Uma sala 4DX tem cadeiras maiores que se movimentam em todas as direções. No braço da poltrona, além do espaço para o refrigerante (embora não seja recomendado consumir bebidas durante a sessão), há também um botão para ligar e desligar jatos de água. O teto é tomado por ventiladores e luzes. No encosto da cadeira, duas saliências indicam que algo passará perto do rosto. Na frente, mais cinco saídas completam a promessa de coisas jogadas na cara. Como proteção, apenas os óculos 3D. Nesse contexto, Terremoto: A Falha de San Andreas (San Andreas) é o filme perfeito.
Descaradamente um espetáculo para toda a família, o filme-catástrofe estrelado por Dwayne "The Rock" Johnson é potencializado por essa moldura de parque de diversões - que o Omelete teve a oportunidade de experimentar em uma sessão do filme em Los Angeles. A promessa de imersão se concretiza já na cena de abertura, quando a cadeira em movimento coloca o espectador dentro do carro que capota por um desfiladeiro. A figura de The Rock é revelada com pompa divina. Os óculos espelhados do oficial de resgate refletem a luz do sol quando ele vira o rosto na dianteira de um helicóptero. Logo se descobre que apenas ele poderá resolver o problema.
O herói absoluto vem acompanhado de todos os tipos clássicos do gênero, como o cientista incompreendido que explica didaticamente a trama sobre placas tectônicas e salva o mundo com seu conhecimento (Paul Giamatti), a mocinha destemida (Alexandra Daddario), a mãe que fará tudo por sua família (Carla Gugino) e o magnata covarde (Ioan Gruffudd). Os personagens são simplificados, mas seus intérpretes passam dignidade. Se não dá para levar a sério os dramas do longa, pelo menos é possível simpatizar com as pessoas que os vivem na tela.
A direção de Brad Peyton acerta na destruição em computação gráfica de Los Angeles, San Francisco e parte do Estado de Nevada por conta da ação na falha de San Andreas (a linha que marca o limite entre a Placa do Pacífico e a Placa Norte-americana). Prédios caem como castelos de cartas enquanto o helicóptero de The Rock desvia de pedaços de concreto - e a cadeira do 4D se mexe sem parar (o melhor momento é quando uma pane faz a aeronave girar e girar e girar). A superfície das cidades ondula, revelando o alcance dos movimentos sísmicos. Planos gerais surgem a todo momento para provar o tamanho da destruição. Aproveitando a escala grandiosa, as consequências da catástrofe são exploradas por terra, céu e ar - com vento, água e fumaça tomando conta do cinema.
Terremoto: A Falha de San Andreas é um exagero com consciência dos seus excessos. Pensado para o público conservador/patriota dos EUA, o filme não tem vergonha das suas intenções, o que o torna mais honesto do que as grandes produções que atiram para todos os lados, mascarando a própria agenda. O sentimentalismo está lá, mas vale ignorá-lo por uma experiência grandiloquente. Isso fica ainda mais claro no 4D, que permite passar pelas emoções de um evento catastrófico desse porte, mas não pelas consequências.
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O filme estreia em 29 de maio nos EUA e um dia antes no Brasil.