David Dobkin, diretor mais conhecido por comédias como Penetras Bons de Bico, arrisca-se por paragens supostamente mais prestigiosas em O Juiz (The Judge, 2014), drama com toques de humor que chega repleto de pretensões pouco veladas aos Oscar de atuação.
Na trama, um advogado de sucesso (Robert Downey Jr.) precisa retornar à pacata cidadezinha onde nasceu quando recebe a notícia da morte de sua mãe. Lá, porém, terá que enfrentar seu pai (Robert Duvall), o juiz da cidade e um bastião moral local, depois de décadas de um difícil rompimento familiar. Mas a situação se transforma, quando o patriarca se vê no centro de uma acusação de assassinato - e precisa do filho cheio de recursos para defendê-lo.
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O drama é um amálgama de subgêneros consagradíssimos, como o filme-de-tribunal, o filme-de-família e o filme-de-volta-pra-casa. Mas apoia a mistura com o charme e o carisma de Downey Jr. e Duvall, cujas altercações frequentes mantêm a experiência positivíssima, ainda que o roteiro em si não esconda grandes surpresas. A dupla divide momentos bastante difíceis em sua jornada de entendimento, em especial uma cena no banheiro, envolvendo problemas da velhice, que Dobkin conduz com extrema sensibilidade.
Essa sequência exemplifica bem o que O Juiz tem de melhor, o equilíbrio preciso entre o drama e o humor - quase sempre, claro, partindo de Downey Jr., que faz aqui uma versão bem mais humana e contida de seu Tony Stark. O humor é uma autodefesa que o ator explora muito bem dentro do personagem.
Esse equilíbrio dá o norte ao filme, que se desenrola dentro do esperado, sem grandes risadas ou tristezas. Até a escolha do cineasta pelo compositor Thomas Newman, especialistas em temas para filmes que buscam exatamente esse mesmo tipo de emoção, como Um Sonho de Liberdade, evoca essa intenção, talvez meio calculada demais, de gerar algo para sentir-se bem. Um filme decente, mas completamente inofensivo e recauchutado, que vale mesmo pela atuação de seus protagonistas.
Ano: 2013
País: EUA
Classificação: LIVRE
Duração: 141 min