Detalhe do pôster do Festival de Cannes 2024 (Reprodução)

Créditos da imagem: Detalhe do pôster do Festival de Cannes 2024 (Reprodução)

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Megalopolis, Furiosa e mais: Os 10 melhores filmes de Cannes 2024

Festival trouxe grandes filmes com Demi Moore, Nicolas Cage e mais

Omelete
6 min de leitura
28.05.2024, às 10H44.

O Festival de Cannes 2024 acaba hoje (25) com a entrega da Palma de Ouro e dos outros prêmios da competição principal - mas, tendo em vista que este é o primeiro ano em que o Omelete acompanhou tudo em primeira mão, assistindo nada menos do que 30 filmes nas duas semanas de festival, é claro que precisamos fazer o nosso próprio ranking das melhores obras que tivemos a oportunidade de ver na Croisette.

O ranking abaixo tem algumas barbadas (Furiosa e Megalopolis estavam entre os mais aguardados de Cannes desde o anúncio da seleção), algumas gratas surpresas e até um Nicolas Cage. Dá para pedir mais?

10. Limonov: The Ballad

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Cinema pop em seus impulsos mais eloquentes, Limonov: The Ballad apresenta a vida de Eduard Limonov - escritor, agitador político e figura polêmica dos tabloides russos, além de eventual mordomo dos ricos e poderosos de Nova York - como ela foi: uma busca incessante, e incessantemente assistível, por validação, excitação e provocação. Enquanto Ben Whishaw se desdobra em uma performance explosivo, compulsivamente carismático sem nunca inventar desculpas para o egoísmo espetacular do personagem, o diretor Kirill Serebrennikov cria um filme que passeia com energia anárquica por marcadores culturais e subversões morais da época da qual Limonov foi, em última instância, um dos maiores agentes do caos. Confira a crítica completa.

9. A Queda do Céu

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O melhor filme brasileiro exibido em Cannes 2024 foi este documentário assinado por Eryk Rocha e Gabriela Carneiro da Cunha, que mergulha na cosmologia yanomami para desvendar como as tradições e narrativas mitológicas dos povos nativos brasileiros se relacionam à história violenta da invasão branca, da depredação da natureza, e do futuro que eles vislumbram. Denúncia e resgate valiosos, sim, mas também reflexão oportuna, visualmente bem resolvida e universal sobre as ferramentas que usamos para negociar com a realidade, e o papel dessas negociações na nossa apatia ou atividade dentro do mundo. Confira a crítica completa.

8. Furiosa: Uma Saga Mad Max

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Fãs de Mad Max: Estrada da Fúria talvez encontrem pouco para amar em Furiosa: Uma Saga Mad Max, mas fãs de cinema de gênero - e de George Miller - com certeza vão comprar a viagem por fantasia onírica, ficção científica alegórica e drama de vingança operático em cinco atos que o grande cineasta australiano realiza aqui. Muito menos disposto a se curvar diante da exigência por “autenticidade” que tem pautado as tentativas de elevação dos filmes de gênero de Hollywood, Furiosa abraça a artificialidade de seu mundo e o teatro caleidoscópico de referências que faz da franquia criada por Miller uma pedra tão rara no cinemão comercial. Confira a crítica completa.

7. The Girl with the Needle

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O filme de monstro, por todas as suas enormes potencialidades discursivas e raízes profundas na cultura pop, é um dos acidentes mais felizes da história do cinema - um tipo de filme que nasceu de influências europeias, sensibilidades estadunidenses marginalizadas e um sistema de estúdios faminto por lucro fácil. O dinamarquês The Girl with the Needle se aproveita de tudo isso para dar força à história de conflito de classes e sofrimento feminino comprada pelo diretor Magnus von Horn, criando um dos longas mais esteticamente precisos (sua evocação do cinema de monstro é muito mais profunda e específica do que eu esperava) e narrativamente contundentes de Cannes 2024 - e Trine Dyrholm é ouro, como sempre. Confira a crítica completa.

6. All We Imagine as Light

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O primeiro filme indiano na competição pela Palma de Ouro em mais de 30 anos, All We Imagine as Light é menos Bollywood e mais drama indie com toques sociais. A diretora Payal Kapadia centra sua história em mulheres que se veem em cruzamentos diversos de fé, amor, trabalho, família, finanças e morais, escolhendo mostrar como elas acham apoio, conselho e alegria umas nas outras dentro da hostilidade da metrópole Mumbai. Um filme de climas e sonhos, que ousa misturar formatos sem se tornar abstrato em nenhum momento, e que vai tocar profundamente todo morador de cidade grande, todo crente na gentileza humana, todo fã do cinema que se importa e demonstra ternura com seus personagens. Confira a crítica completa.

