Aly Muritiba culpa Michael Mann - e os atrasos de filmagem do seu Ferrari - pela barba falsa usada por Gabriel Leone em Barba Ensopada de Sangue. Em coletiva acompanhada pelo Omelete após a estreia do filme no Festival de Gramado 2024, o diretor e o ator conversaram sobre os conflitos de agenda entre as duas produções.
“O lance da barba é culpa do Michael Mann. A nossa preparação foi toda online, porque o Gabriel foi fazer esse bendito Ferrari, e filme do Michael Mann pode ficar atrasando, né? Não tem problema, ele filma, refilma, atrasa três semanas… quando viu, já tinha ferrado quase toda a nossa produção”, comentou o cineasta brasileiro. “Quando ele chegou para fazer o teste de câmera, tivemos que fazer essa barba falsa, porque o personagem lindo dele lá no Ferrari não tinha barba nenhuma!”.
A responsabilidade de criar um visual convincente para o protagonista, portanto, ficou com a caracterizadora Andréa Tristão - e ela admitiu ao Omelete que a missão não foi fácil: “É o quarto filme que eu faço com Aly, e agradeço muito a confiança que ele coloca no meu trabalho. Quando ele me perguntou sobre isso, eu disse: ‘Ah, dá para fazer desde que a gente tenha tempo’. Não tive exatamente o tempo, no fim das contas, porque a gente sabe como é o cinema”.
Tristão explicou que a barba aplicada em Leone demandava uma hora na cadeira de maquiagem todos os dias, e que o primeiro teste da prótese foi em uma cena gravada a mar aberto, o que foi “desesperador”. “A gente tinha que fazer funcionar na cena, tinha que fazer as pessoas esquecerem que a barba era falsa. Fiquei apavorada, e inclusive nem sabia se queria vir até aqui assistir ao filme, decidi ontem que tinha que ver com meus próprios olhos e vim correndo. Enfim, foi uma aventura”, brincou a profisisonal.
Nas palavras do próprio Leone, acertar na caracterização era importante até por honrar o título do filme: “Barba Ensopada de Sangue, né? Foi uma pressão muito grande. Infelizmente, nem sempre a gente tem as condições ideais de preparação, de tempo… e, como o Aly falou, às vezes a gente emenda trabalhos, e para poder estar presente, tem que abrir mão de certas coisas, se sacrificar”.
O ator elogiou o trabalho da caracterizadora do filme, descrevendo o processo de aplicar a barba todos os dias como “de extrema paciência e estudo”, e emendou: “Desde a primeira vez que li [o roteiro], entendi que esse personagem era um imenso desafio. E esse tipo de desafio me interessa, eu gosto de surpreender a mim mesmo com os personagens que abraço, os resultados que alcanço. Desde o início, eu sabia que esse filme ia ser um sucesso nesse sentido. Ontem, assistindo, foi uma confirmação, porque fiquei muito feliz de ver o que nossa construção criou”.
Essa dedicação de Leone ao personagem, e ao projeto, foi o que o diretor Muritiba mais elogiou. “Ele tinha acabado de filmar com o Michael Mann, contracenando com Adam Driver e Penélope Cruz. Quando chegou no set do nosso filme, vimos que o processo da barba ia demorar, e daquele jeito as filmagens não iam acabar nunca. Daí o que o Gabriel diz? ‘Eu chego uma hora antes. Se a Andreia topar, eu chego às cinco’. Quando todo mundo terminava de tomar café, ele já estava com a barba na cara. Isso demonstra muito a entrega dele a esse ofício de contar histórias”, comentou o cineasta.
Inspirado no livro de Daniel Galera, Barba Ensopada de Sangue acompanha um professor que busca pistas do sumiço do seu avô, uma figura misteriosa que virou um tipo de mito na cidadezinha de Garopaba (Santa Catarina), onde ele mora. O longa ainda não tem data para estrear no circuito comercial.