Depois das entrevistas que fizemos com Elle Fanning, J.J. Abrams e os garotos de Super 8, agora é a vez do principal adulto do filme. Kyle Chandler fala a Steve Weintraub, o editor do nosso parceiro Collider e correspondente do Omelete em Los Angeles, sobre o trabalho com o elenco mirim e as lembranças que Super 8 traz.
Como você está hoje?
Estou bem. Prazer em conhecê-lo.
Prazer em conhecê-lo também. O que foi mais difícil para você? Fazer o filme ou guardar os segredos?
Guardar os segredos foi muito simples. Mas eu aprendi... É um dom que eu carrego comigo, agora. Pois a resposta que eu tinha que dar quando as pessoas perguntavam: "Sobre o que é este filme e o que você está fazendo? O que está acontecendo com sua carreira?". Minha resposta era: "Desculpe, eu não posso falar sobre isso, é segredo". Agora minha resposta padrão, não importa o que eu esteja fazendo... Me pergunte o que eu vou fazer depois?
Você vai fazer algum seriado para a FX ou FOX, ou algo na próxima...
Desculpe, eu não posso falar sobre isso, é segredo. Funciona muito bem! Pronto! Qual é a próxima pergunta?
Isso é ótimo.
Sim.
Falando sério por um instante. J.J. gosta muito de guardar segredos sobre seus filmes. Ele te puxou de canto quando as filmagens começaram e disse: "Ei, eu realmente gostaria que você não falasse sobre isso"?
Desde o começo eles nos pediram para não falar. E eu posso ver o porquê. Eu tinha uma grande amiga que cresceu em Hollywood, e uma das coisas de que ela realmente não gostou com o passar dos anos... Isso há 10, 15 ou 20 anos atrás... Com todos os bastidores, Hollywood, e como os filmes são feitos. É como ir até um mágico que diz: "É assim que faço meu truque". E isso incomodava essa mulher naquela época. Isso lhe permite ter aquele mistério... Talvez de 30 anos atrás, quando você não sabia nada sobre o filme antes dele sair. Você não conhecia os atores, não existia IMDb, você não sabia nada sobre a vida pessoal deles. Você vai ver algo, vai se envolver, e está alheio a tudo até que naquele momento, em que você entra no filme. E eu gosto dessa ideia, é como um ponto de interrogação numa caixa.
É bom. J.J. é conhecido pelo ponto de interrogação.
O ponto de interrogação, certo.
Exato. Fale como foi trabalhar com J.J. e também com as crianças. Eu sei que quando se trabalha com pessoas abaixo dos 18 anos, você só pode trabalhar apenas oito horas com eles no set, ou talvez seja mais do que oito?
Eu não sei as horas exatas. Mas você sabe pela cara deles quando alguém sussurra no ouvido deles: "É hora de ir pra escola".
Como foi trabalhar... Quer dizer, vocês obviamente tiveram uma relação muito importante no filme. E poderia falar como foi trabalhar com J.J.?
Vamos pular para como foi trabalhar com J.J. e Joel, o personagem de Joel, meu filho. Foi interessante, trabalhamos no sentido… Joel nunca tinha atuado antes. E você não sabe o que vai conseguir agora. E já está fazendo um filme sobre algo que você não sabe do que se trata, até ler o roteiro no seu trailer quando está sozinho, porque tudo é secreto. E aí você não sabe o que vai conseguir. Mas o motivo do filme... Eu vi o filme 5 dias atrás. Eu não tinha visto até então. E acho que a razão deste filme ser tão bem sucedido, é que, em momento algum, J.J. trouxe crianças para o set. Ele trouxe jovens atores. E ele respeitou o processo destes jovens atores. E era do mesmo modo com todos que estavam no set. Ele era muito esperto, muito aberto e foi muito imaginativo. Com isso, quando você vê o filme... Um dos objetivos principais numa filmagem é que seja divertido. Há uma razão para isto se chamar "atuar". Você atua, entende? O set era muito divertido, assim as pessoas eram abertas. Acho que quando as pessoas são mais abertas, elas são muito mais focadas. Talvez para algumas pessoas isso funcione ao contrário, mas eu gosto de caos, o caos me deixa mais concentrado. Neste filme, aquilo que eu não vi como resultado de tudo isso, é que os personagens constantemente evoluem ao longo do filme. Você tem personagens que vão evoluindo e mudando no decorrer do filme. E dentro dessa mudança e desenvolvimento, você é, de repente, um desconhecido para si mesmo até que... seja levado emocionalmente por uma cena dessas. E neste roteiro, você nunca imaginaria que esta seria a cena que te envolveria emocionalmente e talvez até te faria chorar. Eu chorei em algumas cenas, especialmente quando assistia a esses jovens atores. Eu dizia: "por que eu... por que eu estou tão emocionado agora?". E a razão é porque tudo no estudo do personagem e no desenvolvimento do personagem é direita e emocionalmente sincero. E todos estes momentos emocionantes foram construídos. Eles os mereceram. Por causa da narrativa. Com essa linha de raciocínio, e com esta... e com aquela maravilhosa... construção do desenvolvimento do personagem. É rodeada por esta grande massa de diversão e contentamento... Há ótimos efeitos especiais, há uma cidade caindo aos pedaços, há o mistério, e há algo acontecendo, as pessoas estão sumindo. Há tudo isso. Mas há um sentimento, quase como uma história de amadurecimento, uma história de amor. E há a história de homem que precisa encontrar o filho, para encontrar a si mesmo novamente e deixar esse luto passar. Há tanta coisa acontecendo, mas tudo isso se resume a uma boa narrativa. Muito parecido com a primeira vez que vi "Contatos Imediatos", "E.T."… É uma história muito boa. Embrulhada em uma bela embalagem. É um ótimo filme.
Uma das coisas que eu adoro no filmeé que logo nos créditos iniciais há o logo da Amblin...
Sim, e isso lhe traz lembranças, não é?
É claro que traz.
Legal.
E gostaria de saber, para você, quando viu aquele logo pela primeira vez no cinema, o que imediatamente lhe fez pensar?
Me fez pensar na mesma coisa que você pensou e tantas pessoas pensaram: "eu voltei para casa". Me senti ótimo.
Você tem algum filme favorito do começo dos anos 80? "Conta Comigo", "Os Goonies", ou qualquer filme do tipo?
Todos os filme que você citou são ótimos. São ótimos filmes. Eu os adoro. Mas acho que o filme que mais me pegou foi "Contatos Imediatos de Terceiro Grau". Se me permite, eu tenho dois filhos, de 15 e 9 anos. E assisti a esses filmes muitas vezes com eles. Nós assistimos no quintal, sob as estrelas, nós projetamos num lençol amarrado no balanço. Foi assim que meus filhos viram esses filmes pela primeira vez. Eu estou ansioso para passar este filme da mesma forma. Mas acho que quando era criança, "Contatos Imediatos" incentivou minha imaginação como nenhum filme havia feito até aquele ponto.
Eu gostaria de perguntar antes do tempo acabar, você fez duas séries de sucesso, e há muitos boatos sobre você estar ligado a outras séries. O que você pensa, agora que "Friday Night Lights" está se encerrando, para o seu futuro na mídia? Está pensando mais nos filmes, mais na TV....
Minha carreira começou quando este trem passou e alguém me puxou para ele, eu nunca parei para pensar, nunca me perguntei como seria, eu apenas fui tocando. Eu nunca... quando algo acontece... quando uma garota bonita passa, eu pago o jantar, eu não vou fazer muitas perguntas.
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