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A ilha (The island, 2005) sofreu atrasos no seu cronograma e ficou pronto apenas alguns dias antes da sua estréia norte-americana. Para tentar ganhar a atenção dos críticos foi feita uma cópia com 45 minutos do filme. O que se pode chamar de "primeiro ato" foi exibido tanto para os jornalistas norte-americanos quanto aqui no Brasil. Numa introdução gravada, o diretor Michael Bay lançava a questão: "Até que ponto você iria para conseguir viver alguns anos a mais?"
A idéia é bastante interessante. Os personagens principais são Lincoln 6-Echo (Ewan McGregor) e Jordan 2-Delta (Scarlett Johansson), dois dos sobreviventes de uma catástrofe ecológica que dizimou a Terra. O único lugar seguro, além da instalação temporária onde vivem, é a tal ilha do título, destino sonhado por todos que estão ali. Porém, para ser deslocado para esta espécie de paraíso só há duas formas: estar prestes a dar à luz ou ser sorteado numa loteria.
Licoln 6-Echo é assombrado todas as noites pelo mesmo sonho e com seu jeito curioso decide procurar algumas explicações. Ao descobrir um pedaço da verdade ele se desespera e parte para salvar Jordan 2-Delta, com quem nutre uma relação bastante, digamos, próxima. A jovem havia sido sorteada e estava de malas prontas para ser deslocada para a ilha. Tudo o que ele consegue falar para ela antes de começar a correria é: Não existe ilha alguma!
Esta introdução dura mais ou menos um terço do filme e é a parte realmente boa da fita. O segundo terço, divertido e intrigante, mostra os dois correndo, pulando, voando, sendo perseguidos, escapando de tiros e descobrindo a verdade sobre suas identidades. Mas o maior problema mesmo está no desfecho. Bay erra a mão ao colocar ainda mais explosões e optar pelas saídas mais comuns nos filmes de ação atuais.
Vale o quanto ganha
Ok, A ilha pode não ser o novo Blade Runner ou Matrix, mas também não é tão ruim como foi seu desempenho na estréia norte-americana - fez pouco mais de 12 milhões de dólares, quando se esperava pelo menos o dobro disso. O que se vê na tela está, pelo menos, na média dos já outros blockbusters do verão ianque, com muita ação e efeitos especiais de boa qualidade. Então onde está o erro? Difícil apontar apenas uma coisa. Talvez seja o irônico fato dele se parecer com um clone de vários outros. Olhando a grosso modo pode-se ver diversas semelhanças com Matrix, Minority Report, Laranja mecânica, O Fugitivo e (será que eu estou vendo coisas?) Monstros S.A. Não há algo genuinamente novo por ali.
Talvez o problema seja outro. Parece que não houve uma estratégia definida de divulgação. Em uma busca rápida aqui no próprio Omelete você verá que pouco se falou sobre o projeto. Não tem jeito, filmes grandes, com orçamentos acima de 100 milhões de dólares (este custou 122 milhões) precisam gerar pelo menos uma notícia, mesmo que boba, a cada duas ou três semanas, para deixar o público ansioso pela estréia.
Como sabemos que além de ser exibido em salas do mundo inteiro um filme como estes gera também muita receita com a venda de DVDs, exibição nas TVs aberta e fechada, etc., fica difícil imaginar que alguém terá prejuízo. Só quem sai perdendo mesmo é o público e, em alguns casos, a reputação dos atores. Isso não vale para Ewan McGregor, que está muito bem em cena. O mesmo não se pode dizer da nova queridinha Scarlett Johansson. A menina não faz mais do que correr com cara de desesperada de um lado para o outro e dar um ou outro grito. Poderia ter sido facilmente substituída por qualquer outro rosto (mais) bonito. Quem rouba mesmo a cena é Steve Buscemi. No papel de McCord ele tem algumas das melhores falas do roteiro e, provavelmente, do ano. Quem mais poderia explicar aos inocentes 6-Echo e 2-Delta o que é Deus da seguinte maneira: "Sabe quando você quer muito uma coisa e você fecha os olhos e faz um pedido? Deus é o cara que te ignora." ;-)
Ano: 2005
País: EUA
Classificação: 14 anos
Duração: 136 min
Direção: Michael Bay
Roteiro: Alex Kurtzman, Roberto Orci
Elenco: Ewan McGregor, Scarlett Johansson, Steve Buscemi, Sean Bean, Djimon Hounsou, Michael Clarke Duncan, Ethan Phillips, Brian Stepanek
