Filmes

Crítica

12 Anos de Escravidão

Poderoso terceiro filme de Steve McQueen arranca lágrimas em Toronto

20.02.2014, às 18H11.
Atualizada em 05.09.2019, ÀS 23H29

A saída da sessão para a imprensa e indústria de 12 Anos de Escravidão (12 Years a Slave) no Festival de Toronto era como uma procissão de lamentos. Poucas pessoas conversavam e a maioria enxugava as lágrimas. Algumas seguiam chorando minutos após o fim do filme.

A cena acima já explicaria o suficiente o tamanho do impacto que o novo trabalho de Steve McQueen (HungerShame) tem no público. Baseado em uma história real, o filme acompanha um cavalheiro, nortista negro, livre e letrado, nos Estados Unidos de 1841, alguns anos antes da abolição oficial da escravatura. A trama segue o respeitado homem em seu cotidiano com a família, até que, enganado por uma oferta de trabalho, ele é aprisionado e levado ao sul escravagista, ilegalmente. Começam então os 12 anos de agruras do título.

O diretor reuniu um elenco fantástico, que inclui Benedict Cumberbatch, Paul Dano, Paul GiamattiBrad Pitt, mas é Chiwetel Ejiofor quem tem aqui o papel de uma vida. Ele vive Solomon Northup, o vitimizado autor da biografia que inspira o filme, com intensidade equilibrada. A maneira que ele encontrou para interpretar o homem que coloca de lado seu orgulho, de forma a seguir vivendo em direção à efêmera liberdade que lhe foi roubada, é comovente em todos os momentos - dos mais contidos aos de frágil explosão. Ele não é um herói, no entanto, tem um dentro de si.

Ainda que tenha participação pequena, a atriz estreante Lupita Nyong'o é igualmente responsável pelo sucesso do filme, já que sua personagem, Patsey, é a que mais sofre as agruras do fazendeiro destemperado vivido por Michael Fassbender (surtando, em sua terceira colaboração com McQueen).

McQueen, que é negro, filma com sensibilidade, evitando o choque como bandeira (este não é Django Livre), mas não se furta em mostrá-lo de frente quando necessário. Há uma poderosa cena com Lupita, Ejiofor e Fassbender, filmada em plano sequência, que justifica todo o cuidado em não banalizar a violência em 12 Years a Slave.

Ao final, o terceiro filme de McQueen não apenas é seu melhor até aqui, mas um dos melhores dramas já realizados sobre algo que, quase 200 anos depois, segue lamentavelmente tão atual.

Nota do Crítico
Excelente!
12 Anos de Escravidão
12 Years a Slave
12 Anos de Escravidão
12 Years a Slave

Ano: 2013

País: EUA, Inglaterra

Classificação: 14 anos

Duração: 133 min

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