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Colin Farrell abre mão da vaidade em O Sacrifício do Cervo Sagrado

Com quilos a mais e fios grisalhos na barba, o astro encarna a decadência da burguesia em longa premiado em Cannes

07.02.2018, às 14H02.

Por compromissos de trabalho, Colin Farrell teve que faltar à coletiva de imprensa de O Sacrifício do Cervo Sagrado no Festival de Cannes, em maio passado, evitando perguntas sobre as vaias que ampliaram a polêmica da segunda parceria entre o ator irlandês e o diretor grego Yorgos Lanthimos, unidos em O Lagosta (2015).

A24/Divulgação

A polêmica desta nova colaboração entre eles, com estreia no Brasil agendada para esta quinta (8), converteu-se no prêmio de melhor roteiro conquistado na seleção cannoise, dado pelo então presidente do júri, o cineasta espanhol Pedro Almodóvar. Acima do peso e da idade na tela, o galã aqui esbanja fios grisalhos nos cabelos e nas barbas, na pele de um médico renomado, ligado a uma trama sobre a atomização das famílias burguesas.

"Yorgos gosta de me engordar. Em O Lagosta, eu ostentava uma barriga enorme e nem era de chope. Dei uma segurada na bebida e até evitei a capirinha quando visitei o Brasil, há alguns anos, para promover O Vingador do Futuro", disse Farrell ao Omelete. "Mudanças de perfil físico radicais exigidas por um papel podem ser muito úteis a um ator, porque elas ajudam a criar distanciamento de nossas próprias convicções. Atuar é se reinventar".

Em O Sacrifício do Cervo Sagrado, o clã dos Murphy se desmancha moral e fisicamente com a aproximação de um adolescente, Martin (Barry Keoghan). O cirurgião Steven (Farrell) parece ter um envolvimento, com ecos de pedofilia, com o menino. A presença do garoto gera uma estranha paralisia nos filhos de Steven, para o desespero de sua mulher, Anna (Nicole Kidman).

"A obra de Yorgos está repleta de corpos trágicos, figuras perdidas na forma e no conteúdo de suas certezas, pois o foco dele está na vulnerabilidade humana", explicou Farrell.

Tudo na rotina dos Murphy parece ser pautado por aparências e por um desejo patológico, até que a incisiva presença de Martin e de sua mãe (Alicia Silverstone) conduzem Steven a atos de brutalidade.

"Cheguei num ponto da carreira em que sou movido pelo desejo de buscar trabalhos mais pessoais, complexos, em que você não consiga identificar quem sou com facilidade", diz Farrell, que está trabalhando com o diretor Tim Burton na versão em carne e osso de Dumbo. "A pior coisa que pode acontecer a um artista é a sensação de estagnação".

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