Parte da história do Festival de Cannes passa por seus cartazes. São 66 anos de cinema e design contados por ilustrações originais, musas, imagens conceituais, fotos de set ou simplesmente artes criadas sob encomenda por agências.
Para celebrar a edição 2013 do festival, que usa o beijo de Joanne Woodward e Paul Newman em Amor Daquele Jeito (1963) para ilustrar seu pôster (em uma composição criada pela agência francesa Bronx), separamos alguns dos cartazes que marcaram a trajetória de Cannes:
1946
O primeiro cartaz do festival, criado por Leblanc, enquadra um pequeno casal ilhado para refletir o espírito do então pequeno evento cinematográfico no sul da França. A arte também revela a antiga data de Cannes, que acontecia entre setembro e outubro, no outono francês. Em 1951, depois de ser cancelado em 1948 e em 1950 por problemas de orçamento, o festival transferiu suas comemorações para a primavera para evitar o conflito de datas com o Festival de Veneza. Internacional desde o princípio, a primeira edição exibiu filmes de mais de 16 países e teve um eclético júri presidido pelo historiador Georges Huisman. O Grande Prêmio era então distribuído entre diversos filmes, não definindo apenas um vencedor. A Palma de Ouro, o mais cobiçado e prestigiado troféu do festival, seria criada apenas em 1955.
1955
Negativos de filme e bandeiras internacionais marcaram presença em diversas artes de Cannes. O pôster criado por Marcel Huet sobrepõe esses dois elementos para celebrar a oitava edição da festa e os 60 anos de cinema. O júri presidido pelo cineasta francês Marcel Pagnol entregou a primeira Palma de Ouro para Marty, filme de Delbert Mann, estrelado por Ernest Borgnine, que no ano seguinte levaria quatro Oscars.
1960
A segunda metade dos anos 1960 é feita de contornos mais sóbrios, focados na tipografia, mas os cartazes do início da década são marcados por ricas ilustrações assinadas por Jean-Denis Maillart, A. M. Rodicq e Jean-Claude Moreau. No cartaz de 1960, Maillart coloca gaivotas, flores e estrelas (três elementos que se repetem em diversas artes ao longo dos anos) dentro de duas mãos abertas. O júri presidido pelo escritor belga Georges Simenon deu a Palma de Ouro para A Doce Vida, de Federico Fellini. A Aventura, de Michelangelo Antonioni, e Alucinação Sensual, de Kon Ichikawa, dividiram o Prêmio do Júri.
1974
O surrealismo foi o grande destaque nos cartazes desenvolvidos na década de 70. Além do olho alado de Georges Lacroix, outras artes fantásticas foram criadas por Wojciech Siudmak e Folon. Em 1964, a Palma de Ouro precisou ser temporariamente eliminada por questões de copyright, sendo reintroduzida como o mais alto prêmio do festival em 1975. Na premiação de 74, o grande prêmio ficou com A Conversação, de Francis Ford Coppola, e o Prêmio do Júri foi para As Mil e Uma Noites, de Pier Paolo Pasolini.
1985
A década de 80 marca o início da tradição do festival de celebrar, em suas artes promocionais, a história do cinema. Começando com as Marilyns nebulosas de Michel Landi, em 1981 e 1982, passando por ilustrações assinadas por Fellini, Akira Kurosawa e Alexander Trauner, e chegando ao cartaz de 1985, em que a agência Information and Strategie criou um tributo a Eadweard Muybridge, o fotógrafo inglês famoso por seus experimentos em captura de movimento, para celebrar a evolução da sétima arte. Naquele ano, o júri presidido pelo cineasta Milos Forman entregou a Palma de Ouro para Quando Papai Saiu em Viagem de Negócios, do iuguslavo Emir Kusturica.
1992
O cartaz da 44ª edição de Cannes dá início a outra tradição entre as artes do festival: o uso de fotografias de belas e icônicas atrizes. Na arte de 1992, o designer Michel Landi usa o retrato de Marlene Dietrich feito por Don English para homenagear a atriz, que falecera dias antes do início do festival. Gérard Depardieu era o presidente do júri, que entregou a Palma de Ouro para A Melhor das Intenções, a história dos pais de Ingmar Bergman dirigida por Bille August.
2007
Em sua 60ª edição, a organização do Festival de Cannes buscou inspiração no trabalho de Philippe Halsman, fotógrafo famoso por seus retratos que pregava que a verdade estava no pulo: "Quando você pede a uma celebridade para pular, a atenção dela está essencialmente concentrada nesse salto, as máscaras caem e sua verdadeira personalidade é revelada". Durante a edição de 2006, diversas celebridades pularam para as câmeras do fotógrafo Alex Majoli, da agência Magnum. O designer gráfico Christophe Renard então criou o cartaz, reunido os retratos de Pedro Almodovar, Juliette Binoche, Jane Campion, Souleymane Cissé, Penélope Cruz, Gérard Depardieu, Samuel L. Jackson, Bruce Willis e Wong Kar Wai em um arranjo similar ao de antigos cartazes do festival. Stephen Frears presidiu o júri, que deu a Palma de Ouro a 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias, de Cristian Mungiu.
2012
Marilyn Monroe, musa mais uma vez, foi quem assoprou as velas nos 65 anos do festival. A agência Bronx escolheu a famosa foto de Otto L. Bettmann para marcar o aniversário. O italiano Nanni Moretti foi o presidente do júri, que entregou a Palma de Ouro para Amor, de Michael Haneke.