Karla Sofía Garcón em photocall de Emilia Perez em Cannes (Valery HACHE / AFP)

Créditos da imagem: Karla Sofía Garcón em photocall de Emilia Perez em Cannes (Valery HACHE / AFP)

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Emilia Perez | “Ser trans não me faz mais anjo nem mais demônio”, diz atriz

Karla Sofía Gascón fez defesa apaixonada dos direitos trans em Cannes

Omelete
3 min de leitura
27.05.2024, às 08H47.
Atualizada em 18.06.2024, ÀS 15H31

A atriz espanhola Karla Sofía Gascón, protagonista do musical Emilia Perez, concentrou os holofotes durante a coletiva do filme no Festival de Cannes 2024, acompanhada hoje (19) pelo Omelete. A ex-estrela de telenovelas, que se identifica como transgênero e interpreta uma personagem trans no filme, comentou sobre a mensagem do longa de Jacques Audiard.

Não é importante o que esse filme representa para mim como pessoa transgênero, mas o que ele pode representar para todas as pessoas transgênero”, começou ela. “Primeiro, para todos os atores trans que estão por aí, trabalhando e dedicando suas vidas a essa arte. Tenho muitos amigos que se apresentam em teatros pequenos, para públicos pequenos, e gostaria de dizer a eles que a luta vale a pena, não desistam, vocês podem vir parar aqui um dia também”.

Segundo, as pessoas transgênero vivem uma realidade muito difícil, de insultos e perseguições. Eu mesmo já fui ameaçada de morte, puramente por existir”, continuou a atriz. “Acho que Emilia Perez mostra que as pessoas transgênero são pessoas, antes de serem transgênero. E todas as pessoas merecem ser livres, não? Todas as pessoas têm direito a tomar decisões sobre o seu próprio corpo, não? Eu não sou nem mais anjo nem mais demônio só por ser trans, ninguém é mais esperto ou mais burro por ser trans. Espero que o filme dê visibilidade a essa verdade simples”.

Desde o começo do tempo, a humanidade tem buscado um grupo no qual culpar tudo o que vê de errado no mundo. As mulheres, as pessoas de cor, as pessoas de sexualidades diversas… agora, são as pessoas trans”, disse ainda. “Nos esportes, nos banheiros, no cinema, em todos os lugares. Mas nós somos pessoas normais, não somos mais nem menos culpados do que ninguém. Então, já é hora de tratar as pessoas trans com respeito, com as mesmas oportunidades que damos a todas as outras pessoas”.

Gascón também contou sobre suas dificuldades iniciais com o projeto, especialmente em relação às cenas em que precisa interpretar Manitas, o chefe de cartel de drogas que mais tarde se torna Emilia. “Queria muito interpretar ela, mas não tinha ideia de como interpretar ele.Quando chegou o dia de filmar as cenas como Manita, fiquei muito ansiosa, mas o que me ajudou a descobrir o personagem foi a caracterização”, comentou ela, que aparece com barba falsa e tatuagens no rosto durante os momentos iniciais do longa.

O filme todo foi um processo de entender esses dois personagens, que na verdade são um, e como eles se afastam e se aproximam durante a história. E não é todo ator que tem a oportunidade de desenhar uma jornada como essa em tela”, notou Gascón. “Então, apesar da minha ansiedade sobre interpretar Manitas, não podia deixar passar a chance. Mas vou admitir que, quando Jacques me contou sobre a ideia do filme, pensei: ‘Este homem está louco! Ele nem fala espanhol!’”.

O Festival de Cannes 2024 acontece entre 14 e 25 de maio, exibindo filmes aguardados como Furiosa: Uma Saga Mad Max e Megalopolis, de Francis Ford Coppola, entre muitos outros. Fique de olho no Omelete para a cobertura completa.

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