Greta Gerwig, a presidente do júri da competição principal do Festival de Cannes 2024, saiu em defesa dos funcionários de bastidores que ameaçam entrar em greve durante o evento. Em coletiva que aconteceu hoje (14), acompanhada pelo Omelete, a cineasta comparou a situação com as paralizações trabalhistas realizadas por sindicatos de atores e roteiristas em Hollywood, em 2023.
“Eu vi isso acontecer nos EUA no ano passado, e sei que funciona. Acredito que todos os trabalhadores precisam de condições dignas e pagamento digno, e quero expressar o meu desejo por um acordo que seja justo para todos os lados. Sempre vou manifestar o meu apoio a todo tipo de movimento trabalhista que busca por melhorias nesse sentido”, comentou.
Organizados em um coletivo denominado CGT-Spectacle, que também conta com funcionários de outros festivais ao redor da Europa, os trabalhadores de Cannes estão demandando pagamentos melhores e aceso a benefícios governamentais. Por enquanto, não houve interrupção dos serviços no festival por conta das negociações entre o coletivo e a organização.
Aproveitando o ensejo das polêmicas, enquanto isso, Gerwig também foi perguntada durante a coletiva sobre sua visão do movimento #MeToo na França. Anos após a eclosão de denúncias de assédio sexual na indústria de Hollywood, em 2016, o mercado francês vem passando por um movimento bem parecido - o "garoto-propaganda" dessa nova onda de denúncias é Gérard Depardieu, que enfrentará julgamento por assédio em outubro.
“Ver que as pessoas na indústria do cinema estão falando sobre as suas experiências é sempre positivo. Nos EUA, eu vi uma mudança enorme na indústria uma vez que isso aconteceu, então apoio que isso aconteça em todos os lugares”, comentou a presidente do júri. “Acredito que o diálogo sempre nos leva adiante”.
O ator Omar Sy, representante da França no júri principal de Cannes, ecoou os comentários de Gerwig: “Alguns anos atrás, as pessoas começaram a falar sobre suas experiências, e isso começou um diálogo que continua se desenvolvendo. Talvez se possa dizer que demorou demais para ter essa conversa em específico no nosso país, mas estou feliz que esteja acontecendo agora”.
Apesar do apoio dos colegas ao movimento #MeToo, o cineasta espanhol Juan Antonio Bayona completou dizendo que as denúncias não podem tirar o Festival de Cannes do seu foco: “Quando falamos de assédio sexual, não é um problema único do cinema, mas de todo tipo de indústria. É um tema muito maior do que nós, então estamos aqui para focar nos filmes”.
O Festival de Cannes 2024 acontece entre 14 e 25 de maio, exibindo filmes aguardados como Furiosa: Uma Saga Mad Max e Megalopolis, de Francis Ford Coppola, entre muitos outros. Fique de olho no Omelete para a cobertura completa.