Ana Hikari em As Five

Créditos da imagem: Globoplay/Divulgação

Filmes

Entrevista

Ana Hikari mira carreira no cinema (e não só como atriz)

Embora tenha começado na TV, a vontade de ir para as telonas é até anterior à sua carreira

Omelete
4 min de leitura
18.02.2023, às 06H00.

Ana Hikari está pronta para estrear nas telonas, e não é de hoje. Na realidade, antes mesmo de ser escalada em Malhação - Viva a Diferença, novela que a tornou conhecida no Brasil todo, ou efetivamente começar sua carreira como atriz, a paulistana já sentia esse encanto pelo cinema e sonhava em um dia estar lá também. “Minha paixão veio desde a primeira vez que assisti a Buñuel. Porque meu pai me botou para assistir a O Cão Andaluz com três, quatro anos de idade [risos]. Um filme super apropriado para crianças, né? Nem fiquei traumatizada pela cena do corte do olho”, lembrou a atriz.

A exposição precoce aos trabalhos do cineasta espanhol não foi pontual, nem sem propósito, já que o pai de Hikari é o professor de cinema na USP. “Cresci indo a festivais de cinema e de curta-metragem. E muito por conta do universo do cinema que eu me interessei pela arte, pelo teatro e por estudar atuação”. Com ele, por exemplo, descobriu desde a nouvelle vague até a filmografia dos brasileiros com quem hoje sonha em trabalhar, como Walter Salles, Anna Muylaert e Tata Amaral — e com a diretora de Antônia e Sequestro Relâmpago ela já até tem intimidade. “A Tata é amiga do meu pai. Então, eu ia em festival e ficava brincando no colo dela. Depois via o filme dela e ficava 'ai que legal, você que fez isso?' [risos]”, contou.

Nesse sentido, a TV só veio primeiro — embora, tecnicamente, sua trajetória como atriz tenha começado mesmo no teatro e nas suas experimentações com curtas na adolescência. Mas, indo de Malhação para As Five — e com um contrato de exclusividade como um empecilho —, não deu para tentar ir para a mídia que motivou sua carreira. Por sorte, esse não é mais o caso. “Agora eu tenho mais flexibilidade, então é um desejo meu muito grande. Quero trabalhar com esses grandes nomes que eu passei minha infância inteira assistindo, sabe?”.

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Além dos já citados, Hikari almeja colaborar ainda com Karim Aïnouz“tenho muita vontade depois de ver A Vida Invisível, que é um filme tão sensível”, explicou — e Kleber Mendonça Filho, embora considere esse último talvez um pouco mais improvável. “Ele, para mim, seria o auge! Assim, a gente nunca quer fechar as portas, né? Mas obviamente eu sei que eu, como sudestina… sei lá, não sei em que personagens poderia caber ali”, disse, não sem lembrar dos personagens de Karine Telles e Antonio Saboia em Bacurau.

Entretanto, ainda que esteja disposta a experimentar diferentes gêneros e até seguir o exemplo da Bruna Marquezine e se jogar no universo de super-heróis — de preferência na Marvel, "mas se vier DC, a gente vai na DC também! [risos]” —, a atuação é apenas uma das maneiras que Hikari quer se envolver com cinema. Ela revelou ao Omelete que tem também a ambição de escrever e dirigir suas próprias histórias. Não só por interesse pessoal, mas também como uma estratégia para encarar a falta de representatividade que enxerga no mercado brasileiro.

“Já tenho projetos escritos e esse é um dos meus objetivos esse ano: estudar e me aprofundar em direção e roteiro”, afirmou. “Acredito muito no que a Viola [Davis] falou sobre A Mulher Rei, sabe? Ela teve que produzir, porque simplesmente não dão oportunidade. Não dão espaço. E foi um p*ta trabalho! Podres de Rico também! É um absurdo que as pessoas pensem que esse tipo de conteúdo é nichado. A gente precisa reverter esse tipo de pensamento no Brasil, é preciso encontrar caminhos. Estou batalhando de todas as maneiras, seja como atriz, seja no futuro como produtora, roteirista, diretora, o que for!”.

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