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Finisterrae | Crítica

Uma viagem ao passado das fantasias de cavalaria para, no presente, devolver ao mundo seu encanto

10.10.2011, às 14H47.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

O festival de música e arte multimidia Sónar, que teve uma edição em São Paulo em 2004 e retorna à cidade em 2012, acontece anualmente em Barcelona desde 1994. Para a edição de 2010, o idealizador do evento, Sergio Caballero, que já havia criado obras como compositor e artista plástico no Sónar, dirigiu o seu primeiro longa-metragem, Finisterrae.

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Tem um pé na videoinstalação, portanto, este filme premiado no Festival de Roterdã, sobre dois fantasmas que fazem o caminho por Santiago de Compostela, até o fim do mundo, finisterrae, para retornar ao plano dos vivos. É o tipo de viagem que dá margem a todo tipo de interpretação... A vantagem de Finisterrae é que essas interpretações, mesmo as mais especulativas, tendem a ser todas bem interessantes.

O etéreo e o tangível, o fantasioso e o real, tornam-se uma coisa só e inseparável quando traduzidos em imagens - essa tentativa de axioma parece ser um bom ponto de partida para aproximar-se da proposta de cinema de Caballero.

Aproximação é o termo certo neste caso; Finisterrae não é o tipo de filme que se "decifra", como se o espectador estivesse diante da Esfinge, mesmo porque o diretor opera na chave do humor sem compromisso, fazendo graça com hippies videntes, sapos encantados e florestas que têm ouvidos.

Esses elementos típicos de histórias-de-travessia e de fantasias de cavalaria (a "bruxa" clarividente, a floresta antropomorfa, a realeza enfeitiçada) estão no imaginário europeu desde eras medievais, e uma das propostas de Finisterrae - partindo daquele axioma - é desconstruir esse imaginário, dar-lhe corpo, trazendo os elementos citados para uma paisagem da Galícia que, por ser atemporal, receberá essa desconstrução com harmonia.

De repente, nesta releitura semiótica loucona de Monty Python Em Busca do Cálice Sagrado, não se diferenciam mais os animais vivos, dos empalhados ou toscamente fabricados. Sensíveis aos elementos da natureza, todas as coisas em Finisterrae tornam-se reais, sejam cavalos que queimam ao vento ou fantasmas com seus lençóis imundos de terra.

E a ressignificação do mundo palpável por meio da fantasia devolve-lhe o encanto perdido.

Nota do Crítico
Ótimo
Finisterrae
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Ano: 2010

País: Espanha

Classificação: LIVRE

Direção: Sergio Caballero

Roteiro: Sergio Caballero

Elenco: Pau Nubiola, Pavel Lukiyanov, Santí Serra, Yuri Mykhaylychenko

Onde assistir:
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