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Filme em episódios sobre lendas mexicanas garante os momentos mais hardcore do Fantasporto 2

Histórias sobre banquetes de carne humana e diabas sexuais integram México Bárbaro II

01.03.2018, às 23H54.

Depois de quase dez dias de uma programação repleta de fantasmas, psicopatas e zumbis, o Fantasporto 2018 acreditava ter desbravado todas as fronteiras conhecidas do horror, mas mudou de ideia já nos primeiros minutos de México Bárbaro II, exibido no fimzinho de quinta-feira no Cine-Teatro Rivoli, no Porto, num gelado Portugal com vento frio e chuva. Situações como jantares de carne humana (com direito a todas as gordurinhas de um padre pedófilo), orgias com garotas de programa vindas do quinto dos Infernos e pactos com um Diabo de unhas perfurantes garantiram a cota de terror gore (e de escracho) de que o evento carecia. Apelidado de “Cannes do Sobrenatural”, o festival lusitano, que termina no domingo, incluiu a produção mexicana (dividida em episódios organizados pelo cineasta Lex Ortega) numa projeção especial tipo midnight screening, começando a sessão às 23h50, com discurso de uma das diretoras, Michelle Garza, do hilário episódio Vitriol. O projeto de Ortega é uma continuação de um longa homônimo de 2014, que fez sucesso na Europa.

“A ideia de Lex é partirmos de lendas urbanas e rurais do folclore mexicano e exercitar nossa imaginação macabra de maneira livre, com um orçamento pequeno”, disse Michelle, cujo segmento traz uma jovem com uma estranha obsessão. “É bom este filme estar aqui no momento em que o México está bombando em Hollywood a partir da consagração de Guillermo Del Toro e seu A Forma da Água. É bom mostrarmos as diferentes faces de nosso cinema”.

Antes de México Bárbaro II, o Fantasporto prestigiou um (excepcional) exemplar do cinema local: Aparição, de Fernando Vendrell, centrado nas inquietações de um professor de Latim diante da reflexão filosófica da Morte. A sessão seguinte do festival, November, da Estônia, sofreu com a concorrência de um outro evento que mobiliza o Porto no fim de semana: uma montagem de Macbeth, de Shakespeare, no Teatro São João, sob a direção de Nuno Carinhas. A peça é um blockbuster por aqui.

Nesta sexta, o Fantasporto abre suas portas para o Brasil, começando por um pacotão TV Globo: Carcereiros + Vade Retro (representado aqui por Mauro Mendonça Filho) + Meio Expediente (telefilme brasiliense rodado por Santiago Dellape para a emissora). Em seguida, é a vez do longa-metragem A Comédia Divina, de Toni Venturi, com Zezé Motta no papel de Deus e Murilo Rosa na pele do Diabo. “O realismo é o lado mais fantástico desse demônio”, diz Venturi. “Quando vi a cena do Temeroso dando 50 reais ao capiroto Silvio Santos entendi como a minha comédia e Machado de Assis estão atuais. O filme é baseado no conto machadiano A Igreja do Diabo e ele é o maior autor realista brasileiro”.

Para encerrar a sexta, o festival exibe um thriller de ação com Bruce Willis surfando no carisma do astro junto às plateias lusas: Réplica Violenta (Acts of Violence). No sábado, Tony Ramos vem aqui para receber uma tributo pelo conjunto de sua carreira.

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