Love & Mercy | Da Frigideira

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Love & Mercy | Da Frigideira

Biografia de Brian Wilson reforça a imagem de gênio atormentado do líder dos Beach Boys

12.02.2015, às 15H44.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Quem sustentou quem, quem deu forças ao outro? É uma das perguntas que ficam de Love & Mercy, a cinebiografia de Brian Wilson, o gênio musical dos Beach Boys. O filme foi apresentado no Festival de Berlim 2015 e o próprio Beach Boy compareceu para a estreia com a esposa, Melinda. Não houve entrevista, apenas poses para as fotos. Durante todos os cinco minutos marcados para os fotógrafos, Wilson não largou a mão da mulher nem por um segundo sequer.

O que faz sentido depois de ver Love & Mercy, narrativa do diretor Bill Pohlad que pula entre os anos das pílulas coloridas nos 1960 (com Wilson jovem interpretado por Paul Dano) e a depressão profunda nos 1980 (John Cusack como Wilson). O filme começa com Wilson mais velho, recluso por conta dos maus tratos do terapeuta Eugene Landy (Paul Giamatti). Landy era então o guardião legal de Wilson, a quem tratava com remédios e terror psicológico. Um encontro improvável com uma vendedora de Cardilacs chamada Melinda Ledbetter (Elizabeth Banks) resulta em amor e só aí situação de Wilson começa a mudar, sugere a cinebiografia.

Love & Mercy, no entanto, não é um filme sobre o amor de Wilson e Melinda, mas fica claro que, sem esse detalhe, talvez o enredo terminasse de outra forma. As cenas nos anos 60 refazem o episódio definidor da carreira de Wilson e dos Beach Boys: quando o músico tem um ataque de pânico e pede para não participar de uma turnê para poder produzir o "melhor disco já feito". Durante a produção do que viria a se tornar Pet Sounds, de fato um dos álbuns mais importantes da história da música pop, o filme trata de sublinhar o famoso perfeccionismo do jovem Wilson, cuja criatividade só é tolhida pela relação opressora com seu pai.

O vaivém entre passado e presente às vezes se dá de forma abrupta, mas isso não chega a tirar a força da história. Afinal, é difícil não se encantar com o Wilson de Dano e seus rompantes de genialidade e não sentir uma profunda empatia pelo Wilson mais velho. Cusack é quem mais se destaca. Ele faz um retrato perfeito da ingenuidade e da sinceridade de um homem que quer um relacionamento normal mas sofre de um medo quase infantil de seu guardião dominador.

Na coletiva, Pohlad assegurou que Wilson está muito feliz com o resultado. Não é pra menos, o diretor conseguiu um belo filme sobre um homem único que, com sua curiosidade musical incansável, tirou os Beach Boys da fórmula fácil.

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