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Animais Fantásticos e Onde Habitam | Como foram criados os animais do filme

Da decisão inicial sobre quais bichos estariam no longa até as marionetes que ajudaram os atores, saiba como foi o processo de desenvolvimento das criaturas

16.11.2016, às 14H31.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H39

Em Animais Fantásticos e Onde Habitam, uma das principais partes visuais do filme são os animais do título. Mesmo que já tenhamos conhecido algumas das criaturas mágicas apresentadas por Newt Scamander (Eddie Redmayne) em seu livro homônimo, o novo longa baseado na franquia Harry Potter introduz diversos novos seres fantásticos - e criá-los não foi um trabalho simples.

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Conversando com o elenco e equipe de produção no set de filmagens, descobrimos como foram desenvolvidos os visuais, como foi decidido qual animal apareceria no filme, como foi para os atores interagir com criaturas em computação gráfica e muito mais. Quando o produtor-executivo David Heyman foi questionado sobre as discussões com J.K. Rowling de quais animais estariam no filme, ele foi direto: "Não [discutimos nada]. Jo escreveu o roteiro e colocou os animais que ela queria e foi assim que seguimos", explicou.

"Hoje em dia [não há limitações] você pode criar o que quiser. Assim como todos os livros de Harry Potter, nós temos coisas no filme que não estão no roteiro porque Jo escreve um parágrafo e depois [nós precisamos colocar aquilo na tela]", disse Heyman. Segundo o diretor David Yates, são "mais ou menos 24 [criaturas ao longo do filme]. Mas algumas delas aparecem quase que de relance", explicou Yates sobre as adições que não estavam no roteiro."São quase como animais extras", disse.

Yates explicou ainda que a ideia não era criar animais que fossem tão fantasiosos, mas sim que pudessem pertencer ao mundo real. "Às vezes essas coisas podem parecer um pouco inacreditáveis, então tentamos dar uma qualidade bem orgânica à forma como às desenvolvemos", contou o diretor.

Apesar de tudo ser inserido digitalmente na pós-produção, muitas das criaturas com as quais o elenco precisava interagir tinham de existir de alguma forma para referência de tamanho. Foi nesse momento que entraram as marionetes. Criadas pelo departamento de arte, as representações dos animais serviam para que todos que estivessem atrás e na frente das câmeras pudesse ter uma noção do tamanho de cada bicho e como eles se mexem e funcionam.

Ainda assim, nem todos os animais que aparecem no filme precisavam de uma marionete de referência. Segundo o responsável pelos objetos de cena Pierre Bohanna, dependia muito do que seria rodado e o que os protagonistas precisariam ver. "O tamanho influencia muito também, para [representar] algumas delas, literalmente só fizemos saquinhos de feijão para referência, enquanto algumas das maiores eram uma bolinha de tênis em um bastão", explicou.

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"Isso era ótimo para Eddie, pois assim ele podia ver a escala e entender o que estava acontecendo. Os titereiros eram incríveis, é a mesma equipe que fez Cavalo de Guerra. Tivemos uma experiência muito agradável com eles porque tivemos que criar um conceito; só três pessoas operam esse negócio imenso que fizemos [para representar o erumpente] e a coisa toda só pesa 45 kg, é tudo feito de tubos de fibra de carbono. Foi um desafio técnico muito bom, mas no fim das contas estávamos fazendo uma marionete que alguém precisam operar e não dá pra ter certeza se vai ficar tudo certo. Mas eles têm habilidades incríveis e esse negócio toma vida - é maravilhoso", contou Bohanna.

Redmayne, por sua vez, foi muito grato à produção pela existência das marionetes. "Isso é uma das coisas mais importantes, o relacionamento de Newt com os animais. O mais legal de todo o processo é que mesmo que David [Yates] tenha feito todos esses filmes nessa escala, ele me perguntou o que eu precisava para tornar essas relações o mais real possível. Eu trabalhei com o dançarino Alex Reinalds, com quem já tinha trabalhado em A Teoria de Tudo e Garota Dinamarquesa, e fomos atrás de zoologistas e exploradores para ver como eles interagiam com os animais", explicou o ator.

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Depois, a equipe descobriu que seria melhor trabalhar com algumas pessoas no lugar de animais "porque podíamos interagir com atores", enquanto outras cenas pediam por titereiros "para termos uma noção de como um animal se movia e depois fazer os mesmos movimentos novamente enquanto gravamos de verdade", contou Redmayne. "Quando gravamos com o erumpente perseguindo Jacob (Dan Fogler), começamos com a marionete, eles deixavam o set e eu fazia tudo de novo interagindo com o nada, imaginando tudo. Mas eu tinha a memória do que acontece para usar na cena".

Katherine Waterston deu uma excelente definição sobre como foi trabalhar com os animais inexistentes durante as filmagens: "você tem meio que se tornar uma dançarina, tem uma certa coreografia envolvida. É um exercício para a imaginação, tentar se manter na cena com um ser humano e aí ver algo e reagir com o nada".

Fogler, por sua vez, teve uma interessante experiência com as novas tecnologias de computação gráfica: "Tem uma cena na qual eu abro a maleta e todas essas criaturas saem dali. No dia em que gravamos isso, eu estava em um quarto que lembra um apartamento de Nova York, não há tela verde em volta - que é uma coisa que estou acostumado a ter quando fazemos coisas em efeitos especiais -, eles basicamente me disseram que a maleta abriria e todas essas criaturas sairiam... Pra eu olhar pra qualquer lugar que eles colocariam um animal gigantesco correndo por cima de você e atravessando a parede. Eu fiquei bem confuso - como assim, qualquer lugar que eu olhar? Foi muito louco imaginar que eu tinha tanto controle sob os efeitos especiais finais. É incrível imaginar todas essas criaturas."

Para encerrar, perguntamos a Redmayne se ele tinha alguma criatura preferida: "Eu tenho duas favoritas, acho. Um deles é o pelúcio, mas por termos uma relação de amor e ódio. Ele é completamente desobediente, mas bem ousado. Acho que Newt o adora e odeia em mesma quantidade, mas secretamente existe uma grande afeição. O outro é o tronquilho - um deles se chama Picket e ele tem problemas de relacionamento."

Animais Fantásticos e Onde Habitam, o primeiro de cinco filmes da nova franquia Harry Potter, tem direção de David Yates e chegará aos cinemas em 17 de novembro de 2016 - leia a crítica. As duas primeiras continuações têm estreias previstas para 2018 e 2020 e os outros ainda não têm data de lançamento. Além de assinar o roteiro, J.K. Rowling tem controle criativo sobre a adaptação.

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