5. Megalopolis

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Nada do que eu diga pode te preparar para Megalopolis. Ambicioso e político são adjetivos que certamente se aplicam a ele, com seus paralelos históricos e sociais entre os EUA contemporâneos e o Império Romano. Inovador e desavergonhado são outros, que indicam a multiplicidade de recursos estéticos e narrativos nos quais Francis Ford Coppola se apoia, incluindo um batalhão de ideias saídas do cinema de gênero kitsch que muitos ainda consideram menor, e muitos diriam estar abaixo da estatura dele como cineasta. Megalopolis é uma dança, uma ópera, uma experiência em cinema, uma autonarrativa egocêntrica, e muito mais - um pedaço de arte que precisa ser visto, muito mais do que descrito. Confira a crítica completa.

4. The Surfer

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A chave para o sucesso da fase mais recente de Nicolas Cage é como ele usa o seu status de meme cinéfilo para bancar projetos que escondem narrativas de interesse humano por baixo de extravagâncias conceituais que caem como uma luva ao seu estilo… ahm, intenso… de atuação. The Surfer é o melhor desses Cavalos de Tróia cinematográficos até hoje, abusando de um setup simples para colocar o personagem de Cage em choque com o culto da masculinidade, encarnado por um Julian McMahon (o Doutor Destino do Quarteto Fantástico dos anos 2000) que absorve com um sorrisinho de lado odiável todos os tiques dos life coaches masculinistas das redes sociais. Lisérgico, incômodo, compulsivamente assistível, The Surfer é o novo Cage em plena forma.  Confira a crítica completa.

3. Bird

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O cinema de empatia radical que Andrea Arnold desenvolveu a partir de um sentimento de sufocamento socioeconômico e emocional que dominava o começo de sua filmografia encontra sua melhor encarnação em Bird. Todos os temas da narrativa ela encara de frente, sem muito rodeio: responsabilidade parental, amadurecimento e solidariedade queer, desenvolvimento de identidade em um ambiente hostil, a animalização do humano e a salvação pela arte. E todos os caminhos estéticos levam na direção da consideração pelo ponto de vista dos personagens - não é a toa que o filme frequentemente mostra a protagonista, Bailey (Nykiya Adams), projetando vídeos que gravou no celular em paredes e cortinas de sua casa. Bird vive no mundo deles, e nos convida a viver também.Confira a crítica completa.

2. The Substance

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Assim como fez com o filme de estupro-e-vingança em Revenge, a cineasta Coralie Fargeat começa The Substance a partir da vontade de reclamar um gênero para o lugar legitimamente feminino que sempre foi dele - desta vez, o horror corporal. Mas The Substance acaba indo muito além disso, se desenvolvendo em um épico incansável de cooptação narrativa e visual, em uma provocação afiadíssima sobre o olhar masculino que predomina na cultura pop (o famoso male gaze), em uma comédia de terror sci-fi sobre maternidade, em um O Retrato de Dorian Gray contemporâneo, em um filme de fantasma e monstro no qual os fantasmas e os monstros são um. E Demi Moore, em performance que merece recolocá-la no lugar merecido de uma das atrizes mais dedicadas de Hollywood, empresta um rosto dolorosamente familiar a tudo isso. Confira a crítica completa.

1. Parthenope

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Oscar Wilde dizia que os sábios são aqueles que encontram beleza nas coisas belas - aos que veem a beleza como um fim em si mesmo, ele chamava de eleitos. Paolo Sorrentino é um dos eleitos, um esteta que discursa longamente sem precisar dizer uma palavra, que encontra na pureza da beleza estonteante, na evocação milenar da cultura da qual cada uma das suas imagens nasce, uma forma sublime de dizer tudo o que admiramos e escondemos admirar, que odiamos e escondemos odiar, que sentimos doer e escondemos sentir. Tempo, amor, sacralidade, moralidade, respeito, miséria, exploração, zombaria, veneração, cinismo, carinho, obsessão, dignidade… enfim, tudo que é humano cabe na beleza de Parthenope, um filme de coração colossal e olho guloso por mais, mais e mais desse mundo terrível e espetacular que ele reflete e distorce. Confira a crítica completa.

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