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Filmes
Crítica

Vic + Flo Viram um Urso | Crítica

Essa tal liberdade

MH
20.10.2014, às 15H10.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

No documentário Bestiaire, o diretor Denis Côté (Curling) filmava recortes de um zoológico para fazer parecer que os presos eram os visitantes, e não os animais. Vic + Flo Viram um Urso (Vic + Flo Ont Vu un Ours) parte da mesma inversão, agora em chave ficcional, para mostrar como a liberdade pode ser angustiante.

vic e flo viram um urso

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Victoria (Pierrette Robitaille) tem 61 anos e acaba de sair da cadeia, em condicional. Entendemos que ela já cumpriu anos de sua pena perpétua, porque Vic retorna ao mundo - uma cabana da família no meio de uma floresta no Canadá - num estado semiselvagem. Ela não sabe como criar uma horta, como operar a cabana para fazer xarope de bordo, não sabe o que é insulina.

Vic sabe, porém, que quer viver na cabana com Florence (Romane Bohringer), sua parceira dos tempos da prisão, que acaba de terminar de cumprir sua pena. Reunidas, Vic e Flo experimentam na floresta os prazeres do recomeço de uma forma quase infantil, dirigindo um carrinho de golfe, brincando com piscina de plástico. A liberdade permite a pureza, enfim, mas com ela vêm as opções - ser quem quiser, como quiser - e portanto as dúvidas.

A certa altura, quando Vic + Flo Viram um Urso já tomou a forma de um suspense, Côté corta para uma cena da prisão, aparentemente aleatória, em que as detentas parecem muito mais à vontade do que as pessoas do lado de fora (o plano que mostra a grade delimitando o espaço poderia muito bem ter saído de Bestiaire). De volta a Vic e Flo, a angústia de ser livre se transformou na consciência de ser dependente de outra pessoa.

Côté trata a floresta canadense como se fosse uma dos cenários de folclore alemão dos irmãos Grimm, e nesse espaço de contos de fada onde tudo funciona como metonímia (a pista de kart, com seus pilotos cheios de pose, representa a possibilidade de um mundo urbano, de homens), os vilões da história não poderiam ser nada além de caricaturas. "Pessoas nojentas como eu realmente não existem", diz a vilã, consciente de que seu papel ali se resume a simbolizar o mal, a dor, a separação.

Denis Côté escolhe em Vic + Flo Viram um Urso uma maneira bastante fatalista de dizer que amores não duram para sempre, mas no fundo seu filme trata com afeto dos desafios de dividir a vida com alguém - e dos desafios de ser adulto.

Acompanhe as nossas críticas do Festival do Rio 2013

Nota do Crítico

Ótimo
Marcelo Hessel

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