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Crítica

Billi Pig | Crítica

Homenagem às chanchadas tem como ponto alto as atuações individuais

01.03.2012, às 19H59.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H34

Durante três décadas, a chanchada foi o gênero de cinema que predominou no Brasil. Empregando elementos das comédias de erros, em que situações dão errado apenas para piorar, esse tipo de filme foi marcado pelos personagens caricatos e regionais (a gostosa, o malandro, o padre...) e foi a grande preferência popular até 1960, tornando famosas produtoras como Atlântida e Cinédia.

Billi Pig

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Em Billi Pig, José Eduardo Belmonte deixa de lado temas que o acompanharam em filmes como Se Nada Mais Der Certo e Meu Mundo em Perigo para apostar em um revival da chanchada com toques de comédia "screwball" (subgênero descendente do teatro farsesco que envolve humor físico, texto rápido, trocas de casais e reviravoltas constantes), com direito até a sequências musicais - obrigatórias na fase mais prolífica das chanchadas.

A comédia segue Wanderley (Selton Mello), um corretor de seguros falido que tenta ajudar a mulher, Marivalda (Grazi Massafera), a realizar o sonho de ser atriz enquanto ela recebe conselhos do seu porquinho de brinquedo. A chance de vencer na vida chega quando a filha de um poderoso chefe do narcotráfico (Otávio Müller) é atingida num tiroteio durante uma festa em São Cristóvão e o homem oferece uma grande soma em dinheiro a um padre milagreiro (Milton Gonçalves) - por acaso, vizinho de Wanderley - para salvá-la.

O resultado é instável. O roteiro, que Belmonte escreveu com Ronaldo D´Oxum, vai bem quando os protagonistas estão em foco, mas não encontra o humor perdido da Era de Ouro do cinema nacional quando busca histórias paralelas como a da funerária dirigida pela personagem de Preta Gil, que surge como mera alegoria, sem qualquer função na trama - ou graça. A má atuação do elenco de apoio também não ajuda na entrega do humor nonsense. O fato de Selton Mello estar vivendo um malandro de maneira um tanto cansada também prejudica o filme.

As piadas que funcionam estão relacionadas aos momentos em tela de Grazi, Gonçalves e Müller. A atriz está ótima como a garota do interior gostosa e meio burra, entregando-se ao papel e sem vergonha de seus monólogos com o porquinho (personagem cuja dublagem e execução técnica, a la comercial de margarina, incomodam em todas as aparições). Já os veteranos, especialmente o primeiro (as imitações de americano dele são ótimas), fazem rir com algumas das melhores gags do filme.

Ainda que conte com a excelência técnica do cineasta, Billi Pig decepciona também na direção de arte. O hotel "cinco estrelas", cenário fundamental em determinado momento do filme, é pessimamente executado, uma reconstrução sem recursos do que deveria lembrar, por exemplo, um Copacabana Palace. Com cara de estabelecimento de luxo de 30 anos atrás, o cenário não funciona para gerar o contraste que seria tão interessante de se ver entre Marivalda e a realidade da vida que sonhava para si.

Depois de dramas inspirados, mas que não encontraram público, é perfeitamente compreensível que Belmonte buscasse um gênero de mais apelo entre o público brasileiro e tentasse, no processo, homenagear um momento tão importante ao nosso cinema. Mas as boas intenções não salvam o porquinho Billi da fogueira.

Nota do Crítico
Regular
Billi Pig
Billi Pig
Billi Pig
Billi Pig

Ano: 2011

País: Brasil

Classificação: 12 anos

Duração: 111 min

Direção: José Eduardo Belmonte

Elenco: Selton Mello, Grazielli Soares Massafera, Milton Gonçalves, Zezeh Barbosa

Onde assistir:
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