Marcelo Caetano (Julio Aracack/Reprodução/Instagram)

Créditos da imagem: Marcelo Caetano (Julio Aracack/Reprodução/Instagram)

Filmes

Entrevista

Marcelo Caetano: 2024 mostrou que cinema brasileiro “sobreviveu à tormenta”

Diretor de Baby comemorou que filmes nacionais voltaram ao topo do panorama latino

Omelete
2 min de leitura
04.01.2025, às 06H00.

Marcelo Caetano teve uma visão de camarote do ano de 2024 para o cinema brasileiro. Desde o primeiro semestre viajando para vários festivais com o seu Baby (foram mais de 40, de Cannes a Havana, passando por Rio e São Paulo), ele contou ao Omelete como foi ver a presença brasileira crescer com o passar do ano nesse tipo de evento.

Quando eu comecei a circular pelos festivais com o Baby, quem estava lá era sempre a gente, o Motel Destino, o Cidade; Campo, e os documentários, como o Apocalipse Tropical e o A Queda do Céu”, lembrou. “Aí aos poucos começaram a aparecer outros títulos, como o Manas e o Malu, que teve uma grande projeção no Festival do Rio. Agora já anunciamos alguns filmes nossos que estarão em Berlim!”.

Para ele, esse “sabor de retornoque a passagem do Brasil por Cannes já demonstrava, lá em maio, só se ampliou - e não foi só a gente que notou. “Quando eu cheguei no Festival de Havana, na semana passada, os cineastas argentinos vieram me dizer, meio brincando e meio sério: ‘Cara, vocês acabaram com a gente esse ano!”, lembra Caetano.

Achei isso muito bonito, porque nos últimos anos a gente via que os festivais estavam torcendo um pouco o nariz para o cinema brasileiro, e os grandes cinemas latinos eram o argentino, o mexicano, o colombiano, o chileno… a gente estava muito para trás nessa lista, não éramos vistos com tanto carinho”, continua. “Agora é diferente, as pessoas estão mais interessadas, estamos sendo convidados para todo canto, para lugares na Europa que estão fazendo panoramas só do cinema brasileiro”.

Diante dessa ressurgência, o diretor olha para os anos que se passaram - especialmente no governo Jair Bolsonaro, responsável por um desmonte do aparato público de cultura - e vê um cinema brasileiro que “sobreviveu”: Sobrevivemos a um momento terrível, e agora conseguimos construir narrativas que falam de assuntos delicados, como a ditadura, a ação dos evangélicos dentro do sistema político, as famílias alternativas… a gente passou pela tormenta. Estamos do outro lado”.

Em Baby, o personagem título (João Pedro Mariano) se envolve com a prostituição após ser liberado da Fundação Casa, tendo o experiente Ronaldo (Ricardo Teodoro) como seu mentor. O longa chega ao circuito comercial brasileiro em 9 de janeiro.

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