Em entrevista com Steve Weintraub, nosso correspondente, o diretor Brian Percival e o autor Markus Zusak, de A Menina que Roubava Livros (Book Thief), falam sobre sua relação, a resposta recebida pelas obras e os cortes na história e na versão final do longa.
Vou começar dizendo parabéns por tudo, o filme é ótimo, é realmente poderoso. Nada além de coisas positivas a se dizer, imagino que a colaboração foi muito boa, vocês se entendiam, mas eu quero chegar no recheio, quero chegar... qual foi a grande luta? Qual foi o momento que vocês saíram irritados, gritando, dizendo que isso não daria certo? Ou então...
Brian Percival: Eu... o pior, eu honestamente gostaria de te dizer o pior, eu realmente gostaria, algo como uma grande novela mexicana, mas não houve, nós nos conhecemos há mais ou menos um ano em Chicago, e conversamos por muitas horas, e acho que apenas nos entendemos nós tínhamos os mesmo ídolos, tudo o que eu queria era trazer a história dele a um público maior ela me tocou tanto, de tantas maneiras diferentes que eu só queria... eu queria visualizá-la, sabe, foi isso. E quanto a gritaria...
Markus Zusak: Não, e sempre teve a ideia de que... sabe, era só passar o bastão ao próximo mesmo e era a hora do Brian fazer o que ele faz na sua especialidade e... então eu me lembro de descer do elevador, é um dos momentos que eu sempre vou me lembrar, é a sua primeira reunião com o diretor e a última coisa que o Brian disse pra mim, bem no final, ele me puxou pra perto e disse "eu não vou te decepcionar", e realmente ele fez daquilo um momento ele poderia ter dito "é, prazer em conhecê-lo" e aquilo realmente foi importante para mim, então desculpe-me por desapontá-lo nas nossas cenas de luta, mas não houve nenhuma.
Este é um daqueles filmes que você... É uma história muito poderosa e um filme muito poderoso, é uma daquelas coisas que afetam muitas pessoas. O que significa pra vocês tocarem tantas pessoas com a história e com o filme?
BP: Para mim é bom receber essa resposta, ainda não saiu, sabe, então não sabemos o que o público em geral vai dizer, mas todos que vimos nas prévias foram realmente movidos por ele, nós arruinamos a maquiagem de muita gente.
É verdade.
MZ: Isso... isso significou muito pra mim, através dos anos, porque eu passei mais tempo com ela e sempre que eu vou a algum lugar e encontro leitores eles são sempre generosos comigo e você meio que começa a pensar, que você faz isso pra você mesmo na hora de escrever, mas quando está pronto, e alguém fala qualquer coisa boa sobre ele você se sente grato por ter pessoas que ainda leem, e nesse caso as pessoas ainda veem um filme que ama os livros também, e hoje em dia você começa a duvidar dessas coisas, é bom ter essa garantia agora.
Quando você estava escrevendo o livro existiu alguma trama, ou uma grande mudança que quase aconteceu, que foi perto, que acabou não acontecendo? E estou curioso, no filme existiam muitas cenas cortadas, a montagem inicial era muito maior?
MZ: No livro tiveram várias coisas que eu tirei, coloquei novamente... uma delas foi o personagem Max, chegou em um ponto, no livro, ao escrever, bem no início, em que eu cortei esse personagem, também tirei a morte como narradora, sabe, você tenta de tudo, e quando algo não funciona às vezes você faz algo drástico e o corta fora, mas aí você ganha novos problemas, e você acaba... ele se chama, como o Max, ele se chama de volta à história.
BP: Têm, talvez, quatro cenas que não chegaram ao corte definitivo, e isso é porque qualquer filme, quando montado você percebe que o público sabe tanto em um ponto em particular que a cena não acrescenta em nada, essas... essas uma ou duas cenas, maravilhosamente feitas, e é triste, foi triste tirá-las mas nós já sabíamos daquele ponto na história e ela não progredia a trama. Sabe, a maioria dos ajustes, acho que o primeiro corte foi uns 20 minutos mais longo do que o que temos agora mas a maior parte do que foi tirado eram ajustes entre as cenas, nunca precisamos tirar mais nada, sabe, não foi um daqueles filmes que chega a um ponto que é preciso resolver algum problema, foi um caso de "isso é o que temos, como melhorar?", não havia nenhum problema real nele portanto conseguimos lançá-lo dois meses antes do previsto e pudemos fazer isso porque tudo se encaixou maravilhosamente, então o crédito é para o roteiro e o que gravamos quando estávamos em Berlim, e não tínhamos nenhum problema de verdade para resolver, e então, não foi nada muito difícil.
A Menina que Roubava Livros estreia 31 de janeiro nos cinemas.