Diretamente da Comic-Con 2012, Érico Borgo participou de uma coletiva com Peter Jackson, Philippa Boyens, Richard Armitage, Martin Freeman, Andy Serkis e Ian McKellen, de O Hobbit - Uma Jornada Inesperada (The Hobbit - An Unexpected Journey). Eles falaram qual foi a sensação de participar do filme, como foram as filmagens e ainda contaram como Martin Freeman quase não participou do filme.
Como foi a adaptação de "O Hobbit", com os apêndices de "O Senhor dos Anéis"?
Peter Jackson: Pegando a obra de Tolkien... Ele escreveu um livro para crianças e publicou em 1936. De 16 a 17 anos depois, ele publicou uma sequência, que era mais um volume como de uma série épica. Então os dois livros tinham tons bem diferentes. Eu meio que... Eu entrei no projeto... com o sentimento que independente do que iríamos fazer, eu queria fazer uma série de filmes em que você poderia ver por completo e eles teriam uma consistência. Então eu não queria que "O Hobbit" fosse feito para crianças. Uma das vantagens que tivemos foi termos acesso aos anexos de "O Retorno do Rei". São 125 páginas que Tolkien desenvolveu para estender "O Hobbit". São particularmente associados a "O Hobbit", mas são publicados no final de "O Retorno do Rei". Então, esse material, de certa maneira, é mais sério que "O Senhor dos Anéis". Então, juntando os dois. Juntando o charme e o humor dos personagens de "O Hobbit"… e misturando com as histórias de contexto que estão nos anexos que iriam estender o livro, conseguimos fazer uma bela história.
Como vocês se sentiram trabalhando em "O Hobbit"?
Richard Armitage: Na verdade, todos os dias, você ainda sente a pressão que qualquer ator sente durante uma filmagem. Vocês junta tudo do filme tão devagar, que a sua perspectiva do filme como um todo ganha outra dimensão. Tem que ser assim. A ideia de... A única coisa que eu senti por eles foi confiança. Você fala com Peter Jackson um dia, e eu sei que ele tem o filme e o meu personagem inteiro intactos. Eu mal conseguia entrar no personagem, então, foi incrível ter essa confiança.
Martin Freeman: A minha responsabilidade começa com o meu trabalho. E esta é uma parte em que existe confiança. Confiar em quem está dirigindo, cuidando, posando. De repente, tudo ganha uma forma completa e colorida Sim, esta é uma parte da confiança muito importante. Eu gostei muito. E tem mais para vir. Neste momento eu vou gostar de qualquer coisa!
Falem um pouco sobre os 48 quadros por segundo.
PJ: Eu acho que 48 quadros por segundo é excelente. Eu acho que vai mudar como os filmes são feitos. Vocês têm que ver primeiro. Ninguém viu um filme com 48 quadros além de mim. É muito interessante de ver. Eu acho que é um ótimo avanço no que as pessoas vão experimentar no cinema. E sentir o realismo. É algo que não dá para ver na TV em casa. Então, eu acho que é muito importante. Como produtores de filmes, nós usamos cada vez mais da tecnologia para fazer com que as pessoas voltem ao cinema. Nós vivemos em uma época em que crianças, especialmente adolescentes, não vão mais ao cinema. Diferentemente de como era quando nós éramos jovens. Então, todas essas coisas... Mas você pode... Eu não queria que as pessoas assistissem a 10 minutos de filme e depois só escrevessem se gostaram dos 48 quadros ou não. Você não sabe se gosta ou não até assistir a 2h30 de filme.
Ian McKellen, como é interpretar Gandalf novamente?
Ian McKellen: Nesses 13 anos, eu conheci muitas pessoas que conhecem o Gandalf. Eles parecem conhecê-lo, pelo menos tanto quanto eu. Então, provavelmente, eu me desacostumei com a ideia de Gandalf. Tinha uma parte minha que não queria voltar e fazê-lo de novo, mas isto não importava, porque é um trabalho que só eu tenho que fazer. Mas eu estou muito feliz por poder voltar.
Como são os fãs de J. R. R. Tolkien?
IM: Os fãs são estranhos, fanáticos. Mas, se eles são, nós também somos. Esses filmes têm sido feitos pelos maiores fãs de Tolkien que existem. Os maiores fãs do mundo.
Andy Serkis, como foi interpretar Gollum novamente?
Andy Serkis: Nós somos lembrados constantemente que… estes personagens, Gandalf e Gollum, foram absorvidos pelo inconsciente coletivo. Confrontamos pessoas diariamente que querem falar sobre o Gollum. Então, ele nunca se afastou muito. Foi completamente bizarro voltar para o personagem, fisicamente também. Desde o primeiro dia, parecia que eu estava fazendo esta incrível imitação... Uma imitação do Gollum de fãs e outras milhões de pessoas. Originalmente. Esta foi uma sensação estranha.
