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Festival de Cannes | Ruth Negga arranca gritos de "Bravo!" por sua atuação em Loving

Atriz de Preacher estrela drama de Jeff Nichols ao lado de Joel Edgerton

16.05.2016, às 10H26.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Escalada para viver Tulipa na série Preacher, Ruth Negga arrancou gritos de "Bravo!" do 69º Festival de Cannes em resposta a seu desempenho comovente em Loving, drama de época, baseado em fatos, dirigido por Jeff Nichols (de Amor Bandido), encarado como uma das maiores promessas de renovação do cinema americano. Em disputa pela Palma de Ouro, o longa-metragem recria o drama de Mildred e Richard Loving (Ruth e Joel Edgerton, igualmente possante), um casal interracial expulso de sua cidade por ordem judicial em função do preconceito por ela ser negra e ele, branco. A seleção do filme foi encarada (e muito bem vista) pela imprensa europeia como uma tomada de posição de Cannes em relação sos debates sobre exclusão de raças no cinema a reboque da ausência de atores afrodescendentes no Oscar deste ano.

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"Desconhecia essa história, mas é uma honra poder contá-la de modo a suscitar um debate mais amplo neste momento em que a arte, gradualmente, vem perdendo o medo da controvérsia", disse Ruth ao Omelete, após ser apontada publicamente durante a conferência de imprensa de Loving como potencial candidata ao Oscar.

Para além de seu brilho no papel de Mildred, Ruth foi assediada na Croisette por conta de sua participação em projetos de forte expectativa aos olhos do mercado, como Warcraft e o já citado Preacher.

"Estou vivendo um momento magico na vida profissional, mas este filme coroa tudo, pela sua relevância social. Minha maior preocupação era fazer jus ao casal Loving e ao amor deles", diz a atriz de origem irlandesa, cuja maior rival em Cannes ao prêmio de interpretação feminina é a germânica Sandra Hüller, em disputa com a comédia alemã Toni Erdmann. "A Irlanda passou agora pela votação de um referendo em prol da oficialização do casamento gay, o que me deu orgulho e me fez reconhcer a importância de manter vivo o debate sobre diferentes formas de preconceito".

Embora tenha uma narrativa mais clássica (ou melhor, conservadora) do que a dos longas anteriores de Nichols, Loving ampliou o prestígio do cineasta no Velho Mundo, onde ele virou um darling da autoralidade ao ser premiado na Semana da Crítica de Cannes, em 2011, por O Abrigo. O longa anterior dele, o sci-fi Midnight Special, também com Edgerton, foi indicado ao Urso de Ouro no Festival de Berlim, em fevereiro, e estreou em abril nos EUA cercado de resenhas elogiosas. Seu flerte agora com o melodrama (feito de modo seco e épico) evocou comparações com cults fo cinema independente americano dos anos 1970, como Conrack (1974), de Martin Ritt. Na Croisette, Nichols é visto como um herdeiro da linhagem que revelou Francis Ford Coppola, Martin Scorsese e Steven Spielberg.

"Mais do que um filme sobre polêmicas, Loving quer ser uma história de amor, a história de um grande amor, que desafiou a Lei e a repressão", disse Nichols. "Fazer filmes requer o esforço de imprimir honestidade na tela"

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