Filmes

Crítica

Terra Firme | Crítica

Concorrente italiano ao Oscar retorna a uma paisagem clássica do neorrealismo em libelo humanista

10.10.2011, às 14H39.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Filippo Pucillo, o garoto siciliano nascido em 1989 que cresceu fazendo filmes do diretor Emanuele Crialese, como Respiro e Novo Mundo, revelou-se na maioridade ser um péssimo ator, mas sua canastrice combina com Terra Firme (Terraferma), novo filme de Crialese e candidato italiano ao Oscar 2012 de melhor estrangeiro.

terraferma

None

terraferma

None

terraferma

None

É uma canastrice próxima daquela dos atores amadores que no neorrealismo desempenhavam papéis que se confundiam com suas realidades - como os pescadores de A Terra Treme, clássico de 1948 de Luchino Visconti cujas similaridades com Terra Firme não ficam só na rima. Ambos os filmes tratam da comunidade pesqueira na Sicília, e em 60 anos as dificuldades de subsistência da região só ficaram mais complexas.

Em Visconti, o viés de esquerda tinha uma base marxista - os pescadores precisam se unir contra os vendedores que depreciam seu produto e menosprezam seu trabalho. Crialese lida com uma realidade diferente: metade da família de Filippo (Pucillo) já aderiu ao desapego, suas casas viram pousada de veraneio e seus barcos, trampolins com caixas de som para os turistas. Apenas o avô de Filippo ainda acredita no lado comunal da pesca, e ele arruma problemas com a lei, um dia, quando recolhe do mar um dos muitos grupos de africanos ilegais que buscam na Itália uma nova vida.

O viés de esquerda de Crialese, portanto, tem um fundo humanista, mas ele não se esquiva de fazer comentários sobre os resquícios de coletividade num mundo, agora, regido pela lógica do indivíduo, como na cena da reunião dos pescadores, em que a câmera faz zooms-out constantes para partir do pessoal e englobar a comunidade.

Como é característico do diretor, algumas composições de quadro são belíssimas (os pescadores à sombra do barco, o balé submerso dos turistas, a sombra do labor na caverna) e outras pesam a mão no sentimentalismo (os planos-detalhes das mãos brancas e negras juntas no barco). Em comparação com os melhores Respiro e Novo Mundo, Terra Firme parece mesmo trocar um pouco a sutileza pela retórica, mas como o filme instituiu, no princípio, um diálogo com essa tradição de engajamento do neorrealismo, talvez a guinada discursiva de Crialese seja mesmo proposital. No Oscar com certeza é o tipo de filme que costuma emplacar.

Nota do Crítico
Bom
Terra Firme
Terraferma
Terra Firme
Terraferma

Ano: 2011

País: Itália, França

Classificação: 14 anos

Duração: 88 min

Onde assistir:
Oferecido por

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Ao continuar navegando, declaro que estou ciente e concordo com a nossa Política de Privacidade bem como manifesto o consentimento quanto ao fornecimento e tratamento dos dados e cookies para as finalidades ali constantes.