Débora Falabella pode considerar a Argentina sua "segunda casa". Ali, a atriz conquistou seu primeiro papel fixo na TV, em Chiquititas (SBT), e retornou uma década depois para o sucesso Avenida Brasil (Globo). Desta vez, sua volta para o país vizinho lhe rendeu uma experiência perturbadora: o filme Bem-Vinda, Violeta, que chega aos cinemas nesta quinta-feira (4).
No longa-metragem, coproduzido entre Brasil e Argentina, Débora interpreta Ana, escritora brasileira que se refugia em um laboratório literário na Patagônia atrás de inspiração. A convivência com os colegas é profundamente abalada pelo método abusivo do professor Holden (Darío Grandinetti), que a instiga a agir como a personagem de seu livro, Violeta, a ponto de se descontrolar e tomar atitudes extremas.
Débora precisou reaprender espanhol para falar em outro idioma durante quase todo o filme. A preparação também envolveu se relacionar com atores desconhecidos, lidar com os protocolos da pandemia de Covid-19 e suportar o frio da região montanhosa de Ushuaia, desconfortos necessários para a atriz dar vida a Ana (e Violeta).
"Tenho uma história com a Argentina. Foi o único lugar onde morei sem ser o Brasil, quando fiz Chiquititas, mas isso tem 20 anos. Perdi muito, principalmente a questão da língua. Depois, por ter feito Avenida Brasil, acabei voltando e fiquei amiga de uma atriz argentina. Quando fui fazer o filme, falei: 'Pelo menos aqui tenho um pouco mais de familiaridade', mas foi um grande desafio. O primeiro: interpretar em outra língua que não é a sua. Ao mesmo tempo, todo o processo favoreceu com que a personagem fosse aparecendo, tanto na preparação quanto durante a própria filmagem. Como a Ana, cheguei ao ambiente de filmagem pouco tempo antes. Não conhecia a Patagônia nem os atores pessoalmente. Tudo isso favoreceu para aquele incômodo que a Ana sente quando chega. Claro, depois fui me sentindo à vontade. O lugar onde a gente está, a natureza, também afeta a interpretação, a maneira de ser, você começa a viver em outro tempo, um lugar onde quase não tem noite, paisagem muito diferente. Tudo isso me afetou", conta Débora ao Omelete.
Bem-Vinda, Violeta colecionou prêmios em festivais antes mesmo de estrear no cinema. Em 2022, foi eleito Melhor Filme no Festival de Austin, Darío Grandinetti se consagrou Melhor Ator no Festival do Rio e o diretor, Fernando Fraiha, conquistou o Spirit Award na categoria Longa-Metragem de Ficção na 25ª edição do Brooklyn Film Festival.
O trabalho também aproximou Fraiha e Débora, que já eram amigos desde 2017, quando ele dirigiu um episódio do Choque de Cultura para o Omelete e a atriz foi citada em uma piada. Meses após o término das filmagens, os dois iniciaram um romance e se casaram em novembro do ano passado.
"A gente acabou se encontrando depois, em uma festa a fantasia. A Leandra Leal nos apresentou e conversamos", relembra o diretor. "Já existia o projeto na Cordilheira nessa época, mas depois que vieram outras atrizes para o projeto acabou que no momento da filmagem ele falou: 'Vou fazer com a Débora mesmo'. A gente era muito amigo, isso também foi bom, porque ter uma parceria com alguém que você já conhece e confia é muito diferente. Mas isso foi se abrindo depois. Acabamos nos vendo, os dois solteiros e amigos, e a relação se transformou", conta a protagonista.
Bem-Vinda, Violeta já está em cartaz nos cinemas.