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Crítica

7 Caixas | Crítica

Sucesso do cinema paraguaio imita o cinemão americano para ironizá-lo

23.04.2014, às 22H00.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Como seria de esperar, 7 Caixas (7 Cajas), o maior sucesso de bilheteria da história do Paraguai, com mais de 250 mil espectadores (o país tem 7 milhões de habitantes), emula os gêneros e estilos do cinemão hollywoodiano - uma influência histórica especialmente em países que não têm uma tradição cinematográfica estabelecida, como o Paraguai.

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A sacada do longa dirigido por Juan Carlos Maneglia e Tana Schembori é tratar essa influência com ironia, como ter a ousadia de rasgar uma nota de 100 dólares.

O protagonista é Victor (Celso Franco), um carregador do Mercado 4, populosa mistura de feira livre e camelódromo que ocupa vários quarteirões no Centro de Assunção. Victor quer comprar um celular com câmera para poder se filmar como os atores do cinema policial americano que ele vê na televisão, e para isso aceita uma encomenda: carregar Mercado afora as misteriosas sete caixas do título. Victor logo vê seu sonho se realizar, quando vira astro de uma perseguição que envolve a polícia e uma gangue de carregadores rivais.

Do vilão barbudo ao conspirador bem vestido que fica nos bastidores, 7 Caixas preenche rapidamente as peças exigidas nas receitas desse tipo de filme de ação. A câmera na mão, ou colocada em steady no peito dos personagens na hora da correria, é mais do que familiar para nós, assim como as reviravoltas, esperadas e manjadas na sua imprevisibilidade. Já vimos este filme dezenas de vezes, enfim, e 7 Caixas só não se perde porque tem consciência dessa familiaridade - e então começa a jogar com ela.

Por exemplo, na falta de veículos para as perseguições - nas vielas do Mercado 4 não caberiam carros - os personagens se viram com os carrinhos de mão dos entregadores. Isso dá ao filme um tom absurdo que os diretores abraçam sem medo. Ao se comportar como farsa (o momento em que o MacGuffin é revelado, quando descobrimos o que tem nas caixas, é a grande virada nesse sentido), 7 Caixas consegue se distanciar com sucesso da matriz que emula: torna-se não um filme que imita as fórmulas de Hollywood, mas que subverte essas fórmulas.

Então o final da história não poderia ser outro, senão um comentário sobre a espetacularização da violência que atribuímos à indústria cultural dos EUA. O zoom-out repetido em todas as televisões, mostrando o mesmo replay de uma morte, é uma grande imagem de impacto, que sublinha, seguido do sorriso do personagem no plano final, a postura irônica do filme em relação às banalizações que o cinema de massa nos impõem.

Acompanhe as nossas críticas do Festival do Rio 2013

Nota do Crítico
Bom
7 Caixas
7 Cajas
7 Caixas
7 Cajas

Ano: 2012

País: Paraguai

Classificação: 14 anos

Duração: 105 min

Direção: Juan Carlos Maneglia, Tana Schémbori

Elenco: Celso Franco, Lali González, Víctor Sosa, Nico García

Onde assistir:
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