Festival de Cannes | Thriller erótico do diretor de OldBoy é o filme mais aplaudido do evento
Fiel à temática de vingança do realizador coreano, The Handmaiden elevou a temperatura da Croisette com cenas apimentadas de lesbianismo
O Festival de Cannes começa a conhecer seus favoritos. Veio da Coreia do Sul o filme mais aplaudido entre os concorrentes à Palma de Ouro já exibidos: The Handmaiden, novo longa-metragem de Park Chan-Wook, o mesmo do cult OldBoy (2004). Os aplausos foram tão acalorados quanto as cenas de sexo entre duas mulheres, cujo teor erótico e a sofisticação plástica (na fotografia) botam no chinelo as "pegações" entre as protagonistas de O Azul é a Cor Mais Quente, libelo LGBT exibido (e premiado) aqui em 2013. A paixão aqui em Chan-Wook é menos documental e mais adereçada, mas explode na tela com um realismo contagiante. Porém, o que mais motivou a acolhida foi o domínio pleno das engrenagens dramatúrgicas do suspense no roteiro - o mais inventivo até aqui.
The Handmaiden recria a Coreia dos anos 1930, sob jugo japonês, onde um espertalhão arma um golpe para se casar com a ricaça Hideko (a deslumbrante Kim Min-Hee) e tirar toda a fortuna dela. Para ajudá-lo, ele vai contar com a ajuda de Sookee (Kim Tae-Ri), pobretona que enxerga no plano uma forma de sair do fundo do poço. Sookee terá de se fazer passar por camareira para enganar Hideko. Mas vai surgir um clima romântico entre as duas, marcado por um desejo irrefreável. Daí pra frente, o filme engata num torvelinho de viradas.
Considerado uma das estrelas mais rentáveis de bilheteria na constelação de cineastas asiáticos na ativa hoje, Chan-Wook saiu de Cannes com o Grande Prêmio do Júri por OldBoy e com o Prix du Jury em 2009 por Sede de Sangue. A julgar pela expressão de prazer do diretor australiano George Miller, que preside o corpo de jurados deste ano, ele tem chances de papar mais uma láurea. Até a projeção de Tge Handmaiden, I, Daniel Blake, do inglês Ken Loach, era o concorrente mais badalado. Agora a maré mudou... e em prol da Coreia.