Byzantium, novo filme de Neil Jordan, coloca o cineasta em território conhecido. O diretor de Entrevista com o Vampiro retoma aqui, 17 anos depois, o tema dos atormentados mortos-vivos, mas passando longe da afetação da obra de Anne Rice que adaptou na década de 1990.
Clara (Gemma Arterton) e Eleanor (Saorsie Ronan) são duas imortais em fuga, cruzando os séculos à frente de seus perseguidores. Não fica claro no início do que elas estão fugindo, mas não demora para que entendamos que, seja o que for, é letal.
Byzantium
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Jordan não segue as regras estabelecidas do gênero. Seus vampiros (que são chamados "Sucrientes"), não têm caninos pontudos, poderes hipnóticos ou fragilidade ao Sol. Tampouco podem voar, se transformar ou são dotados de superforça. O cineasta isola dos sanguessugas apenas o que convêm à história: a sensualidade exacerbada, a vida eterna e a necessidade do consumo de sangue. O único traço de diferença física aparente entre eles e um humano normal é a unha do polegar, que cresce como uma faca, com a qual perfuram a vítima. Essa mutação junta-se à vida eterna e sede por sangue nessa variação curiosa do mito do vampiro.
A personagem de Arterton é uma homenagem às grandes vampiras sexuais das telas. Prostituta há séculos, usa seu corpo como forma de sobrevivência, para dar à outra, que protege com ferocidade, condições mínimas de existência nessa realidade fugitiva. Os seios fartos, sempre ameaçando saltar do figurino, trazem à mente as vampiras voluptuosas do cinema B.
O filme é contado através de flashbacks interessantes - em que os personagens que estão lembrando eventos passados muitas vezes aparecem assistindo à própria cena (o ritmo lento e o recurso me lembrou em alguns momentos, guardadas as devidas proporções, Arca Russa). Mas os longos takes e a ausência na maior parte de Byzantium de eventos significativos ou explicações sobre seus mistérios (como o que é a Fraternidade e sua relação com o Santo Sem Nome), fazem o longa se arrastar pelas duas horas.
Entende-se a intenção do diretor - com essa cadência ele pode representar melhor a existência imortal -, mas quando algo enfim acontece, também não é efetivo o suficiente para dar ao filme momentos de pico, que mantenham o interesse. 17 anos depois, Jordan pouco aprimorou sua visão dos vampiros. Pena, pois essas criaturas andam precisando de todos os bons representantes no cinema contemporâneo que puderem conseguir.
Ano: 2012
País: Inglaterra
Classificação: LIVRE
Duração: 0 min