assistente ou coisa assim. Então, por isso você deveria ter uma habilitação, mas nunca consegui.

Fale um pouco sobre... Tinham muitos ângulos de câmera no Ryan Gosling e parecia muito que era ele que estava dirigindo o carro... o quê? 99% do tempo? Quanto disso foi...

O Ryan estava dirigindo... Uma das minhas ideias era que tudo devia ser filmado com a câmera. Isso significa que o Ryan, que tinha que estar em todos os planos, tinha que ser realista. Ele fez muitas cenas de ação, testes de direção e ele construiu o próprio carro. Ele pegou todas essas ideias do que queríamos fazer e eu pude colocá-lo no carro na maior parte das cenas, com ele dirigindo. Foi bem empolgante, na verdade.

Uma coisa que amei no filme é que muita coisa é efeito prático. Parece que não tem efeitos visuais neste filme. Assim como "Bronson" e "Valhalla Rising" que não parecem usar muita computação gráfica. Claro, parte disso é porque você está trabalhando com orçamento limitado. Mas a outra parte disso é o seu estilo visual?

Bem... É uma pergunta interessante, na verdade. Acho que tem muito a ver com o orçamento porque a computação gráfica até ficou mais barata. Eu ainda não tive a oportunidade de estar em uma sala com fundo azul. Não sei se eu vou gostar, na verdade. Eu amo estar em uma locação, estar em outro lugar do mundo. Amo estar em lugares que me lembram emoções reais. Eu adoro tocar nas coisas, desenhá-las. Acho que para o ator com certeza ajuda na atuação. Estar em um lugar que pelo menos passa a ilusão de ser real.

Com certeza.

Quando eu fizer "Fuga no Século 23" com certeza vou entrar na área de computação gráfica. Mas é uma área diferente. Vai ser pensado no orçamento. Mas como eu nunca tive o dinheiro, eu nunca pensei em fazer algo em CG porque eu sabia que seria impossível. Então você tem que fazer tudo na prática.

Com certeza.

Mas é um ótimo jeito de aprender. Você aprende a fazer e se um dia tiver dinheiro para fazer tudo no computador, pelo menos você sabe o que pode ou não ser feito.

Uma coisa que me chamou a atenção no filme é que tem muita presença dos carrões americanos. Estamos falando do Impala, que é super mexido. Eu não percebi muitos carros estrangeiros no filme. Isso foi algo intencional ou só aconteceu?

Acho que todo o lance do carro... Eu não sei nada sobre carros. Eu nem sei os nomes dos carros, nem das coisas que tem dentro. Mas eu gosto de curvas e linhas. Eu basicamente olhava fotos de carros que eu gostava de ver. Aí eu escolhia sem saber quais eram na verdade, sabe? Então, não foi intencional, mas ao mesmo tempo estávamos fazendo um filme sobre a mitologia de Hollywood. Que é muito muscular, uma área americana. Então, acho que automaticamente virou um filme com carros americanos.

Com certeza. Obviamente "Bullit", com Steve McQueen, foi muito mencionado como uma inspiração. O Mustang do filme foi uma referência a isso ou não foi intencional?

O Mustang entrou no filme porque eu tinha tão pouco dinheiro que pensei: "Ok, com quem eu posso negociar?". "Quem me daria um carro?". Isso foi uma coisa. Mas ao mesmo tempo tinha que ser o carro certo. Não fiquei especificamente pensando em "Bullit". Era mais uma lacuna, para mim. Este herói que não consegue achar a porta de saída deste pesadelo. Ele perde o controle. Ele tem que proteger a Carey Mulligan, que faz a Irene, e matar os vilões. Foi mais pelos carros e pelo Mustang. De novo, eu disse: "o que fica legal?" Se ficasse legal, eu filmaria. Por acaso é o mesmo carro que Steve McQueen dirige em "Bullit", que não é a pior coisa do mundo.

Exatamente. Se eu mencionar os nomes Greg Rucka e George Pérez te lembra alguma coisa?

Quem são eles?

Os quadrinistas de uma das fases mais populares da Mulher-Maravilha.

Ah, certo. Nossa. Bom, a Mulher-Maravilha é... Acho que todo o meu fetiche e interesse na Mulher-Maravilha veio de... Três ou quatro anos atrás minha filha obcecada com o programa de televisão. O antigo, dos anos 1970. Eu assisti na sequência com ela. Nós gostamos muito. Eu sempre fui fascinado por ela como personagem. Eu não sou um fanático conhecedor de quadrinhos como várias outras pessoas. Mas sou fascinado pela mulher que tem o poder. Eu não conseguia achar outro modelo para dizer à minha filha: "Isso é um exemplo de mulher, além de sua mãe". Então... Eu fiquei obcecado com a Mulher-Maravilha e pensei: "tenho que fazer um filme dela". Tenho que mostrar minha visão. Aí eu conheci um escritor de quadrinhos que me contou as origens dela, que são muito fascinantes. Comecei a perceber que eu e o criador dela provavelmente tínhamos o mesmo fetiche de mulher. Então eu soube que tinha que fazer este filme. Se é que um dia ele vai acontecer.

Drive é um filme do dinamarquês Nicolas Winding Refn (Bronson, O Guerreiro Silencioso), vencedor do prêmio de melhor diretor no Festival de Cannes.

Na trama, um dublê de Hollywood (Ryan Gosling), que à noite trabalha como motorista de fugas para criminosos, descobre que há um preço pela sua cabeça depois que ajudou o namorado ex-presidiário de sua vizinha (Carey Mulligan) em um golpe que acabara mal.

Christina Hendricks (Mad Men), Bryan Cranston (Breaking Bad), Oscar Isaac (Robin Hood) e Albert Brooks também estão no elenco. Drive adapta o romance homônimo de James Sallis. Hossein Amini (Honra e Coragem) escreveu o roteiro.

Drive estreia no Brasil dia 2 de março

Leia a crítica e mais sobre Drive.

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