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Cidades de Papel | Crítica

Um filme para jovens, ou para lembrar da juventude

08.07.2015, às 12H58.

Um garoto nerd se apaixona pela garota mais popular do colégio. Mais um filme clichê adolescente, certo? Errado. É inegável que John Green fala com (e sobre) os jovens atuais como ninguém. Com o sucesso de A Culpa é das Estrelas, filme mais visto no Brasil em 2014, a adaptação ao cinema de mais uma de suas obras era muito esperada. A escolhida, Cidades de Papel, mostra mais uma vez a competência do escritor em mostrar a força e os laços dos relacionamentos juvenis.

Quentin (Nat Wolff), um jovem introvertido, mora ao lado de sua musa Margo (Cara Delevingne). Apesar de terem sido próximos na infância, eles crescem, seguem caminhos diferentes e passam a viver cada um em seu universo. Um dia, a garota resolve colocar um plano de vingança em prática e convoca Q (apelido de quando eram crianças) para uma noite de aventuras em Orlando. Passar uma madrugada inteira com a misteriosa Margo, arriscando sua costumeira calmaria fazendo compras espalhafatosas, enrolando carros em papel filme, “depilando” sobrancelhas de valentões… Quentin mal podia esperar para aproveitar sua nova vida no dia seguinte. Eis que a garota misteriosa some, e vira o grande mistério da trama. Aqui, entram em ação Ben (Austin Abrams), Radar (Justice Smith), Lacey (Halston Sage) e Angela (Jaz Sinclair) e  se inicia o plano para encontrar Margo. Surge também a maior preciosidade do longa: a amizade e a jornada de autoconhecimento durante a busca pela garota desaparecida.

Para aproximar os personagens ao público, o longa é repleto de referências a elementos de Cultura Pop, de Game of Thrones a uma épica cena com Pokémon. Perfeito para deixar todos nostálgicos e os mais nerds vibrando no cinema. É interessante notar também a química entre o elenco. O casal talvez não seja tão forte quanto o do filme antecessor de Green, mas o grupo de amigos criado tem uma cumplicidade sem igual. Uma cena em que Quentin, Ben e Radar jogam videogame sentados no chão do quarto parece ter sido filmada nos bastidores, tamanha a liberdade e naturalidade entre eles. Não à toa. Nat Wolff contou na coletiva de imprensa brasileira que divide o apartamento com Justice Smith e todos do elenco possuem um grupo de WhatsApp para continuar se comunicando. Típico da adolescência.

As cenas entre os amigos são mesmo o destaque do filme. Os roteiristas Scott Neustadter e Michael H. Weber, de A Culpa é das Estrelas, são os responsáveis por esta livre adaptação, que, vale pontuar, não é completamente fiel a obra. E esse talvez seja o grande trunfo de Cidades de Papel, que ao alterar a história, inserindo cenas e dando um desfecho mais digno a Quentin, fez o próprio John Green declarar que “algumas coisas ficaram até melhores que no livro”. A dupla, que também escreveu o roteiro de (500) Dias com Ela, entende bem como traduzir o amor idealizado para as telas. Para reforçar o mito de Margo, porém, a personagem sempre tem uma frase de efeito na ponta da língua, o que por vezes, pode cansar o espectador. Por achar que mora em uma “cidade de papel, com pessoas de papel”, ela tende a querer ser muito profunda, dizendo coisas que não falamos naturalmente, muito menos na juventude.

Um road movie para jovens, Cidades de Papel cumpre o que promete para os leitores mais fervorosos, para quem se interessou pelos trailers ou para os namorados desavisados que acompanharão as namoradas ao cinema. É um longa despretensioso, que retrata este período de descobertas e os amores platônicos que todos temos (ou teremos) na vida. O filme fala diretamente com os mais novos, mas, para aqueles que já passaram desta fase, nos faz revisitar estes anos com saudade.

Nota do Crítico
Ótimo
Cidades de Papel (2015)
Paper Towns
Cidades de Papel (2015)
Paper Towns

Ano: 2014

País: EUA

Classificação: LIVRE

Direção: Jake Schreier

Elenco: Cara Delevingne, Nat Wolff, Halston Sage, Cara Buono

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