Kristen Stewart certamente não está reclamando deste 2022. Depois de concorrer pela primeira vez ao Oscar por sua interpretação da Princesa Diana em Spencer, de Pablo Larraín, a atriz participou da competição de Cannes mais uma vez com Crimes of the Future, o novo filme de David Cronenberg.
Estava radiante e exprimiu sua empolgação na coletiva de imprensa do filme, estrelado também por Viggo Mortensen, Léa Seydoux e Scott Speedman. “Eu amo os filmes de David Cronenberg e mal posso acreditar que estou aqui”, disse a atriz. Mais adiante, falou ter achado um milagre ser escolhida para o papel da burocrata Timlin.
Sua primeira experiência com a estranha obra do cineasta foi quando viu Crash – Estranhos Prazeres (1996), sobre pessoas que fazem sexo em carros envolvidos em acidentes. “Eu provavelmente assisti ao filme quando era nova demais. Mas gostei de ver, percebi que ia me causar problemas”, afirmou. Ela não entendeu muita coisa, claro. “Talvez tenha sido fundamental na minha formação, como saber?”
Ela falou também sobre os comentários de gente deixando as salas de exibição em Cannes, que aconteceram em pequena medida, na verdade – no festival, saídas da sala fazem parte, porque os conflitos de horários são comuns. “É engraçado que muita gente diz que os filmes de Cronenberg são difíceis de assistir. Cada corte sangrando, cada machucado em seus filmes faz meu queixo cair, me inclinar para prestar atenção. Nunca me causam repulsa. Posso estar completamente enganada, eu sinto por meio de um desejo visceral. É essa a razão pela qual estamos vivos. É sexo com prazer.”
Altos e baixos
Kristen tem só 32 anos de idade, mas conhece bem os altos e baixos da carreira. Ela começou aos 8, fazendo filmes como Quarto do Pânico, de David Fincher, ao lado de Jodie Foster. Depois de vários filmes mais independentes, foi escolhida para viver Bella Swan, a humana que se apaixona pelo vampiro Edward (Robert Pattinson), na adaptação da série de livros Crepúsculo, de Stephenie Meyer.
Os dois foram alçados ao estrelato global, sendo perseguidos por paparazzi no mundo inteiro e alvo de críticas por uma suposta falta de talento. Em seguida, ela emendou outro candidato a blockbuster, Branca de Neve e o Caçador, com Charlize Theron e Chris Hemsworth.
Foi quando sua vida desmoronou. Fotografada aos beijos com o diretor Rupert Sanders, foi obrigada a se desculpar com Robert Pattinson, admitindo ali um romance que os dois nunca assumiram.
Após trabalhar com o brasileiro Walter Salles em Na Estrada, uma adaptação de On the Road: Pé na Estrada, de Jack Kerouac, ela se deu um tempo. E se reinventou.
Na França, fez dois longas com Olivier Assayas, Acima das Nuvens (2014) e Personal Shopper (2016), ambos exibidos na competição em Cannes. Pelo primeiro, ganhou o troféu de atriz coadjuvante no César, o Oscar francês, e começou a ser mais respeitada como atriz – afinal, se os franceses estavam dizendo...
As biografias JT LeRoy (2018) e Seberg Contra Todos (2019) são outros belos trabalhos da atriz, que emendou dois filmes cheios de expectativa que decepcionaram nas bilheterias, As Panteras (2019) e Ameaça Profunda (2019).
Pouco antes, ela tinha assumido sua bissexualidade e contado que havia recebido conselhos de não se expor com suas namoradas. Ela não deu a mínima. Na verdade, até virou ícone LGBTQ. Em novembro do ano passado, anunciou o noivado com a atriz e roteirista Dylan Meyer.
A verdade é que Kristen Stewart não está muito interessada apenas nos blockbusters. Spencer, com o qual se tornou a primeira atriz principal abertamente queer a concorrer ao Oscar, e Crimes of the Future mostram que, mais uma vez, ela deu a volta por cima apostando em filmes ousados.