E como foram as filmagens, desta vez?
AS: O que foi ótimo sobre voltar foi perder peso e conseguir trabalhar com Martin, que eu admiro muito. E também trabalhar com o Peter Jackson de novo, e naquele ambiente, onde, por causa da natureza das cenas, é de uma tacada só. As cenas são longas, mas nós filmamos como se fosse no teatro. A maioria das vezes, nós filmávamos a cena do início ao fim, de ângulos diferentes. Eu acho que eu... Martin e eu tivemos múltiplas chances de improvisar de diversas formas. Peter nos deu a chance de explorar níveis diferente, de compreender a cena dramaticamente. Foi uma experiência fantástica!
Philippa Boyens, como foi voltar á Terra-média?
Philippa Boyens: Surpreendentemente, pareceu bem fácil voltar. Um dia, eu estava sentada no meu escritório, pensando: "Eu não acredito que estou digitando o roteiro de 'O Hobbit'. Eu não acredito que estamos fazendo isso!" Mas pareceu certo. Nós realmente amamos estes personagens e também amamos os atores que os interpretam, porque eles nos ajudam a criar a história, como produtores de filmes. Criar os personagens é como criar um filho. Mesmo sendo um vilão, uma criatura estranho, um feiticeiro, o que seja. Isso é absolutamente verdade. Então, foi um privilégio ver este elenco sendo criado. E ver estes homens... Quando vimos Richard Armitage pela primeira vez como Thorin, e eu fiquei muito feliz! Muito empolgada. Isto é muito bom!
O que significou para vocês fazer "O Hobbit"?
PJ: Nós fazemos o filme. Tentamos fazer o melhor filme que podemos. Escolhemos os filmes por nós. Os filmes que nós gostaríamos de ver. Mas isso não significa que acabou, porque o dia que terminamos o filme... geralmente... Trabalhamos até o último momento, um ou dois dias antes do lançamento. E, de repente, o filme existe por completo. Pessoas ainda escrevem para nós, pessoas que assistiram a "O Senhor dos Anéis". Crianças escrevem porque assistiram pela primeira vez. E, então, para nós nunca parou. E isso é uma das melhores coisas, perceber que você criou algo que entretém as pessoas e espero continuar fazendo isso com o passar dos anos.
Como vocês escolheram Martin Freeman para interpretar Bilbo Bolseiro?
PJ: Nós testamos muitas pessoas. Nós conhecemos pessoas. Nós tínhamos uma imagem de como Bilbo deveria ser e as características que ele deveria ter. Simplesmente o que queríamos que ele parecesse. E, para ser honesto, Martin Freeman estava no topo da lista desde o início. Foi muito triste por um tempo, porque Martin não estava disponível, porque ele já estava comprometido com a série "Sherlock". A segunda temporada já estava certa com as datas e ia bater com a nossa filmagem. Então, nós tentamos pensar em um plano B, mas nós não podíamos, e nós, absolutamente... E eu acho que não havia mais ninguém... Mais ninguém que poderia fazer um trabalho melhor que o Martin. Ele tinha as características exatas do personagem. E… Eu... Houve um momento catártico em que eu estava deitado na cama, umas cinco da manhã, e eu tinha acabado de baixar... o segundo episódio da primeira temporada de "Sherlock" no iTunes, e eu estava assistindo no meu iPad, na cama. E eu estava louco assistindo, pensando: "Isto é absolutamente louco. Este é o cara que deve interpretar este papel. Ele não está disponível, mas temos que fazer alguma coisa." Então, na verdade, nós nos falamos por telefone naquela manhã…. sobre os seus compromissos na Inglaterra. E eu disse: "Você consideraria, de alguma forma, se nós parássemos de filmar por três meses "e você pudesse voltar a filmar a segunda temporada?" Então, foi o que fizemos. Na verdade, era tão importante para nós que paramos de filmar, e depois voltamos para filmar o resto. E ainda bem que eu fiz essa decisão! Uma das melhores coisas que já fiz na minha vida!
Martin Freeman, como foi a filmagem com eles?
MF: É um ótimo grupo de pessoas. São tão legais atrás da câmera quanto na frente dela. Eu poderia... Sim, como uma pessoa nova no set, como Richard Armitage, nós nos encontramos em uma posição em que há centenas e centenas de pessoas no set, que já estiveram lá antes. Todos se conhecem, têm uma história com o outro. Tanto através de Peter, quanto outros filmes em Wellington. Sim, é uma coisa bem pessoal. E todos nos conhecemos agora, e às vezes cansa um pouco, mas é como um grande filme de Hollywood.
O Hobbit - Uma Jornada Inesperada já está nos cinemas.