Cenas de Clube dos Vândalos e Os Bons Companheiros (Reprodução)

Créditos da imagem: Cenas de Clube dos Vândalos e Os Bons Companheiros (Reprodução)

Filmes

Entrevista

Clube dos Vândalos foi inspirado em Os Bons Companheiros, revela diretor

Jeff Nichols quis criar filme que “deixasse plot de lado pelos personagens”

Omelete
3 min de leitura
18.06.2024, às 06H00.

Você pode assistir a Os Bons Companheiros e dizer que ele é sobre os caras que fizeram o assalto do Lufthansa. E você não estaria errado, mas também não estaria descrevendo o filme muito bem”, brinca Jeff Nichols em entrevista Omelete. O cineasta está descrevendo seu novo filme, Clube dos Vândalos, e a abordagem diferente que tomou para construir o roteiro - uma abordagem inspirada no clássico de Martin Scorsese.

O grande desafio com este filme era que eu queria passar a primeira hora inteira sem realmente tocar em um plot, em uma trama prática”, comenta Nichols. “Nesse começo, ele é uma história alimentada por exploração de personagem, pela construção dos relacionamentos. Eu olhei muito para Os Bons Companheiros, que na verdade é o retrato de uma subcultura, com todos os detalhes mais intrincados dela. Era isso que eu queria fazer aqui, o melhor que eu pudesse.

Mas o cineasta concede que, na segunda hora de Clube dos Vândalos, as coisas mudam: Em algum ponto você precisa trazer o filme para um território mais real, e apresentar as consequências das decisões tomadas pelos personagens. O romance fica um pouco de lado, e a estética do filme toda se transforma.

Tempo foi o que não faltou para Nichols tentar acertar esse equilíbrio tonal - Clube dos Vândalos é o seu primeiro filme desde 2016, quando ele lançou tanto o sci-fi Destino Especial quanto o romance baseado em história real Loving: Uma História de Amor. “Eu fiz dois filmes em 2016, então talvez tenha compensado com essa pausa!”, brinca o cineasta quando perguntado sobre o tema.

Nunca é fácil fazer um filme, qualquer tipo de filme, de qualquer tamanho ou gênero. Em alguns momentos, parece que é uma alquimia, porque muitas estrelas precisam se alinhar para tudo dar certo”, comenta ainda. “Eu tive muita sorte até agora, porque as histórias que eu queria contar acabaram encontrando um financiamento e uma distribuição, mesmo que tenha demorado um pouco”.

Clube dos Vândalos certamente teve uma trajetória tortuosa até os cinemas - gravado em 2022, ele seria lançado pela 20th Century Studios (que, por sua vez, é da Disney), que desistiu do projeto quando ele já estava pronto, em meio às greves de atores e roteiristas que abalaram Hollywood no ano passado. Em poucos dias, a Focus Features resgatou o longa, dividindo a conta com a Universal Pictures para o lançamento internacional e marcando uma estreia ambiciosa para o meio da temporada de verão estadunidense.

Em tom de alívio, Nichols admite que “uma das ideias mais assustadoras possíveis é fazer um filme e ele nunca ver a luz do dia”. Sem citar nomes, ele diz que alguns amigos já passaram por isso - talvez se referindo a Adil El Arbi & Bilall Fallah (de Batgirl), ou a Dave Green (de Coyote vs. Acme): “Não posso ficar sentado pensando nisso, porque se for por esse caminho não vou desenvolver a história da melhor forma que eu puder. Meu foco é contar a minha história, e torcer para que elas achem seu caminho para o mundo lá fora”.

Clube dos Vândalos acompanha a criação e crescimento de um clube de motociclistas, baseado no meio-Oeste dos EUA, sob os olhos de Kathy (Jodie Comer), que se apaixona pelo misterioso Benny (Austin Butler), o maior encrenqueiro do grupo. O elenco ainda conta com Tom Hardy, Michael Shannon, Mike Faist, Boyd Holbrook e Norman Reedus.

O longa dirigido e escrito por Nichols chega aos cinemas brasileiros em 20 de junho.

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